Onze padarias são abertas todos os dias no Espírito Santo
Entre janeiro e agosto, 2.362 negócios de panificação surgiram no ES, impulsionados pela produção caseira e pelos pães artesanais
Onze novas padarias são abertas no Espírito Santo todos os dias. É o que apontam dados da Junta Comercial do Estado (Jucees). O número contempla tanto estabelecimentos comerciais abertos ao público quanto as pessoas que produzem o pão em casa, de maneira artesanal.
A panificação, como ramo de negócio, tem se fortalecido principalmente devido à busca pelos produtos artesanais, como os pães de fermentação natural e com ingredientes mais saudáveis, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Panificação do Estado (Sindipães), Ricardo Augusto.
“(A fermentação natural) agrega um produto com aroma diferente, sabor diferente, mais ácido, uma textura diferente e um produto mais natural, um pouco mais saudável. As pessoas procuram esses produtos pelo frescor”, afirma.
Segundo os dados da Junta Comercial, foram 2.362 empresas vinculadas ao ramo da panificação e confeitaria abertas entre janeiro e agosto deste ano. O presidente da instituição, Paulo Menegueli, afirma que a crescente opção pela fabricação de pães em casa tem influência no resultado positivo.
“Há muitas boleiras, muitas confeiteiras, que também fazem na sua casa, ou fazem para vender nos comércios, como os empreendedores individuais”, explica.
Menegueli confirma, porém, que o ramo das padarias com porta aberta também tem sido um bom negócio. “As padarias com delivery, por exemplo, se fortaleceu muito depois da pandemia. Então tem um aumento de padarias”, diz.
Atualmente, o Espírito Santo possui 8.023 padarias e confeitarias registradas, incluindo os empreendedores individuais. Considerando as microempresas, empresas de pequeno porte e estabelecimentos maiores, são 2.744 empreendimentos registrados.
“A gente tem uma receita sempre crescente. Em 2023, tivemos um faturamento nacional em torno de R$ 122 bilhões. Em 2024, foram R$ 153 bilhões. No Espírito Santo não é diferente”, afirma.
O investimento nesse ramo, quando consideradas as padarias de porta aberta, vai além da venda tradicional do pão, diz Menegueli.
“São verdadeiros centros gastronômicos, onde você faz o lanche da manhã, você almoça, faz o lanche da tarde, janta, tem várias opções. É um ponto de encontro, de amizade. Então, é um segmento que está em todos os bairros e é querido pela comunidade”.
Quatro novas lojas em cinco anos

Quatro novas lojas da Padaria e Confeitaria Monte Líbano foram abertas nos últimos cinco anos. Todas administradas pela gerente comercial Girlene Salgado (foto).
O empresário e sócio da marca, Flávio Mendes, afirma que o negócio para eles está aquecido. A última, inaugurada neste ano, fica na Rua Aleixo Netto, na Praia do Canto.
Mendes diz que a proposta de padaria tradicional é o que a difere dos produtos concorrentes, como os pães e bolos encontrados em mercados.
“Existe um nicho de pessoas que buscam saudabilidade, produto de boa qualidade, ramo em que a gente está. As padarias de bairro, que produzem seu pão, têm esse espaço, têm essa demanda”, explica o empresário.
Unidade em Valparaíso

A Café Arrumado também abriu uma nova unidade, em Valparaíso, na Serra. Com foco na linha de fermentação natural e parceria sólida com produtores capixabas, a empresa aposta na diversificação e proximidade, relata Karen Moreira, gerente comercial.
“Trouxemos produtores locais para mais perto, criando uma loja completamente autêntica. Há muito a ser explorado”, diz.
Apagão de mão de obra é o grande desafio para o setor
Embora o mercado esteja em crescimento, empresários do setor relatam dificuldades para contratar funcionários e dar seguimento aos projetos de expansão — principalmente quando se trata de padarias de porta aberta.
Há casos em que estabelecimentos como esse, em bairros e estruturas menores, acabam sendo vendidos por não conseguir funcionários para trabalhar, afirma o sócio-proprietário da Padaria e Confeitaria Monte Líbano, Flávio Mendes.
“Você tem uma demanda, mas não tem mais gente para trabalhar. É desesperador. Você tem um espaço para crescer, mas não consegue”, diz.
Mendes conta que precisou inclusive adotar novos formatos de atendimento para diminuir o impacto com a falta de mão de obra.
Na loja da Monte Líbano na Praia do Canto, em Vitória, já é adotado o modelo de “self-checkout”, ou seja, o autoatendimento.
“Antes eu tinha quatro pessoas trabalhando no caixa pela manhã e seis à tarde. Agora, eu tenho duas pela manhã e três à tarde. O que substituiu? O self-checkout. Não resolve a questão do serviço, da atenção ao cliente, mas em algumas atividades a gente faz”, diz.
O empresário destaca também o crescimento das indústrias de panificação que produzem pães congelados para supermercados. “O supermercado não faz pão. Ele compra congelado, fermenta, assa e vende”, destacou.
Saiba mais
Estado tem mais de 8 mil estabelecimentos
Pesquisa
Foram 2.362 padarias abertas no Espírito Santo entre janeiro e agosto de 2025, segundo dados da Junta Comercial do Estado (Jucees).
O levantamento contempla o comércio atacadista de pães, bolos, biscoitos e similares; a fabricação de produtos de padaria e confeitaria com predominância de produção própria; e a padaria e confeitaria com predominância de revenda.
São considerados nesse dado, porém, desde as padarias de porta aberta em bairro, até aqueles pequenos produtores que fazem o pão em casa para vender.
Uma nova pesquisa, especificando a quantidade de negócios por porte da atividade, ainda será realizada pela Jucees, conta o diretor-geral Paulo Menegueli.
Setor
Atualmente, são 8.023 padarias e confeitarias registradas no Estado como microempreendedores individuais. Já 2.744 padarias e confeitarias estão enquadradas como microempresas, empresas de pequeno porte e demais modalidades.
Nos cinco primeiros meses de 2025, o setor de panificação faturou R$ 5,96 bilhões a mais do que no mesmo período de 2024.
De janeiro a maio, foram R$ 69,7 bilhões faturados pelas indústrias do setor, segundo a Abip.
Produtos
Os pães artesanais, com fermentação natural; e os bolos e tortas preparados utilizando procedimentos caseiros, como o “bolo com receita da vovó”, são diferencial marcante das padarias de bairro, segundo os especialistas.
Serviços
A diversificação do modelo de negócio das padarias é algo que ocorre e funciona para atrair o público, conta Menegueli.
as padarias, diz ele, hoje não são só para vender pão, mas sim centros gastronômicos, servindo lanche, almoço, janta. “É um ponto de encontro, de amizade, então é um segmento que está em todos os bairros e é querido pela comunidade”.
Delivery
A entrega via aplicativos também vem se fortalecendo no setor, conta Menegueli, que também é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip).
Fontes: Jucees, Abip, fontes citadas
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