Mesada para filhos deve vir com orientação, diz especialista
Crianças já podem ter educação financeira a partir dos 3 anos de idade
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Quando é o momento adequado para começar a falar sobre dinheiro com os filhos? De acordo com educadores financeiros entrevistados pela reportagem, é a partir dos 3 anos.
A educadora financeira Herica Gomes explicou que com 3 anos a criança entende praticamente tudo, só não vai saber fazer conta.
“Os pais podem começar a falar sobre o assunto, contando histórias: 'Fulano tinha o sonho de comprar uma bicicleta, juntou o dinheiro que o vovô dava, que o papai dava e conseguiu'”.
Herica explicou que nessa idade não dá para falar de valores.
“Esses conceitos de juntou, economizou vão entrando na mente delas. Não dá para falar juntou R$ 1.000, mas dá para dizer que juntou o dinheiro que o vovô deu”.
Mas como educar de forma que a criança não se torne um adulto avarento ou mercenário? Diálogo, segundo ela, é o que há de melhor para educar uma criança.
“A família não deve dar dinheiro porque a criança lavou a louça ou fez atividades da casa. Se não arrumar a cama, vai ter uma punição. Ao morar na mesma casa, cada um tem suas responsabilidades”.
Herica explicou que os filhos querem dar os melhores presentes para os amigos e que os pais precisam explicar que na sala de aula há muitos amigos e que os pais não têm condições de dar o melhor presente para todos eles.
“Se ele é seu amigo, ele vai ficar feliz com o que você der, porque o importante não é o presente, é a presença e a demonstração de que você lembrou da pessoa”, frisou.
Além disso, também cabe aos pais dar exemplos de bondade e generosidade. Além de ensinar a diferença de preço, o que você paga por um produto e o valor, que vai muito além do preço.
“Minha filha mais velha tem 8 anos, ela faz pulseira e colar de miçanga para vender. Estou incentivando o empreendedorismo. E no aniversário das amiguinhas, ela escolheu uma pulseira bem bonita para presenteá-las com algo que ela mesma fez”, conta.
A professora do Centro Educacional Primeiro Mundo, Milena Benfiques Borges, afirmou que é importante ensinar a criança que para conseguir algum bem, é preciso dinheiro e para conseguir o dinheiro é necessário ter uma atividade profissional.
Mesada deve vir com orientação
Quem é mais rico: um profissional que ganha R$ 1 milhão por ano ou um que ganha R$ 2 milhões? A educadora financeira Herica Gomes explicou que “riqueza se constrói pelo patrimônio que você tem, não pela renda”.
Neste sentido, ensinar as crianças a poupar é muito importante. A professora do Centro Educacional Primeiro Mundo, Milena Benfiques Borges, destacou que há pais que dão mesada, e outros “semanada” para os filhos.
“Muitas famílias trabalham com cofres. Mas gosto de separar por envelopes, cada um com uma finalidade: o dinheiro que vai para o brinquedo, para o lazer, e o que vai para o futuro”, ensina.
A professora explicou que simplesmente entregar a mesada para os filhos não basta, é preciso orientá-los. “É fundamental fazer essa separação do dinheiro junto com os filhos para eles terem noção de proporção que deve ser destinada para cada coisa”.
A medida que as crianças vão crescendo e estudando, elas vão aprendendo a fazer contas. Por isso, aos sete anos, é uma boa idade para os pais começarem a tratar de educação financeira envolvendo também preços de produtos ou serviços e contas.
Análise
“É preciso incentivar a Matemática”
Expressões como: “Sempre odiei Matemática”; “Nunca usei isso na minha vida...” são absorvidas pelas crianças. Sua história não precisa ser a delas. Também não faça comparações injustas como: “Eu sempre fui o melhor da turma em Matemática...”.
Tente interpretar situações do dia a dia pela Matemática... desde fazer um bolo, em que você, propositalmente, tenha que adaptar uma receita (dobrar, por exemplo) até fazer um planejamento financeiro para que ele possa comprar aquele brinquedo no final do ano... A área das finanças é um prato cheio para desenvolver uma cultura matemática.
Incentive os jogos relacionados com a Matemática. O ideal é que sejam jogos físicos (tabuleiros, dados e cartas) e que os pais joguem junto. Isso não só cria memórias afetivas como também relaciona a Matemática a algo prazeroso.
Em geral, os pais ficam bravos com os professores quando as crianças não fazem as tarefas sozinhas, mas, aquele dever de casa que deixou a criança cheia de dúvidas pode ser mais importante para a formação dela do que aquele que ela faz sem dificuldade. Tudo depende de como a família administra a situação: valorizando o momento ou procurando culpados.
- Filipe Pinel Bermudes, professor mestre no ensino da Matemática.
Saiba mais
Idade para começar
- Quando os filhos atingirem 3 anos de idade, os pais já podem começar a ensinar educação financeira para eles. Contudo, como eles ainda não sabem fazer contas, isso deve ser feito de forma mais lúdica, sem falar em preços. Podem ser trabalhados conceitos como poupar, economizar, entre tantos outros.
- Aos 7 anos de idade, quando as crianças começam a aprender a fazer contas, na escola, é hora de ensinar abordando preços e situações que envolvam contas.
Investimento
- Ao ensinar os filhos a poupar dinheiro, os pais podem também abrir uma conta para eles e mostrar como fazer o dinheiro render. Assim, mostram na prática que há opções melhores que deixar o dinheiro guardado em casa.
Ensinar sobre bondade
- Além de ensinar sobre educação financeira para os filhos, os pais precisam tomar cuidado na hora de explicar os conceitos. Pois, além de desenvolver uma relação saudável com o dinheiro, eles também precisam aprender sobre bondade, generosidade, para não se tornarem mercenários. O equilíbrio é muito importante.
Gosto pela matemática
- A família deve incentivar, com tempo limitado e respeitando a indicação de idade, jogos que desenvolvem raciocínio e criatividade, como: Sim City, The Sims, Minecraft e Clash of Clans. Os jogos físicos como tabuleiros, dados e cartas são o ideal.
- Invista em livros! Para crianças de 6 a 10 anos, são exemplos: “O menino que tinha medo de errar”; “O menino detetive” e “A vizinha Antipática que sabia matemática (muito divertido...)”.
Fonte: especialistas citados na reportagem.
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