Mercado erótico cresce e Estado tem 600 sex shops
Desde a pandemia, as vendas do setor têm aumentado, sobretudo pela internet, mas as lojas físicas também se multiplicaram
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Poucos são os setores que conseguiram crescer durante a pandemia, mas um desses foi o mercado de produtos eróticos e sensuais. Prova disso é que hoje existem cerca de 600 sex shops espalhados pelo Estado.
A Grande Vitória é onde se concentra a maioria delas, com aproximadamente 160. Mas é na internet que o setor apresentou maior crescimento nos últimos dois anos, revelou uma das fundadoras do Portal Mercado Erótico e ex-presidente da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme), Paula Aguiar.
“Durante a pandemia muitas pessoas começaram a empreender pela internet. Em nível nacional, o crescimento foi de 8,8 % referente às grandes marcas do setor”.
Paula contou que um exemplo desse crescimento foi o aumento expressivo na venda de vibradores nos três primeiros meses de isolamento social, com mais de 1 milhão vendidos no período.
Em sua origem, as vendas de produtos eróticos eram feitas por consultoras que iam de porta em porta. Depois vieram as lojas de sex shop, muitas delas anexas a comércio de lingerie. Mas hoje o destaque são as plataformas de market place e as lojas em redes sociais.
“Foi muita gente na pandemia buscando renda extra. Pessoas dentro de casa que precisavam vender alguma coisa. Foi aí que o delivery do setor explodiu. Fomos um dos poucos setores que se saíram muito bem”.
A especialista contou que a pandemia foi responsável por ampliar o primeiro acesso de muitos homens aos produtos sensuais, visto que ainda hoje a maioria dos consumidores é do sexo feminino.
Assim, constatou-se uma mudança de comportamento de consumo. “Conseguimos quebrar uma barreira de preconceito grande. Hoje está mais naturalizado. Muitos homens escolhem produtos com as mulheres. Vão nas lojas, sentam à frente do computador”.
A especialista em educação sexual Julianna Santos destacou que esse movimento de abertura precisa ser acompanhado por maior responsabilidade, autocuidado e consensualidade.
“Estamos vivendo um momento único na história da humanidade em relação à sexualidade. Até mesmo pelo advento da pandemia, as pessoas têm sentido maior liberdade para expor suas orientações e expressões sexuais”.
Espaço físico e entregas
Surfando no crescimento das sex shops, as amigas Ingrith Maciel e Taniellen Miranda resolveram tirar do papel a ideia de abrir a própria loja.
Em setembro do ano passado elas criaram um site de vendas e de lá para cá o negócio bombou. Elas inauguraram um espaço físico e já mudaram de local duas vezes.
Atualmente com loja na Reta da Penha, elas fazem entregas por toda Grande Vitória via delivery e também despacham encomendas para outros estados devido ao e-commerce.
Saiba mais
Empreendedores no setor
- Triplicou o número de novos empreendedores no setor durante a pandemia de olho na renda extra e rápida proporcionada pelas vendas de produtos sensuais.
- 76% dos empresários registraram crescimento, vendendo cerca de 10% a mais que o mesmo período anterior.
Mudança de consumo
- Antes da Pandemia, a maioria dos consumidores de sex shops estava em um relacionamento estável, porém os lojistas perceberam um aumento da procura por solteiros.
- Tíquete médio das vendas não ultrapassava R$ 500.
Indicação de especialista
- Quase metade dos lojistas do setor de sex shop afirmam que seus clientes vinham por indicação médica (47%).
Consumo masculino
- Aumentou em 90% a procura de homens por bonecas infláveis durante os primeiros meses da pandemia.
- O mesmo crescimento foi observado em masturbadores (61%)desde o começo da quarentena.
- O Levantamento foi feito por uma rede varejista de sex shop de São Paulo em lojas físicas e e-commerce.
Educação sexual
- Desconhecimento: ao todo 91% dos lojistas entrevistados alegaram que têm pouca noção.
- Autoprazer: 81% dos entrevistados afirmaram que seus clientes sabem pouco sobre.
- Consensualidade sexual: 41% afirmam que seus clientes não têm noção de consensualidade sexual.
- Saúde: 52% revelaram que são as clientes mulheres as mais preocupadas com a saúde sexual.
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