Márcio França: “Precisamos de mais ferrovias e hidrovias”
Ministro afirmou que o transporte de carga por rodovia se esgotou no País, e que agora é o momento de investir em novas modalidades
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O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, relembrou os 100 primeiros dias de governo em entrevista exclusiva para a Rede Tribuna. Com dados sobre o Estado, ele celebrou a volta dos programas sociais que, no Espírito Santo, beneficiam mais de 306 mil famílias.
França citou o episódio de 8 de janeiro, quando o Congresso foi invadido, em Brasília. Sobre o fato, afirmou que vivemos um período de retomada da democracia.
O ministro citou que a retomada dos programas sociais fazia parte da primeira parte do pacote de ações, agora, a segunda fase é criar e desenvolver projetos próprios da nova gestão.
Dentre as medidas planejadas estão a expansão aérea do País, com a criação de mais aeroportos, ampliação da malha ferroviária, das rodovias e investimento nas hidrovias.
A TRIBUNA – Superada a marca de 100 dias de governo Lula, qual o balanço do Ministério dos Portos e Aeroportos nesse período?
MÁRCIO FRANÇA – Sobre a minha pasta, estamos criando mecanismos de hidrovias, para que tenhamos alternativa interna de navegação no Brasil, que tem poucas hidrovias e utiliza muito pouco esse sistema.
A gente esgotou o que tinha de rodovia, a carga está cada vez mais pesada, nosso material, que é minério, líquido, petróleo, pedras e grãos são muito pesados. O ideal, no caso do Brasil, é que ele vá de ferrovia ou hidrovia.
Da questão de portos, a única autoridade portuária do Brasil é Vitória, que virou um laboratório para todos nós olharmos, fiscalizarmos para ver qual vai ser a reação que a empresa privada vai ter quando ela também exerce a autoridade portuária.
A ideia do governo anterior era privatizar todos os portos do País, mas o governo Lula gostaria de manter as autoridades portuárias públicas.
Hoje, o que existe de investimento portuário previsto para o Espírito Santo?
O País teve uma mudança de legislação bem grande, antes, só portos públicos podiam operar. Hoje, você tem o Terminal de Uso Privado (TUP), que qualquer pessoa que tenha terreno pode abrir um porto.
Em Aracruz, por exemplo, existe um porto, que eu visitei, que é totalmente privado, de uma empresa privada, offshore, que está fazendo um porto de águas profundas. Ao final, ele pode ou não ter carga, mas é um risco para quem opera um porto privado.
Há alguma proposta para os aeroportos do Espírito Santo?
Vou visitar o Estado, acompanhado do governador Renato Casagrande para inaugurar o Aeroporto de Linhares. Um pedaço do valor que foi aplicado lá foi do governo Federal e outra parte, maior, do governo do Estado. A ideia é que o aeroporto tenha voos regulares e seja gerenciado pela Infraero.
E o aeroporto de Cachoeiro de Itapemirim?
Na mesma data em que estarei no Espírito Santo, vou conversar com o Casagrande porque há um plano com o governo de obras mais estruturantes, que envolve um aeroporto do Sul Estado, em Cachoeiro. Foi um pedido do governador que o Ministério priorizasse esse aeroporto e que fosse o próximo a ser adaptado ou construído no Estado.
Inauguração esta sexta-feira no Aeroporto de Linhares
O ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, participa hoje da inauguração do terminal de passageiros do novo Aeroporto de Linhares. A solenidade está prevista para as 10 horas.
A obra foi executada com recursos do governo Federal e também do Estado do Espírito Santo e custou aproximadamente R$ 3 milhões.
Márcio França cumpre uma extensa agenda no Estado e nos dias anteriores visitou o Aeroporto de Vitória, o Porto de Capuaba, a área portuária de uma empresa em Aracruz e sobrevoou as obras em Linhares.
O ministro de Portos e Aeroportos disse que veio ver o potencial logístico do Espírito Santo.
“O Aeroporto de Linhares, que está quase pronto, conta com uma pista grande e bem servida”, afirmou França.
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Potencial
O governador Renato Casagrande (PSB) recebeu o ministro Márcio França com muita expectativa.
“É com grande alegria que recebemos o ministro Márcio França no Estado. Todos sabem do potencial logístico do Espírito Santo e estamos investindo forte para que nosso tornemos uma porta de entrada e saída do Brasil para o mundo”, afirmou o governador.
O terminal do município de Linhares tem capacidade para 200 passageiros e pode receber até cinco voos comerciais por dia.
A pista de pousos e decolagens, que foi inaugurada no ano passado, já foi homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e a empresa Azul Linhas Aéreas manifestou interesse em operar na região.
Em nota, a companhia informou que aguarda a instalação de equipamento de auxílio à navegação.
Visita a Aracruz e Capuaba
A agenda oficial do ministro no Espírito Santo contou com visitas técnicas ao Cais de Capuaba, em Vila Velha, e no Porto da Imetame, em Aracruz, acompanhado do vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço (PSDB).
O vice-governador ressaltou a vocação histórica do Estado para o comércio exterior, tanto para importação quanto para exportação, sendo a estrutura portuária muito relevante para o desenvolvimento econômico.
“Vivemos um momento positivo, porque vemos ao Sul nascer o Porto Central, em Presidente Kennedy, que será uma importante âncora para o desenvolvimento do sul capixaba”.
Além disso, relembrou que na Grande Vitória opera a Vports – antiga Codesa – que, segundo ele, trata de uma nova experiência na realidade portuária brasileira. Posicionamento alinhado com o que já havia dito o ministro França.
O chefe da pasta de Portos e Aeroportos afirmou que o Estado é a única unidade da federação que privatizou por completo um porto que antes pertencia ao Estado.
“O Espírito Santo é um laboratório, observamos como a autoridade se comporta em uma avaliação de caráter nacional”, declarou.
Existem planos no Estado para ampliar a malha ferroviária. A exemplo disso, a Vports, em cojunto com a VLI, movimenta cerca de 25 milhões de toneladas anuais nos portos e ferrovias do Espírito Santo.
As cargas trafegam pela Ferrovia Centro-Atlântica, em Minas Gerais, e pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, onde a VLI opera por direito de passagem para acesso aos portos do Estado.
A operação portuária atual é concentrada nos terminais de Praia Mole, de Granéis Líquidos e de Produtos Diversos, instalados no Complexo Portuário de Tubarão.
Governo vai requalificar 99 terminais regionais
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, disse que a demanda doméstica das companhias aéreas já voltou ao patamar pré-pandemia e repetiu que o governo federal pretende equipar 99 aeroportos regionais do País para receber voos regulares nos próximos três anos.
“O presidente Lula fez uma encomenda para iniciarmos processo de regionalização de aeroportos. Pensamos em três etapas, com 33 aeroportos cada uma, totalizando 99 aeroportos que serão equipados para receberem voos cotidianamente”, afirmou França.
Segundo o ministro, a intenção é iniciar as reformas pelos aeroportos da região Norte, seguida pelo Centro-Oeste.
Apesar da demanda ter retornado ao nível anterior a 2020, o ministro destacou que apenas 10% dos brasileiros têm acesso a passagens, voltando a citar a intenção do governo em lançar um programa de bilhetes a R$ 200.
“Não adianta ter aeroportos se não tiver voos. Então essa requalificação é um incentivo para as empresas abrirem mais rotas regionais”, acrescentou.
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