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Economia

Maioria dos idosos já sofreu preconceito no trabalho

Pesquisa indica que 86% dos que têm mais de 61 anos relatam discriminação, e 89% pensam em como ser produtivos após os 60


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Idosos sofrem com preconceito no ambiente de trabalho |  Foto: Canva / Divulgação

Em um cenário que vem se desenhando nos últimos anos, a população está envelhecendo, e em ritmo acelerado. Mas, mesmo vivendo mais, quem está na faixa etária acima dos 60 anos ainda convive com o preconceito no mercado de trabalho.

Dados do estudo Oldiversity, realizado pelo Grupo Croma, indicam que 86% das pessoas com mais de 61 anos acreditam que as empresas discriminam quem tem mais idade.

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Em contrapartida, 89% do grupo pensam em como ser produtivos após os 60 anos e 68% deles dizem ser independentes. O CEO do Grupo Croma e idealizador do estudo Oldiversity, Edmar Bulla, afirmou que os dados trazem preocupação, já que a inversão da pirâmide etária no Brasil é fato.

“Teremos cada vez mais pessoas com mais idade em comparação com as mais jovens. O preocupante na população 61+ é que ela se vê em risco financeiro”.

Bulla enfatizou que é comum ter pessoas trabalhando ou aposentadas querendo empreender nessa faixa etária.

“É uma geração que desmistifica o que se pensa sobre ela em relação a não ter habilidade com tecnologias. Isso não é verdade. Ela está se capacitando para o trabalho remoto e é uma geração absolutamente produtiva”.

Para ele, não faz sentido esse tipo de preconceito. “Essas pessoas podem sim agregar pelo simples fato de terem experiência de vida e de carreira acumulada ao longo dos anos”.

A advogada e presidente da Comissão Estadual das Pessoas Idosas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Espírito Santo (OAB/ES), Juliana Pimentel Miranda dos Santos, ressaltou que o etarismo é a discriminação da pessoa idosa e, infelizmente, essa é uma realidade.

“Ao meu ver, precisa ser combatida. O mundo está envelhecendo e o número de pessoas idosas só aumenta, tendo em vista o avanço da medicina, vacinas, tratamentos médicos e a tecnologia avançada. Hoje, a maioria das pessoas com 60 anos, que é considerada idosa pela Lei, tem plena capacidade física e intelectual para trabalhar e estar no mercado de trabalho.”

Solução encontrada foi empreender

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Airton optou por empreender e abriu uma cafeteria |  Foto: A Tribuna

Sentindo na pele a dificuldade para uma recolocação no mercado de trabalho ao chegar próximo aos 60 anos, o farmacêutico Airton José Machado Ferreira, 61, encontrou no empreendedorismo uma solução para voltar à ativa.

“Perdi o emprego em 2018. Cheguei a cobrir férias depois, mas a pandemia tornou tudo mais difícil na indústria farmacêutica, onde trabalhava”.

Segundo Airton, após a pandemia, ele participou de vários processos seletivos. “Mesmo superqualificado, superindicado, nenhum foi a frente. As pessoas que ocuparam os cargos eram sempre mais jovens”.

Por isso, Airton resolveu empreender, montando uma cafeteria, especializada em cafés especiais, em Jardim Camburi, Vitória.

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Estudo

Em sua 3ª edição, o estudo Oldiversity, do grupo Croma, realizou mais de 2 mil entrevistas no País, com tema impactos da diversidade e longevidade para marcas e negócios.

Além de pessoas com 61 anos ou mais, foram realizadas entrevistas procuradas para comporem avaliações por raça, orientação sexual e pessoas com deficiência.

Pessoas 61+

89% pensam em como ser produtiva na velhice.

86% das pessoas afirmaram que as empresas têm preconceito em contratar pessoas com mais de 61 anos.

68% disseram que tem como viver a velhice sem depender de ninguém.

50% têm habilidade com aplicativos, internet e redes sociais.

40% dos entrevistados com mais de 61 anos disseram que estão habituados a comprar em lojas virtuais.

Fonte: Grupo Croma.


Dificuldade também após os 50 anos

Não são só os idosos que têm sofrido preconceito para se recolocar no mercado de trabalho. Uma pesquisa aponta que após os 50 anos as dificuldades já começam.

Segundo o levantamento da consultoria Robert Half, 48% das organizações contam com programas relacionados à diversidade geracional. No entanto, cerca de 70% contrataram muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos nos últimos dois anos – 5% das contratações no período.

O diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, Fernando Mantovani, ressaltou que é indiscutível como cada geração traz perspectivas e experiências únicas que se traduzem em ativos preciosos para o ambiente de trabalho. “Infelizmente, mais de 20% das organizações consideram não necessitar de estratégias específicas para atrair talentos nessa faixa etária, um equívoco que pode custar a perda de experiência valiosa”.

O coordenador geral do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos no Estado, Jânio Araújo, destacou que os dados preocupam, já que são pessoas de com mais de 50 anos altamente competentes, produtivas e que podem ser exemplo e motivação para os mais novos em empresas.

“Temos outro problema previdenciário com essa situação, porque hoje a regra da aposentadoria é 65 anos de idade para o homem e 62 para a mulher e, no mínimo, 15 de contribuição. E já estão falando em aumentar isso em uma nova reforma. Estamos criando um grande problema se ele não consegue se recolocar no mercado”.

Ele destacou a necessidade de incentivo da iniciativa privada e do poder público em oferecer formação para que essas pessoas tenham novas oportunidades.

Iniciativas no Estado para contratar mais experientes

Enquanto pesquisas apontam para uma resistência na contratação de pessoas com mais de 50 anos, algumas empresas têm seguido o caminho contrário, reforçando o quadro com os mais experientes.

O setor de panificação e confeitaria, por exemplo, tem se movimentado para atrair a mão de obra acima dos 50 anos.

O Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Espírito Santo (Sindipães) revelou que entre os dias 20 e 22 de junho, estará com um estande no Festival Gastronômico Panshow, em Vila Velha, para receber currículos e realizar entrevistas.

“Vamos aproveitar a movimentação para atender todos aqueles que querem uma oportunidade de emprego e ainda aproveitar para conhecer mais sobre o setor, tirar dúvidas e se inteirar sobre as diversas funções que podem ser exploradas por profissionais de todas as idades, inclusive aqueles com mais de 50 ou 60 anos que se sentem dispostos a trabalhar”, disse Ricardo Augusto Pinto, presidente do Sindipães.

Ricardo adiantou que já começou a reunir novas vagas disponíveis nas padarias de todo o estado.

Entre as vagas, ele destacou para gerente geral, fiscal de loja, ajudantes de padeiro, auxiliar de cozinha e confeitaria, salgadeiro, padeiro, repositor, balconista, gerente de loja, entre outros.

Justa causa

Uma juíza do Trabalho, de São Paulo, afastou a justa causa aplicada a um vigilante de 61 anos por faltas recorrentes em razão de quadro depressivo.

Na sentença, ela destaca que a penalidade aplicada pela empresa foi desproporcional e discriminatória devido à idade do trabalhador.

Segundo os autos, o trabalhador faltou ao trabalho sem justificativa por 10 dias, sendo, então, suspenso por cinco dias. No dia em que deveria retornar ao trabalho, em fevereiro de 2023, ele se ausentou apresentando atestado médico. Ele foi, então, demitido por justa causa.

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