Maior inflação para fevereiro em 22 anos
Mensalidade escolar; alimentos, como ovo; e conta de luz estão entre os vilões que levaram a desvalorização do real a 1,51% em um mês
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última quarta-feira (13) o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês de fevereiro.
Os dados do IBGE apontam que houve uma forte aceleração em relação ao período anterior e a inflação terminou fevereiro em 1,31%. Esse é o maior índice desde 2023. No Espírito Santo, o resultado foi pior, e os preços subiram 1,51%.
A alta da inflação foi puxada principalmente por dois setores. No de habitação, o fim do desconto das contas de luz dado pelo governo em janeiro fez os preços dispararem em todo o País, ficando em média 16,8% mais altos. Já no Espírito Santo, as contas de energia subiram cerca de 18%.
Já na educação, o reajuste anual das matrículas pesou no bolso dos brasileiros, e o setor teve aumento médio de 4,7% no País e de 5,5% no Estado. Segundo o economista e consultor do Tesouro Estadual Eduardo Araújo, o consumidor do Espírito Santo tem meios de reduzir o impacto desses aumentos.
Quanto à conta de luz, Eduardo defende que os consumidores devem buscar a eficiência energética em casa, além de prestarem atenção à bandeira tarifária vigente.
O aumento do preço das mensalidades escolares é uma conta possível de se prever.
“Para evitar surpresas, o ideal é planejar o orçamento antecipadamente e, quando possível, negociar condições melhores de pagamento com as instituições de ensino”, explica.
Ovo
Já a inflação dos alimentos teve uma desaceleração e subiu 0,7%, frente ao 0,96% do mês de janeiro. Porém, o ovo continua a trajetória ascendente e teve alta média de 15% no País e 22% no ES.
E a tendência de alta deve se manter, ainda segundo o economista. “A recente alta de 22% deve-se a fatores como o calor intenso, que reduz a produtividade, o aumento nos custos de insumos, como o milho utilizado na ração e o período da Quaresma”, diz.
Além disso, um surto de gripe aviária atinge em cheio os Estados Unidos, o que causou um aumento de 62% das exportações de ovos brasileiros para lá em comparação ao mesmo período do ano passado.
Preços ainda não vão parar de subir, prevê especialista
Para os próximos meses, é provável que a tendência de alta se mantenha, diz o economista e consultor do Tesouro Estadual Eduardo Araújo, ainda que seja complexa a previsão da trajetória dos preços. “Embora o fim do verão possa aliviar o estresse térmico nas aves, os preços dos ovos podem permanecer elevados até o término da Quaresma, quando a demanda costuma se estabilizar”, expõe.
Em relação ao futuro da inflação como um todo, Eduardo se mantém cauteloso no curto prazo, mas otimista mais à frente. Ele acredita que, apesar da tendência de alta por conta da demanda aquecida e incertezas quanto ao câmbio e preços administrados, o Banco Central tem o controle.
“A inflação pode continuar mais pressionada, mas o Banco Central tem mantido postura cautelosa na condução da política de juros, e isso pode ajudar a conter os avanços mais significativos no médio prazo”, concluiu.
Detalhes
Educação
A alta de 4,7% no setor ocorreu devido ao reajuste anual das matrículas no início do ano letivo, de acordo com o IBGE.
Conta de Luz
O grande responsável pela variação de -14,21% em janeiro para +16,8% em fevereiro foi o fim do desconto do Bônus de Itaipu.
Alimentação
Apesar do ovo e do café, a inflação dos alimentos desacelerou em relação a janeiro. Batata, arroz e leite ficaram mais baratos no Brasil.
Transportes
O aumento dos combustíveis puxou o aumento, com apenas o gás natural baixando de valor.
Os ônibus também ficaram mais caros em várias regiões metropolitanas. Na Grande Vitória, o reajuste de fez a inflação subir 1,91%.
Vilões da inflação no ES
Ovo de galinha: +22%
Energia elétrica: +18%
Mamão: +17%
Café: +14,7%
Combustíveis: +13,6%
Ensino fundamental: +8,82%
Creche: +8,26%
Ensino Médio: +8,17%
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