Luana Pretto: “Saneamento é essencial para desenvolvimento das cidades”
Acesso ao saneamento pode elevar escolaridade, renda e atrair investimentos, aponta especialista em evento na Serra
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Nesta quarta-feira (9), a sustentabilidade das empresas e os desafios dos negócios foram debatidos na 226ª edição do Café de Negócios (Caneg), na Serra. O evento foi promovido pela Associação dos Empresários da Serra (Ases) e teve como tema “ESG na Prática: O Impacto que Move Negócios e Abre Novos Mercados”.
Com ampla trajetória no setor de saneamento básico e reconhecida por sua atuação em iniciativas sustentáveis e sociais, na 226ª edição do Café de Negócios (Caneg), a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, abordou os desafios e a importância do tema sob diferentes perspectivas, incluindo seu papel fundamental no desenvolvimento das cidades.
A Tribuna - Qual é a importância do saneamento básico? Ele é essencial para o desenvolvimento das cidades?
Luana Pretto – Com certeza o saneamento é essencial para o desenvolvimento das cidades. Ele é muito transversal e traz um impacto gigantesco. Quando passamos a ter acesso ao saneamento básico, há uma redução significativa de doenças de veiculação hídrica, como dengue, esquistossomose, leptospirose e diarreia.
Um estudo do Instituto Trata Brasil aponta que, três anos após a universalização do saneamento, o número dessas doenças cai 61%.
Com menos doenças, as crianças têm um melhor desenvolvimento físico, intelectual e neurológico, especialmente na primeira infância (até 7 anos). Isso reflete diretamente na escolaridade: quem tem acesso ao saneamento estuda, em média, 1,8 anos a mais do que quem não tem.
Essa diferença impacta o desempenho educacional e a renda futura?
Exatamente. Essas crianças tendem a ter notas melhores no Enem e, futuramente, uma renda mais alta. No Brasil, quem tem acesso ao saneamento ganha, em média, R$ 3.220. Quem não tem, recebe cerca de R$ 2.084. Para os adultos, a falta de saneamento pode significar mais doenças, afastamento do trabalho e perda de renda. Além disso, ele gera emprego e renda.
Quais outras áreas são beneficiadas?
O turismo é uma delas. Quando tratamos o esgoto, rios e praias ficam menos poluídos, o que atrai mais visitantes. Também há valorização imobiliária: imóveis em áreas mais preservadas tendem a valer mais.
Como está o Espírito Santo nesse cenário?
O Espírito Santo tem 81% da população com acesso à água, 59,4% com coleta de esgoto, e 45% do esgoto tratado. A média de investimento anual no Estado por habitante é de R$ 224. Na Serra, esse valor é de R$ 209 — ambos acima da média nacional, que é de R$ 124.
Isso mostra que o Espírito Santo e a Serra estão no caminho certo rumo à universalização dos serviços, ao contrário de outras regiões do País que ainda investem muito pouco.
Ranking do saneamento 2024
O Instituto Trata Brasil (ITB), em parceria com GO Associados, publicou a 16ª edição do Ranking do Saneamento com o foco nos 100 municípios mais populosos do Brasil. A Serra está em 51º lugar.
Para produzir o ranqueamento, foram levados em consideração indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base de 2022, publicado pelo Ministério das Cidades.
Desde 2009, o Instituto Trata Brasil monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, com o objetivo de dar luz para um problema histórico vivido no País. A falta de acesso à água potável impacta quase 32 milhões de pessoas e cerca de 90 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde para a população que diariamente sofre, hospitalizada por doenças de veiculação hídrica.
Confira

Fonte: Instituto Trata Brasil (ITB)
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