Indústrias veem crise na siderurgia
Empresas do setor de metalmecânica preveem revisão em seus planos de investimentos e contratação de profissionais no Estado
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As indústrias do setor de metalmecânica no Espírito Santo preveem revisão de projetos e investimentos — ou seja, mudar valores, tamanho e outras características — caso o cenário de queda nas exportações das siderúrgicas e o mercado ameaçado pela importação de aço da China pelo Brasil permaneça.
É o que aponta o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico (Sindifer-ES), Luís Alberto Carvalho, citando também os efeitos da tarifa estabelecida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à economia brasileira.
A siderurgia é um dos principais clientes das indústrias do setor que, diz Carvalho, busca alternativas para enfrentar o cenário de possível redução nos investimentos.
Companhias como Gerdau e Usiminas indicam a possibilidade de cortar pessoal ou reduzir os aportes nas operações brasileiras em meio ao aumento das importações, especialmente da China, e à percepção de que as medidas para frear a importação de aço não são suficientes, segundo reportagem do jornal Valor Econômico.
No entanto, as empresas ainda aguardam uma evolução do comércio bilateral e da resposta do governo brasileiro, ou seja, o fim das tarifas e medidas protecionistas do governo federal.

O setor de caldeiraria, que fabrica estruturas e equipamentos metálicos, está enfrentando um momento de enfraquecimento na prestação de serviços, aponta o conselheiro do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), Fausto Frizzera.
“Nossas empresas estão fazendo mais serviços de correção e manutenção. Não há investimentos novos no Estado. Nossa esperança é sair o LTF (Laminador de Tiras a Frio, que é planejado pela ArcelorMittal Tubarão) e ter participação de empresas locais”, afirma.
Do faturamento do setor metalmecânico no Estado, 60% tem origem em contratações de empresas operantes em outros estados. Fausto apela para a necessidades das grandes indústrias locais voltarem o olhar para empresas capixabas.
“É muito importante que elas participem dos investimentos das grandes empresas locais em massa”, comenta o representante.
Consultor demonstra otimismo

Para o consultor empresarial Durval Vieira de Freitas, da DVF Consultoria, as metalúrgicas do Estado não devem enfrentar prejuízos no primeiro momento.
O especialista explica que investimentos de grandes indústrias no Espírito Santo e em outros estados estão puxando para cima a atividades do setor, com volume de serviços prestados.
É o caso do projeto da Arauco, em Inocência, no Mato Grosso do Sul, de R$ 26 bilhões; a pelotização da Samarco, em Minas Gerais e no Estado, de 13 bilhões; além de investimentos no Rio Grande do Sul, que demanda serviços capixabas.
“Estamos terminando ainda o investimento do Grupo Simec, de mais de R$ 600 milhões; e da Suzano, em Aracruz, na fábrica de papel Tissue”, detalha.
A médio prazo, porém, Freitas ressalta a necessidade de aguardar os desdobramentos do tarifaço promovido pelo governo dos Estados Unidos e, por consequência, a política comercial traçada entre Brasil e China no setor do aço.
“Preocupa a entrada do aço chinês no Brasil. Se não conseguem vender para os EUA, vão jogar o aço subsidiado no mercado mundial, o que afeta a indústria local”, salienta o consultor.
Associações dos EUA saem em defesa do Brasil
Depois de associações brasileiras manifestarem apoio na resposta ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) — em meio às investigações do país por supostas “práticas desleais” comerciais contra os EUA —, entidades americanas que dependem de produtos brasileiros também municiaram o escritório com informações sobre importações de tais bens produzidos no Brasil.
A Associação Nacional do Café, que representa mais de 200 importadores, exportadores, torrefadores e varejistas do país, pediu que o governo remova o café do tarifaço.
A organização diz que não há alternativas domésticas para substituir os grãos produzidos pelo Brasil, que respondem a cerca de 40% do café verde consumido nos EUA, e que as medidas colocam em risco quase 2,2 milhões de empregos.
“Os EUA não conseguem produzir café internamente, exceto pequenas quantidades no Havaí e em Porto Rico. Assim, mais de 99% do café consumido são importados, seja em grão verde, torrado, solúvel ou descafeinado”, citou.
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