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Economia

Fazendas do ES procuram 1.500 jovens para trabalhar

Esse é o número de profissionais da área que serão necessários até o fim deste ano no Estado. É possível atuar até em home office


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Imagem ilustrativa da imagem Fazendas do ES procuram 1.500 jovens para trabalhar
A gerente de qualidade da Veneza, Naiara Sarmenghi Moura |  Foto: Divulgação

Foi o tempo em que trabalho rural era coisa de caipira. A figura do matuto, que costumava ilustrar a atuação no campo, deixa de ser realidade, com a chegada da tecnologia nas fazendas, para  maior produtividade, segurança e qualidade. 

Há ainda a necessidade de transformar dados em informações estratégicas, quadro que leva o agronegócio capixaba a precisar do reforço de 1.500 profissionais, sobretudo jovens, para atuar com tecnologia, até o fim deste ano, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes).

Entre as profissões requisitadas estão Agronomia com especialização em agricultura de precisão,  marketing digital e biotecnologia, operador de drone, técnico em agronegócio digital, designer de máquinas agrícolas.

A evolução das colheitadeiras de café foi um dos exemplos do avanço tecnológico dado pelo presidente da Faes,  Júlio Rocha. “As primeiras  máquinas não tinham a tecnologia  dessas últimas e teve acidente, mutilação e morte. Mesmo as atuais  precisam de profissionais   treinados para operar”.

Cátia Aparecida Simon é produtora rural, professora,  mestra em produção vegetal e doutora em microbiologia agrícola. Ela observa que  a relação do produtor com os próprios produtos mudou. 

Aquele que antes trabalhava para vender o produto como commodity (matéria-prima), hoje já trabalha para ver o seu nome no produto final, agregando valor a esse produto, o que se tornou possível por meio da informação.

“Hoje a gente tem o produtor como empresário. A fazenda é uma empresa rural. Está faltando profissionais que tenham habilidades com novas tecnologias e está faltando mão de obra para o básico.”

O diretor-geral da Nater Coop, Marcelino Bellardt, explicou que o conhecimento em tecnologia e ciência de dados é extremamente importante para todas as áreas. 

“A gente busca essas habilidades em grande parte dos profissionais como agrônomo, técnico agrícola, veterinário, consultor de vendas, analista administrativo. Esse profissional precisa saber trabalhar com sensores, sistemas de monitoramento, internet das coisas.”

Bellardt lembrou que há muitas vagas para trabalhar em home office, sem precisar sair da cidade.

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Cátia disse que produtores têm buscado agregar valor à sua produção |  Foto: Divulgação

AVALIAÇÃO

"Produtores estão fazendo monitoramento da colheita e de animais com chip. Saca de café roubada em Castelo foi encontrada em Itabapoana porque estava com chip”. Julio Rocha, presidente da Faes

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Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura, e Júnior Abreu, secretário de Estado de Esportes e Lazer |  Foto: Divulgação

Identificação de doenças em animais

A gerente de qualidade da Veneza, Naiara Sarmenghi Moura, recebe ajuda da tecnologia para identificar  doenças nos animais. 

“Quando o produtor suspeita que o animal está doente, ele faz contato pelo WhatsApp. Nós enviamos o material para coleta da amostra do leite e um vídeo orientando como fazer.” 

Com a amostra, é feita a análise em laboratório. Após o período de incubação do agente causador da doença, um aplicativo o identifica, indica o tratamento adequado e informa ao produtor.  “Quando o animal faz uso de antibiótico, o produtor não pode mandar o leite para o laticínio”. 

O produtor Marcelo Soares Altoé destacou que a ferramente traz economia e reduz o uso de antibióticos.

Produção aumenta mesmo com área reduzida no Estado

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O secretário Enio Bergoli disse que o agronegócio do Estado está no rumo da chamada agropecuária 4.0 |  Foto: Divulgação

O campo está passando por um processo de revolução tecnológica. Trabalhos manuais passam a ser feitos por máquinas e o produtor já se volta para agregar valor ao seu produto.

Ele está mais atento para utilizar as informações extraídas de dados da propriedade para melhorar  gestão, produtividade e estar preparado para se antecipar aos desafios que ainda estão por vir.    

Há poucos anos, na época da colheita do café, muito profissionais eram procurados para fazer esse trabalho. Hoje, as colheitadeiras de café estão assumindo esse papel. Reduzem a necessidade de mão de obra e exigem que seu operador seja mais qualificado.  

A pulverização agora é feita por drones e os tratores já não são  os mesmos, têm cabine com internet e GPS. Enquanto trabalha, o produtor tem a tranquilidade de saber que os  animais e a produção são monitorados por câmeras ou por chips, por exemplo.

Cátia Aparecida Simon é produtora rural, professora e doutora em microbiologia agrícola e lembrou que   o campo passa por um processo de sucessão familiar, em que as novas gerações vêm trazendo novas tecnologias e novos conhecimentos. “Antes, os jovens saiam do campo para a cidade para estudar e não voltavam mais. Hoje, eles voltam com novos conhecimentos”, observou.

O secretário estadual da Agricultura, Enio Bergoli, afirmou que o Estado está em direção à agropecuária 4.0. Ele explicou que são poucas propriedades 100% com agricultura de precisão, mas que ela está presente em diversas fazendas.

“Essa agricultura de precisão é fundamental para trazer benefícios para o nosso processo produtivo. Ela diminui custos, melhora a efetividade dos controles de pragas e doenças, permite tomadas de decisões mais rápidas. Aumenta a produtividade e eficiência do uso do solo, e ainda garante uma sustentabilidade e longevidade.”

O secretário afirmou que é utilizado um conjunto de tecnologias digitais integradas através de softwares que otimizam a produção agrícola em suas etapas. O processo de modernização ocorre da colheita até a gestão, conforme o presidente do Sindicato dos Corretores de Café do Estado, Marcus Magalhães. 

“Hoje, quando você fala de agro, fala da lavoura à mesa. Para ganhar produtividade tem agregar tecnologia, informação on-line, gestão. É um investimento enorme de tecnologia no campo”, disse. 

Concorrência aumenta busca por tecnologias

Para conquistar mais espaço no mundo e no País, as atividades econômicas do Estado devem se tornar cada vez mais produtivas e competitivas.

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Magalhães: visão da gestão |  Foto: Divulgação

A presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cris Samorini, destacou diversas  aplicações da tecnologia que contribuem para a tomada de decisão, na eficiência operacional e na sustentabilidade dos negócios voltados para a indústria e para o agronegócio. 

“Dentre as soluções que vêm revolucionando a indústria capixaba, incluindo as agroindústrias, estão inteligência artificial, big data e internet das coisas.”

E ela deu exemplos de iniciativas da Findes que colaboram para isso, como o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex). 

Gestão 

O gestor de fazendas do presente e do futuro que vai se destacar no campo é aquele que tem bom conhecimento de relações internacionais, visão global do mercado e que consegue se antecipar aos problemas. 

Essa é a avaliação do presidente do Sindicato dos Corretores de Café do Estado, Marcus Magalhães, que também é empresário e  consultor agro. “Eles precisam  buscar conhecimento para acessar mercados melhores para vender os seus produtos”.  

Ele destaca que além da visão da operação, precisa entender de gestão e estar muito bem informado. “Tem que entender esse conceito de mercado global, mercado interligado”. Em termos de formação,  aponta especialização em relações internacionais e tecnologia da informação como promissoras. 

Oportunidades

Entre as oportunidades para trabalhar no campo, com tecnologia, estão: 

1 Agrônomo especialista em agricultura de precisão

- Trabalha com mapeamento digital de área para diagnosticar doenças, avaliar nutrição da planta, por exemplo.

2 Agrônomo especialista em marketing digital

- Uma das dificuldades da área de marketing do agronegócio  é encontrar profissionais que realmente conheçam os produtos.

- Essa situação pode levar a vários erros, por exemplo, ao fazer uma postagem sobre café conilon, o profissional usa a imagem da planta do café arábica por não saber diferenciar uma da outra. Para evitar esse tipo de situação, procura-se agrônomo especialista em marketing. 

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Procura por operadores das aeronaves cresce nas fazendas do Estado para trabalhar com monitoramento das lavouras e pulverização |  Foto: Divulgação

3 Agrônomo especialista em biotecnologia

- O profissional desenvolve mecanismos para melhorar o desenvolvimento da planta.

4 Operador de drone

- As fazendas têm utilizado cada vez mais o drone para pulverização de insumos agrícolas, com alta precisão, garantindo menos desperdício, maior objetividade e economia.

5 Técnico em agronegócio digital

- Auxilia o produtor rural na escolha e implantação de técnicas  para melhorar produtividade, qualidade e sustentabilidade.

6 Designer de máquinas agrícolas

- Com o desenvolvimento de novas máquinas para atender as necessidades do agronegócio, esse profissional se torna cada vez mais necessário. 

7 Cientista de dados agrícolas

- Esse profissional extrai informações  a partir de dados armazenados e consegue oferecer ao produtor informações diferenciadas para tomadas de decisões estratégicas.

8 Engenheiro de automação agrícola

- Ele planeja, projeta, faz a gestão e executa projetos de automação agrícola.

SAIBA MAIS

Agronegócio

- O Espírito Santo tem 130 mil propriedades rurais. Deste total, grande percentual já utiliza tecnologia 4.0 na propriedade. Para outras, um grande desafio ainda é a conexão com a internet. 

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Plantação de café, uma das forças do agronegócio no Espírito Santo |  Foto: Divulgação

Extensão x produção

- O Espírito santo, apesar da pequena extensão territorial  (46.074,448 km segundo o IBGE), produz  diversos produtos e exporta para mais de 100 países e isso se torna possível devido ao uso da  tecnologia.

Liderança no País  

- O estado é o Segundo maior produtor de cafés do Brasil.

- Maior produtor de café conilon  e terceiro maior produtor de  arábica do País. 

- Maior produtor e exportador de pimenta do reino e gengibre. 

- Segundo maior produtor e maior exportador de mamão. 

- Terceiro maior produtor de ovo do do País. Sendo  Santa Maria de Jetibá  o município que mais  produz   ovos no Brasil. Entre 12 e 14 milhões de ovos, todos os dias.

Fazendas

- Nas fazendas, a facilidade de acesso ao conhecimento, por meio da internet, permite ao produtor agregar valor ao seu produto. Buscar sair da venda de commodities para vender produtos mais elaborados.

Agroindústria 

- A Federação das Indústrias (Findes) destacou algumas das suas ações que contribuem para que a agroindústria capixaba seja mais competitiva no mercado nacional e internacional. 

- Entre elas estão: Rota Estratégica Agroalimentar: planejamento estratégico específico para o agronegócio capixaba até 2035.

- Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) ciclo 2023-2025: com oferta de 150 vagas para negócios do Espírito Santo que queiram receber mentoria e um plano de exportação exclusivo para entrar no mercado internacional. Desse total, 25 serão exclusivamente para empresas do setor de café. 

Conhecimento

- A realização de cursos a distância, traz conhecimento sem precisar sair do local. Além disso, a internet também contribui para que profissionais que moram na cidade ofereçam prestação de serviço remoto para o campo.

Gestão

- Com a evolução tecnológica no campo, o gestor das fazendas precisa estar cada vez mais preparado para entender o mercado, avaliar dados e usar as informações obtidas de forma cada vez mais estratégica, de acordo com o que está acontecendo no cenário local, nacional e internacional.

- Treinar a visão do todo e estar sempre antenado com as novas tecnologias são conhecimentos importantes para se destacar.

Fonte: Federação da Agricultura do Estado, Seag, especialistas citados na reportagem.

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