Estudada volta do horário de verão
O governo federal informou que avalia retomar a medida para economizar energia, e alguns empresários defenderam mudança
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O governo federal avalia a possibilidade de retorno do horário de verão, encerrado em 2019. O Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que tem conduzido análises sobre a pertinência ou não da adoção da medida a partir deste ano.
“Com o relevante crescimento da micro e minigeração distribuída, percebeu-se um retorno do período de ponta para a noite, que tenderia a se reduzir com a adoção da política”, disse o MME em nota.
Mas outros efeitos precisam ser considerados, segundo a pasta, como o aumento de consumo em determinados horários do dia e as condições energéticas do Sistema Interligado Nacional.
Após a eleição do ano passado, o presidente Lula (PT) fez uma enquete pelas redes sociais sobre a volta do horário de verão, e a maioria das pessoas que participou era a favor da retomada da ação.
Alguns empresários celebraram a possível volta da medida. Com os dias mais longos, eles dizem que há a expectativa de aumentar as vendas, além de outros benefícios.
Para o presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Espírito Santo (Sindbares), Rodrigo Vervloet, a torcida é grande para a retomada do horário de verão.
“É uma importante mudança, algo que pleiteamos nos últimos anos e que torcemos para que aconteça”, afirmou.
Segundo ele, a medida contribui para o aumento das vendas porque, culturalmente, os capixabas gostam de sair do trabalho e se reunir com os amigos.
Quem endossa esse coro é Dorval Uliana, especialista no mercado de venda e consumo, que indica que haverá uma hora a mais para a venda de produtos e serviços.
“É um horário que permite a extensão do tempo de lazer das famílias, com iluminação, o que faz ser também mais seguro, fora que evita o tempo ocioso dentro de casa na televisão ou celular”, afirmou.
Segundo a pasta, é preciso analisar o aumento de consumo em determinados horários do dia e as condições energéticas do Sistema Interligado Nacional.
O que é
A mudança de horário ocorria entre os meses de outubro e fevereiro, quando os relógios eram adiantados em uma hora pelo horário de Brasília.
Em 2019, o governo Bolsonaro suspendeu a medida com o argumento de que o setor elétrico não tinha mais resultados com a mudança devido ao novo padrão de consumo de energia e os avanços tecnológicos.
Mudança desagrada outros empresários
Enquanto para alguns a retoma do horário de verão será positiva para o mercado, outros afirmam que há mais problemas do que vantagens.
Carlos Sena, membro do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), acredita que o horário de verão não é de nenhum modo vantajoso.
“As pessoas dormem pior, perdem produtividade e se concentram menos no horário de verão, não há vantagens”, afirmou.
Para os membros da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri e José Carlos Bergamin, a conclusão é a mesma: o horário de verão não beneficia o comércio.
“A população do País já se adaptou a esse modelo que por décadas não tínhamos esse negócio de horário de verão. Entendo que a volta não trará nenhum benefício para a população brasileira”, garantiu Sepulcri, que ocupa o cargo de presidente honorário da Fecomércio.
Para ele, o País passa por momentos delicados e deveria dar atenção a outros temas. “Existem outras prioridades a serem tomadas neste momento” opinou.
O vice-presidente da Federação mantém o entendimento. “Não há influência tendo ou não tendo. Se o horário de verão não ajuda o comércio, logo não deveria existir”, afirmou.
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