ES anuncia 1 bilhão de reais para empréstimos a empresas
Valor será liberado pelo Bandes para negócios de todos os portes, em ampliação e modernização
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Empresas de pequeno, médio e grande portes terão R$ 1 bilhão para investir em ampliação, inovação e compra de equipamentos com financiamento do governo estadual.
O dinheiro faz parte dos recursos anunciados na quarta-feira (24) pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) para 2024.
O crédito atende a setores como o de serviços, agropecuária, indústria, comércio e turismo. Dentro do pacote, estão sendo sondados R$ 134 milhões em projetos na área de descarbonização.
Usinas fotovoltaicas e de biomassa em Linhares, de biometano em Cariacica e Vila Velha são citadas pelo banco como projetos previstos para estimular a geração de energia por fontes renováveis.
O banco estadual ainda prevê crédito de R$ 100 milhões para energia solar em Presidente Kennedy, com recursos provenientes dos royalties de petróleo. O município pretende se tornar referência em energia renovável no Brasil.
No ano passado, foram aprovados R$ 108 milhões para 22 projetos na região Sul, valor cerca de 285% maior do que o destinado para o Norte do Estado. A perspectiva é que o Sul capixaba seja ainda mais valorizado nas linhas de crédito do banco.
O vice-governador e secretário de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço, explica que por não fazer parte das regiões abrangidas pela Sudene e pelo Banco do Nordeste, o Sul acabou ficando atrasado, o que deve mudar com o foco do banco na região.
“Pela primeira vez estamos com investimentos equiparados entre as regiões, permitindo que elas se desenvolvam de igual modo”, afirma Ferraço.
O setor industrial é o que mais se destaca no financiamento em 2023 para empresas do Sul do Estado, representando 55% do dinheiro investido. Desse total, 35% foi para o setor de rochas ornamentais.
Com a sustentabilidade como foco, o banco ainda prevê R$ 50 milhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o “Banco dos Brics”, para projetos como renovação de frota e mudança da matriz energética.
O dinheiro poderá ser captado pelo setor privado e também pelas prefeituras, explica o presidente do Bandes, Marcelo Saintive. “A taxa será bem competitiva”, disse.
Saiba mais
Como conseguir o dinheiro
Após mudanças no procedimento, o Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes) passou a concentrar a inscrição de projetos totalmente pela internet.
O interessado em qualquer linha de crédito deverá acessar o site, onde terá cada segmento que pode ser atendido e explicações sobre o envio de propostas e a documentação.
Caso haja dúvidas, o Bandes disponibiliza o canal [email protected] e o telefone 0800 283 4202.
O processo
Após o atendimento, o Bandes retorna com orientações sobre a documentação necessária para a solicitação de crédito e as linhas de financiamento ideais para o projeto a ser financiado.
Após essa fase, o empresário entra na fase de envio de documentos, que ocorre via site. Após está etapa, o banco irá analisar a documentação.
Não havendo divergências, o cliente e a instituição de fomento iniciam o período de contratação e liberação, com a elaboração do contrato que será assinado pelas partes e a liberação dos recursos.
Dados
Segundo o banco, as linhas de crédito vão de financiamento de projetos de R$ 50 mil até R$ 50 milhões.
O banco elevou o tíquete médio —ou seja, a média de valor disponível a uma única empresa — em 2023, indo para R$ 1 milhão.
Isso é um dos motivos para o crescimento de 123% na concessão de crédito registrada em 2023, uma ampliação dos financiamentos para investimentos.
O Patrimônio Líquido do banco também cresceu, indo para R$ 435 milhões, o que permite mais crédito e a captação de recursos com outros bancos internacionais.
Fonte: Bandes
Hotéis, bares e casas de shows
Casas de shows, hotéis, restaurantes, bares e cervejarias também serão estimulados com recursos operados pelo Banco do Desenvolvimento do Estado (Bandes).
Serão R$ 20 milhões em crédito disponível para ampliação e modernização das empresas em 2024, crescimento de 81% quando comparado ao ano anterior.
O recurso faz parte do dinheiro disponibilizado pelo Fundo Geral do Turismo (Fungetur), do governo federal, aos estados. Na prática, o Bandes irá gerir o dinheiro, analisando os projetos e definindo as taxas a serem praticadas.
Em 2023, foram R$ 11 milhões destinados a 21 empresas em 12 cidades capixabas. Segundo o banco, esse foi o maior valor já captado pela instituição para a finalidade, tendo triplicado em relação a 2022.
A inovação é outro setor que se destaca, tendo o Estado sido o quarto maior em destinação de recursos para financiamento no Brasil e o segundo na região Sudeste, com R$ 72 milhões contratados em 2023, pelas linhas da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Para este ano, serão R$ 200 milhões disponíveis para as empresas que querem realizar pesquisas focadas na inovação no Espírito Santo apenas pelo Finep.
Outra linha de crédito, o “Fortec”, criada recentemente pelo governo do Estado, irá destinar R$ 100 milhões para projetos “disruptivos”, ou seja, futurísticos.
Um dos empreendimentos citados é o de usinas de biometano em Cariacica e Vila Velha e condomínios leiteiros, potencializando a capacidade de produção da agropecuária do Estado. “Estamos ávidos por esses projetos”, afirma o vice-governador Ricardo Ferraço.
Bandes tem em 2023 o maior lucro de sua história
A ampliação do crédito em 2024 vem baseada no desempenho recorde no ano passado, quando o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) registrou o maior lucro da história, com R$ 76 milhões a mais no caixa do banco.
Com a expansão da carteira de crédito, o banco elevou o tíquete médio — ou seja, a média de crédito concedido às empresas — para R$ 1 milhão.
Na prática, mais recursos estão sendo captados pelas empresas do Estado em financiamento, possibilitando projetos mais robustos de ampliação da produção e modernização.
O Bandes vem de uma curva negativa de crédito disponibilizado às empresas desde 2015, destaca o presidente do banco, Marcelo Saintive. Em 2017, foram R$ 1,1 bilhão captados para financiamento. O valor caiu para R$ 468,6 milhões em 2022. Em 2023, o valor voltou a subir, indo para R$ 479,7 milhões. Já para este ano, o recurso disponível voltará a ser de R$ 1 bilhão.
A queda da inadimplência também é um resultado comemorado. A taxa de 1,8% (cerca de R$ 7 milhões em valor real) é a mais baixa em 10 anos e fica abaixo da média nacional.
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