Dívidas de jovens crescem e preocupam empresários
Especialistas da área econômica veem aumento no consumo de supérfluos. Influência das redes sociais é uma das razões apontadas
A situação financeira dos jovens é motivo de preocupação entre empresários e especialistas da área econômica. A avaliação é que a geração com idade até 29 anos tem gastado com itens supérfluos e acumulado dívidas desnecessárias que acabam por afetar seu desempenho profissional e sua saúde mental.
Levantamento da consultoria global McKinsey mostra que o grupo mais jovem da população economicamente ativa é o que mais gasta com o próprio prazer, em detrimento do que outras gerações consideram essencial.
“Eles diminuem o gasto em tudo o que não tem apelo emocional, como produtos de limpeza, para manter um bom energético e uma boa cerveja”, explica Pedro Fernandes, sócio da McKinsey.
Um levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 47% da Geração Z não controlam suas finanças pessoais.
Além disso, metade dos entrevistados admitiu que costuma ceder a impulsos quando querem comprar algo e que perdem a noção de quanto podem gastar com atividades de lazer.
Conforme explica o professor de Neurociência Aplicada a Negócios e Comportamento Humano Alexandre Rodrigues, a Geração Z tem tendência de se presentear quando acha que merece uma recompensa. Segundo ele, o fato de a geração ter crescido exposta ao ambiente das redes sociais reforça o impulso de comprar como forma de prazer.
As principais formas de endividamento entre os jovens da Geração Z se endividem, segundo o Serasa, são os cartões de créditos e cheque especial nos bancos. Estrategista financeira e Membro do Grupo Estratégico de Finanças do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), Sara Maiza relata que observa que o jovem brasileiro tem desenvolvido uma relação imediatista com o dinheiro.
Ela avalia que a geração abaixo dos 30 anos quer viver o agora, consumir, mostrar conquistas nas redes sociais, e acabam assim por comprometer o futuro financeiro com escolhas impulsivas.
O presidente do Conselho de Relações de Trabalho da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Agostinho Rocha, diz que essa realidade preocupa empresários porque os jovens que entram no mercado de trabalho acabam tendo o foco, a produtividade e até o comportamento durante o horário de serviço afetados.
Problema é de saúde, afirma empresário
Empresários alertam que o endividamento de jovens deve ser encarado pelos governos federais, estaduais e municipais como um risco à saúde pública, já que o impacto das dívidas à saúde mental é enorme e pode resultar em uma população que busque cada vez mais afastamentos por doença junto ao INSS.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, as empresas já observam essa realidade e algumas têm apostado em programas de educação financeira.
Porém, segundo ele, também cabe responsabilidade aos governos federais, estaduais e municipais, para investirem em campanhas de valorização da compra a vista e poupança.
"O governo precisa olhar o endividamento quase como um problema de saúde pública. Dados do Serasa mostram que 83% dos endividados sofrem de insônia e têm dificuldade para dormir. 78% têm surto de pensamentos negativos. 74% têm dificuldade de concentração para realizar tarefas diárias. 53% sentem muita tristeza e medo do futuro. Se não olharmos para os jovens endividados logo, teremos um problema sério de saúde mental no País nos próximos anos, e um impacto enorme ao INSS.
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