Empresas investem em tecnologia para enfrentar falta de profissionais
Falta de mão de obra é generalizada e tem obrigado empresas de vários setores a buscar robôs, IA e outras soluções inovadoras
A falta de mão de obra tem levado empresas no Estado e em todo o Brasil a buscar alternativas tecnológicas para manter suas operações com eficiência.
E são diversos os setores que têm recorrido a robôs e sistemas automatizados para suprir lacunas de pessoal e garantir a continuidade de processos essenciais.
Indústria, incluindo a construção civil; comércio e serviços: em todas as atividades já há busca por tecnologia para substituir a mão de obra humana no Espírito Santo.
Um exemplo é a Galwan, que tem utilizado tecnologias para otimizar a execução de obras e o uso de mão de obra humana.
Entre as inovações, destacam-se máquinas de bombeamento de contrapiso, que permitem uma execução mais rápida e uniforme, reduzindo o esforço físico da equipe e garantindo superfície nivelada para etapas seguintes.
Além disso, guindastes, gruas e minigruas usam sistemas computadorizados de controle de carga e sensores de segurança, exigindo operadores certificados.
Segundo Sancler Viana, diretor de obras da Galwan, “o uso de tecnologias nas obras fez com que um trabalho que precisaria de 10 profissionais passasse a ser feito com quatro”.
No setor de serviços, agentes de Inteligência Artificial (IA) têm sido alternativa para canais de atendimento que exigem operação ininterrupta, diz Eduardo Galazar, CSO da Globalsys.
Na indústria, o Centro de Prevenção de Falhas da Suzano funciona sem operadores, emitindo alertas quando há irregularidades, para que funcionários atuem na inspeção e manutenção, diz Leonardo Vieira, gerente-executivo.
Em Viana, a RD Saúde inaugurou neste mês seu 15º Centro de Distribuição. O local conta com 90 robôs autônomos responsáveis por movimentar e manusear mercadorias, aumentando a capacidade e precisão da separação e expedição de produtos, segundo Thiago Centurion, que é diretor de planejamento e desenvolvimento logístico.
Os robôs são os AMRs (Autonomous Mobile Robots), que transportam estantes inteiras até estações de separação, e os ACRs (Autonomous Case-handling Robots), que operam verticalmente em estruturas de até 10 metros — combinação inédita em toda a América Latina.
Substituição de humanos
Falta de gente para trabalhar acelera os investimentos, diz especialista
Existe uma tendência clara de que o uso de Inteligência Artificial, automação e tecnologias digitais em indústrias e empresas se torne cada vez mais intenso, como resposta ao déficit de mão de obra, na avaliação do Head de Inteligência Artificial da Intelliway, Frederico Comério.
Viagem à China para modernizar o agronegócio
Em busca de tecnologias que possam colaborar com o agronegócio, um grupo de empresários capixabas do setor viajou até a China. A visita, que começou na última semana de outubro, inclui visitas a oito empresas chinesas especializadas em automação agroindustrial, inteligência artificial e robótica agrícola.
As cidades visitadas são Hangzhou, Suzhou, Nanjing, Taizhou e Shanghai, polos reconhecidos mundialmente por sua inovação tecnológica e alta produtividade.
O objetivo é conhecer maquinários modernos, fortalecer parcerias comerciais e ampliar o uso da automação industrial nas propriedades rurais e indústrias capixabas.
A visita busca aproximar o Espírito Santo da tecnologia e do mercado chinês, com o propósito de melhorar a eficiência produtiva e elevar a competitividade global do setor.
“O objetivo é conhecer a cultura, estratégias empresariais e tecnologias embarcadas na operação que os permitem ganhar escala e serem competitivos globalmente. além do fator econômico”, disse, em publicação no Instagram, Arisio Tessarolo, CEO da Tess Contabilidade, que recentemente adquiriu parte da Ala Pescados, empresa especializada no beneficiamento e distribuição de pescados frescos e congelados para o atacado e food service.
Tessarolo acrescentou que o objetivo da viagem é importar soluções que aumentem a eficiência dos negócios, abrir portas para novos acordos comerciais para produtos como café e mamão, e trazer inovação e automação.
A visão do especialista
Frederico Comério explica este ciclo da seguinte forma:
1. A escassez de mão de obra torna os custos de contratação e retenção mais elevados
2. As empresas percebem que não podem simplesmente “contratar mais” e decidem “fazer mais com menos” ou “fazer diferente”
3. Naturalmente, as empresas investem em automação, IA, métodos construtivos/modulares, robótica, digitalização — para reduzir tarefas repetitivas ou escassas
4. Isso causa um efeito de necessidade de requalificação de pessoas, mudança de processo e cultura tecnológica — pois alguém precisa operar essas novas tecnologias digitais
5. No médio prazo, o resultado esperado é menor dependência de mão de obra não especializada, mais foco em pessoas para tarefas de supervisão, decisão, manutenção, inovação
Resumindo: A tecnologia não “elimina” o problema de déficit de mão de obra (o trabalho do profissional humano ainda será necessário), mas altera o perfil da demanda por trabalho — e permite que empresas operem com equipes menores ou mais qualificadas.
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