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Economia

Empresas do ES desistem de investir por não encontrar quem queira trabalhar

Indústria e comércio têm áreas em que não se encontra profissionais, o que freia ampliação dos negócios e provoca aumento de preços


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Empresas no Espírito Santo estão desistindo de fazer investimentos por terem dificuldade de encontrar profissionais. Esse quadro, além de impedir o crescimento da economia e colocar em risco a criação de postos no futuro, pode levar a um aumento de preços em alguns segmentos.

As empresas estão deixando de investir e segurando projetos de ampliação da produção, mesmo tendo demanda para isso, o que acaba levando a alta de preços dos produtos, reforçou o vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin.

“Muitas empresas temem em assumir contratos de venda para entregas futuras dada a dificuldade de conseguir ampliar ou mesmo reter os funcionários que tem. Como consequência já temos majoração de preço pelo encarecimento dos salários e, também, pela baixa oferta de produtos”, disse.

A situação afeta todos os setores em geral, pois não falta mão de obra qualificada, na verdade falta mão de obra com qualquer qualificação, segundo Fernando Otávio Campos, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES) e diretor do Sindicato da Construção Civil de Guarapari (Sindicig).

“Na hotelaria e no comércio, falta mão de obra de qualificação inicial, e a construção civil e indústria sofre mais porque precisa qualificar e empregar, mas já está sem agora”, relatou.

Lucas Reis, diretor comercial da Casa do Serralheiro, destacou que a falta de mão de obra qualificada tem dificultado a ampliação de empresas no Estado. “Tem gente diminuindo a operação por conta dessa escassez. É um perigo de reduzir a oferta de emprego, justamente pela falta de pessoas. Você acaba estagnando a economia toda vez que restringe a expansão, toda vez que você trava os investimentos”.

Segundo ele, “um construtor não consegue tocar dois ou três empreendimentos ao mesmo tempo, porque não tem como colocar mais de uma equipe para trabalhar”.

A dificuldade em encontrar mão de obra nos diferentes setores da economia é grande, segundo Eduardo Dalla Mura do Carmo, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos do Estado (Sindirepa-ES).

“Não tem mão de obra. Estamos automatizando onde é possível pela dificuldade com profissionais, e isto acaba elevando preços.”

A mão de obra é motivo de preocupação na construção civil, destacou Douglas Vaz, presidente do sindicato da indústria do setor (Sinduscon-ES). “Atualmente, o número de entrantes para trabalhar é pequeno em relação ao passado. Há um envelhecimento na idade média dos profissionais”.

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Home office x supermercados

No setor supermercadista, a realidade é a mesma: de dificuldades com mão de obra por uma conjuntura de fatores, segundo o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider.

“Dificuldades em contratar passam pelas questões de horário de trabalho e fins de semana, e por termos muitos jovens no trabalho informal. Além disso, não conseguimos competir com o trabalho home office, já que nosso trabalho é presencial. Sabemos que os salários não são tão atrativos, mas para aumentar levaria ao aumento do preço dos produtos também”.

Segundo ele, com isso, os empresários deixam de investir e os negócios vão ficando estagnados, não só no Estado, mas no País.

Presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Estado (Sindbares-ES), Rodrigo Vervloet reforçou a dificuldade de contratar a manter os trabalhadores, destacando também horários e trabalho nos fins de semana, e disse que a população jovem não vê mais vantagem no formato de trabalho formal.

“ Está muito difícil para o setor. E não é só questão de horário, é questão de realmente disponibilidade. Talvez o horário possa ter alguma influência, até porque é o setor que trabalha final de semana, mas é ausência de funcionário mesmo”, disse.

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Problema e efeitos

Indústria precisa de 2,2 milhões de novos profissionais

Dificuldades nos setores

Segundo representantes e empresários de diferentes setores, a dificuldade com mão de obra e a desistência de investimentos está acontecendo em todos os segmentos da economia.

Eles destacam que atinge especialmente as ocupações nas atividades fins, na linha de produção, o chamado “chão de fábrica”.

No setor da construção civil, por exemplo, o envelhecimento dos profissionais atrelado ao não rejuvenescimento e à falta de qualificação são alguns dos fatores apontados como causa do “apagão” de profissionais.

Outros setores da economia, como comércio e serviços, enfrentam o mesmo desafio. A busca por profissionais qualificados tornou-se uma verdadeira batalha, e muitas empresas estão investindo em benefícios adicionais e condições de trabalho mais flexíveis para se destacar na disputa.

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Elevação de preços

A dificuldade de patrões em encontrar empregados pode prejudicar a produtividade da economia, além de se refletir em preços mais altos aos consumidores finais.

Metade dos setores monitorados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, está com a demanda por trabalhadores aquecida e 20% deles já enfrentam escassez de mão de obra há mais de seis meses no País. Um quadro de escassez de oferta de trabalhadores é caracterizado quando há crescimento da ocupação abaixo da média histórica, mas com rendimentos subindo acima da média.

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Qualificação

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que será necessário qualificar 14 milhões de profissionais nos próximos três anos para atender a demanda da indústria brasileira, sendo 2,2 milhões de novos trabalhadores e de requalificação de 11,8 milhões que já estão no mercado. A projeção leva em conta o crescimento da economia e do mercado de trabalho.

Transporte e logística é a área com maior demanda por formação profissional, seja de requalificação ou de ingresso de novos profissionais, com 23,9% do total.

Considerando que o Estado em média representa 2% dos dados de economia e trabalho do Brasil, precisa qualificar cerca de 280 mil trabalhadores.

Mas a Pnad de agosto apontava que o Estado tinha apenas 100 mil desempregados. Mesmo que se considere o crescimento vegetativo da população vai faltar mão de obra.

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