Empresário capixaba muda de ramo e vai fabricar carro elétrico
Empresário criou cartão de alimentação, mudou de ramo e prepara agora o lançamento do Model 459, que será montado no Sul do País
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Nascido em Guaçuí, no Sul do Estado, o empresário Flávio Figueiredo Assis promete fazer história: quer lançar, no final deste ano, um carro elétrico com produção em linha.
Conhecido por ter fundado a Le Card, administradora de cartões de alimentação, o empresário vendeu a empresa em 2022 e fundou a Lecar, primeira montadora focada exclusivamente em carros elétricos no Brasil.
“A ideia surgiu quando me deparei com uma lei de 1993 que regulamenta a redução de emissões de CO2 de veículos até 2027. Ou seja, a partir de 2028, não se produzirá mais carro a combustão. Vi nisso uma oportunidade e agarrei”.
Ele relata que a intenção é que o investimento total seja de R$ 1,1 bilhão no negócio, que está em sua primeira fase de empreendimento, voltada para o desenvolvimento de protótipos e de homologação do projeto.
A empresa tem sede em Alphaville, São Paulo, e planta industrial em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e conta com 30 profissionais da área de engenharia automobilística com passagens em empresas como Gurgel, Troller, JPX, Nissan e Marcopolo.
O Model 459, primeiro veículo da empresa, terá 35% das peças importadas da China. Motores e baterias virão do fabricante chinês Winston, e o restante será produzido no Brasil.
Em fevereiro, o protótipo do carro seguirá para homologações em Londres, em uma etapa que durará nove meses.
Depois disso, entrará em linha de produção e deve estar disponível ao mercado a partir de dezembro de 2024. A estimativa é de produção de 300 veículos por mês já no primeiro ano de fabricação, criando 600 empregos diretos e R$ 1 bilhão de faturamento.
Ele destaca ainda que a empresa pretende investir em tecnologia para reduzir a dependência de peças importadas da China em um segundo momento da produção.
“Eles dominam esse mercado e são, junto com os Estados Unidos, a única alternativa viável. No entanto, vamos investir pesado em pesquisa e desenvolvimento para, em poucos anos, ter nossa autonomia em todas as etapas de produção”, destaca o empresário.
O MODEL 459
Peças
Cerca de 35% das peças do Lecar Model 459, o primeiro veículo da companhia, serão importadas da China. Motores e baterias virão do fabricante chinês Wiston, que fornece também para outras duas gigantes do setor: Volkswagen e Hyundai. O restante será produzido no Brasil.
Os contratos fechados com vários fornecedores preveem a transferência de tecnologia e cooperação técnica, científica e operacional, o que viabiliza uma fábrica de células de bateria e motores elétricos no Brasil, permitindo a autossuficiência na produção de carros elétricos.
Outras características
Autonomia de 400km: Essencial para atender às necessidades de deslocamento diário e viagens mais longas.
Tecnologia Avançada: Um interior moderno, com bancos no estilo de cadeiras gamers e um grande monitor central para controle das funções da cabine.
Fonte: Lecar
PERFIL DO EMPRESÁRIO E DA EMPRESA
Flávio Figueiredo Assis
Nascido em Guaçuí, no Sul do Espírito Santo. Estudou em escola pública e é formado em Direito e Contabilidade.
Iniciou a carreira como bancário antes de partir para o empreendedorismo, com a criação da Financial Contabilidade, empresa do ramo de benefícios fiscais.
Depois, fundou a Le Card, administradora de cartões PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), e agora fundou a Lecar, primeira montadora voltada para carros elétricos do Brasil.
Lecar
Assis relata que a ideia de criar uma montadora de carros elétricos brasileira surgiu quando o advogado se deparou com a Lei 8.723, publicada em 1993, que regulamenta a redução de emissões de CO2 de veículos com prazo final em 2027, encerrando a utilização de motores a combustão em veículos automotores fabricados a partir de 2028.
A empresa tem sede em Alphaville, em São Paulo, e planta Industrial em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. A equipe é formada por 30 profissionais com passagens por empresas como Gurgel, Troller, JPX, Ford, Toyota, Nissan e Marcopolo.
O capital é 100% próprio, mas a expectativa é fazer o IPO (oferta pública inicial) em 2025.
Empresa quer criar plano de assinaturas
Em cinco anos, a Lecar pretende produzir 50 mil carros por ano, com geração de 6 mil empregos diretos e R$ 13 bilhões de faturamento anual.
A empresa pretende, ainda, criar um plano de assinaturas, mudando a cultura da posse para a de acesso. A assinatura base para o plano de locação de 36 meses será oferecida por aproximadamente 3% do valor de venda para uma quilometragem mensal de 1 mil km.
“As pessoas não precisam ter um carro, o que elas precisam é de mobilidade”, argumenta Flávio Figueiredo Assis. O foco inicial das vendas será na Grande São Paulo, mas Assis destaca que o objetivo é uma expansão nacional, inclusive no Espírito Santo.
Entre São Paulo, Campinas e São José do Campos, a empresa irá investir em uma rede de infraestrutura para recarregamento de bateria.
Também está previsto, já para 2025, a criação de uma rede de carregamento próprio ao longo de toda BR-101, com carregadores rápidos disponíveis a cada 150km da rodovia. Até 2030, a empresa espera oferecer cobertura total nas principais rodovias do País.
“Nosso modelo de negócio são pequenas plantas, que vão montar, distribuir e prestar assistência técnica. Então com certeza quando formos para o Espírito Santo, vamos colocar uma planta no Estado para fabricar, distribuir e prestar assistência técnica. Esse é o nosso modelo de crescimento”, detalhou.
Veículo popular por 100 mil reais
Assis explica que o Model 459 custará R$ 279 mil e terá autonomia de 400 quilômetros por carga. Sobre o preço do veículo, ele explica que tem como meta conseguir, junto ao governo brasileiro, os mesmos incentivos fiscais que são dados hoje pelo governo chinês a montadoras chinesas.
“Esse valor de R$ 279 mil está com uma carga tributária de 43%. Se conseguirmos o incentivo fiscal, ele cai para R$ 156 mil para o consumidor final. Nosso próximo modelo, o Lecar POP, será uma versão popular e, se também conseguir os incentivos, ficará com preço abaixo dos R$ 100 mil”.
Questionado se os carros elétricos da Lecar serão autônomos, Assis explica que haverá um assistente de direção, mas o código de trânsito brasileiro prevê que não se pode conduzir um veículo sem a mão ao volante.
“Teremos muita assistência à direção, porém, no limite da legislação”, explica.
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