Dominar o uso da inteligência artificial rende aumento de até 40% no salário
Estudo aponta áreas de atuação e habilidades que oferecem chances de valorizar salários em até 40%, por trazerem soluções às empresas
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Ter o salário corrigido muito acima da inflação é um desejo universal, mas um privilégio para poucos. E há um grupo que tende a ser beneficiado com aumentos de até 40%, segundo estudo da Universidade de Oxford, na Inglaterra, com o Centro de Ciência de dados Sociais da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca.
São profissionais especializados em áreas tecnológicas e com domínio das habilidades relacionadas à Inteligência Artificial (IA). O estudo é internacional, mas vale para a realidade brasileira, incluindo o mercado capixaba.
Aprendizado de máquina é a habilidade que lidera, com potencial de aumento salarial de 40%, seguido pelo domínio do TensorFlow — biblioteca de código aberto que pode ser usado para o aprendizado de máquinas em diversas tarefas —, com 38%; pela aprendizagem profunda, com 27%; e pelo processamento de linguagem natural (19%).
Especialista em IA e professor da Faesa, Howard Cruz Roatti explica que esses conhecimentos são úteis para levar inovação e transformação digital às empresas.
O aprendizado de máquina e sua aplicabilidade contribui, diz ele, para otimizar processos, aumentar a eficiência e criar novos produtos. Enquanto o domínio do serviço do Google TensorFlow permite que os desenvolvedores construam, treinem e implementem modelos de redes neurais para resolver problemas complexos.
Já aprendizagem profunda usa redes neurais artificiais “capazes de aprender padrões complexos a partir de grandes volumes de dados”. Por fim, o processamento de Linguagem Natural permite que máquinas entendam, processem e gerem a linguagem humana.
Profissionais com tais competências são disputados principalmente quando somadas à ciência de dados e algoritmos, diz o estudo.
O profissional que deseja atuar com IA precisa buscar conhecimentos em análise de dados, gestão de negócios, produtos e até vendas, conforme o gerente de seleção da divisão de talentos tech & digital da Gi Group Holding, Henrique Almeida dos Santos. “É importante entender como um negócio funciona e, a partir disso, mapear como a IA pode agregar mais valor”.
Aumento de 57%
O paulista Fabiano Correia Lima, 50, morou na Grande Vitória por muitos anos, mas decidiu voltar à cidade natal para estudar. Graduado em marketing, ele se especializou em tecnologia da informação, segurança da informação, engenharia de software, inteligência artificial, ESG e sustentabilidade corporativa, além de ter feito mestrado em big data e inteligência de negócios.
Atualmente é especialista em Inteligência Artificial (IA) de uma grande empresa em São Paulo. Ele detalhou que, com a composição de conhecimentos técnicos e habilidades comportamentais, conseguiu um aumento de salário de 57%, comparando antes e depois da especialização em IA. “É uma composição que define o salário”. Além disso, também tem sua própria empresa, com clientes no Brasil e no exterior.
Estudo indica necessidade de trocar de profissão
Um total de 16 milhões de profissionais brasileiros poderão ter de mudar de carreira até 2030, devido ao avanço da Inteligência Artificial (IA) e da digitalização, segundo um estudo do McKinsey Global Institute, conforme informações do jornal O Globo.
Entre eles estão: operários de indústria, assistentes virtuais, operadores de caixa e telemarketing. Por outro lado, profissões que exigem habilidades humanas como medicina, enfermagem, psicologia, trabalhos manuais, gestão de pessoas e assistentes sociais tendem a ser mais seguras.
A especialista em pessoas e carreiras Gisélia Freitas ressalta que os profissionais precisam desenvolver habilidades que complementem e enriqueçam as capacidades das máquinas.
“Isso implica focar em competências que envolvem pensamento crítico, criatividade, empatia e inteligência emocional”.
Segundo ela, o desenvolvimento de habilidades em áreas como resolução de problemas complexos, colaboração e comunicação eficaz se torna decisivo, pois são características que as máquinas não conseguem replicar facilmente. Além disso, destacou “a adaptabilidade e a disposição para aprender continuamente”.
Nesse universo, o futuro do mercado de trabalho envolverá gerações nascidas e criadas com a IA generativa (capaz de gerar novos conhecimentos).
Para o gerente de seleção da divisão de talentos tech & digital da Gi Group Holding, Henrique Almeida dos Santos, a IA traz perspectiva de ambiente de trabalho mais ágil. “As possibilidades com IA são variáveis, e saber utilizá-la a favor de um ambiente de trabalho mais fluído e dinâmico contribuirá para o futuro do trabalho”.
SAIBA MAIS
Aumento de salário
- Por meio do domínio de habilidades relacionadas à Inteligência Artificial (IA) e da capacidade de gerar valor para as empresas, alguns profissionais conseguem aumento de salário de até 40%.
- O dado é de um estudo da Universidade de Oxford, em parceria com o Centro de Ciência de dados Sociais da Universidade de Copenhagen. Ele apontou ainda que essas competências são disputadas principalmente quando somadas à ciência de dados e algoritmos.
- Além disso, a maioria das empresas reclama da falta de mão de obra qualificada na área da Tecnologia da Informação (TI), o que contribui para um leilão nesse mercado, aumentando os salários.
Aplicação
- Para ter ganho salarial, não basta ter conhecimento na área. É preciso também entender como um negócio funciona e como a IA pode contribuir. Na prática, é conseguir aplicar o conhecimento de acordo com o cenário da empresa.
- Para isso é importante: planejamento, estudo e networking.
- Sobre o networking, ele lembrou que “quem não é visto, não é lembrado”. Destacou que isso vale para dentro e fora da empresa em que o profissional atua. “É importante estar em contato com as pessoas certas, pois assim as oportunidades podem surgir com mais fluidez”.
Soma de habilidades
- Especialistas apontam que a soma de habilidades entre humanos e inteligência artificial pode proporcionar às empresas grandes saltos.
Fonte: Gi Group Holding, Howard Cruz Roatti, Giselia Freitas.
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