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Economia

Dívidas batem recorde e 866 pessoas no ES vão parar todo dia no SPC

Em média, 866 nomes de consumidores vão todos os dias para lista negativa, enquanto 606 pagam débitos e deixam o cadastro


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Imagem ilustrativa da imagem Dívidas batem recorde e 866 pessoas no ES vão parar todo dia no SPC
Cartão de crédito é um dos “vilões” do endividamento no Estado, onde número de nomes no SPC supera 771 mil |  Foto: Leonardo Bicalho

Seguindo a realidade do País, o número de inadimplentes no Espírito Santo bate mais um recorde. Por dia, 866 consumidores entram para a lista do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

No mês de fevereiro, 767.468 pessoas estavam negativadas no Estado. Em março, o número saltou para 770.192. Já em abril, 771.323.

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Em média, em abril, cada consumidor negativado devia R$ 5.669 e o cartão de crédito é um dos responsáveis pelo endividamento.  

Apesar do número crescente, um dado chama a atenção: a cada dia 606 saem da lista de inadimplentes, ou seja, 260 precisam de um prazo maior para limpar o nome. 

Sobre a inclusão, o superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, Wagner Júnior Corrêa, aponta algumas sinalizações. 

“A gente ainda sofre o reflexo de algumas crises, especialmente as internacionais que batem no setor produtivo. Também temos a taxa de juros. No patamar que se encontra, impacta a cadeia como um todo. De fato, reflete não só no ambiente de negócio, mas de forma até muito direta na própria população porque retrai investimentos, complica uma série de questões que deslancham a economia”.

Pela sua percepção, a maioria das  pessoas que fica mais tempo na inadimplência é por  impossibilidade de fazer o pagamento, não por má-fé. Ele aproveitou para falar sobre a importância de um planejamento financeiro, independente da quantia que ganha.   

Quem está inadimplente é um vigilante de 52 anos que não quis ter o nome divulgado. Ele contou que, muitas vezes, a pessoa se encontra desempregado, como é seu caso, que está há sete meses fora do mercado de trabalho: “Estou com um débito no banco de R$ 1.600.” 

Preocupado, ele procurou a agência bancária e conversou com o gerente: “Ele me disse que eu podia pagar em quatro prestações de R$ 400, mas está complicado. Eu quero pagar, mas no momento não tem como. A gente tem família. Às vezes é um gás para comprar, é um alimento que falta em casa. Então, a prioridade tem sido a família, para depois acertar com os bancos.”

Empresas correm risco de demitir e pedem juro menor

Levantamento da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostra que o aumento de pessoas endividadas é uma situação nacional: a parcela de famílias com dívidas subiu de 77,7% em abril do ano passado para 78,3% no mês passado. 

O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, classifica a situação como “péssima e preocupante” não só para sua categoria, mas para todo o comércio em geral e abre o risco até de um aumento nas demissões.   

“É um sinal de que o poder aquisitivo está diminuindo. Quando a inadimplência sobe, afeta as vendas de todo o comércio de um modo geral, porque as vendas diminuem. E isso tem um efeito na geração de empregos. Com produtividade  caindo, há uma tendência de demissões ocorrerem”.

Já o vice Presidente da Federação de Comércio do Estado (Fecomércio-ES) e presidente da CDL de Vila Velha, José Carlos Bergamin, considera que os dados do período são normais em razão de “tendência de aumento” na inadimplência após as festas de fim de ano. 

Para o economista Ricardo Paixão, a inadimplência alta é resultado de um conjunto de fatores. 

“A questão dos altos juros, por exemplo, é um problema sério. A taxa de cartão de crédito no Brasil é uma das maiores do mundo. Além disso, a renda do brasileiro é muito baixa e é dividida em várias faixas, e as famílias mais pobres têm dificuldade até de comprar bens básicos, o que leva ao endividamento.


Dados no Estado

Inadimplência

771.323 é o número de consumidores que tiveram registro inserido no SPC em abril deste ano no Estado.

2.313.968 é a quantidade de registros inseridos no SPC no mês passado no Estado (um consumidor pode ter um ou vários). 

Média diária

A cada dia 866 clientes entram para a lista do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no Estado.

Valor médio devido por consumidor: R$ 5.669

Baixas

A cada dia 606 clientes saem da lista do SPC no Estado.

Saldo

O saldo por dia de consumidores que continuam na lista do SPC é de 260.

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