Com fábricas paradas, preço dos carros usados vai subir?
Especialistas ouvidos pela reportagem fazem análise do mercado de veículos tendo em vista as férias coletivas das montadoras
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Inúmeras montadoras de veículos estão de férias coletivas no Brasil. Segundo as empresas, o principal motivo é a falta de semicondutores – componentes que conduzem correntes elétricas do veículo. Porém, há um consenso no mercado que aponta outra razão da parada: os altos estoques.
Mas será que com esse movimento de mercado, os preços de carros usados vão subir? De acordo com especialistas não.
No mercado, apesar de não ser uma classificação oficial, usados são veículos produzidos há quatro anos ou mais, e são considerados seminovos aqueles com até três anos de uso e baixa quilometragem.
Segundo o diretor da Associação de Revendedores Independentes de Veículos do Estado (Arives), Romeu Monaldi Marroquio, os preços dos usados tendem a seguir estabilizados.
“Não irá subir nem baixar o preço. O certo é que as fábricas não estavam dando conta de produzir os carros. Com isso a demanda estava maior que a produção, tendo até três meses de espera. Agora o mercado está equilibrado e teve que dar uma segurada, para não deixar os pátios lotados”, explica.
Romeu destaca que as montadoras apenas anteciparam as férias, que normalmente são na segunda quinzena de dezembro. “Em 2021 e 2022 estava subindo o preço cerca de 2% ao mês, tanto usados quanto novos. Mas agora vai se manter estabilizado”, reforça.
Proprietário de loja de usados, Rodrigo Mello diz que o preço dos veículos usados não terá alteração, pois dentro desses dias de férias coletivas, as montadoras têm estocagem. “Não há previsão de alteração de preço dos usados”, afirma.
De acordo com Mello, hoje carros na faixa entre R$ 40 mil e R$ 70 mil são os que faltam muito no mercado devido aos valores atuais dos carros novos mais em conta.
Para o vendedor de uma loja de usados, Thales Andrade, pode haver um aumento nos preços, pela alta demanda por usados, mais em conta que os considerados populares zero-quilômetro, que segundo ele estão na faixa de R$ 80 mil.
“Pelo mesmo valor de R$ 80 mil, é possível comprar um usado com mais kits e mais completo. Então isso acaba valorizando os usados e seminovos”, justifica.
E segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a maior parte (34%) dos usados comercializados no primeiro bimestre foram os carros com 13 anos ou mais de fabricação, seguido dos que têm de quatro a oito anos de produção (26%).
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Valorização aumenta IPVA
A valorização de veículos usados provocou aumento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Para calcular o valor do IPVA, os governos estaduais utilizam o preço do carro avaliado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O levantamento é baseado nos valores de mercado apurados em setembro e outubro de 2022. Em cima desse valor de venda de novos e usados, os estados aplicam uma alíquota, de acordo com a categoria do veículo.
O presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), Enilson Sales, explica que a valorização dos usados ainda é reflexo da pandemia da covid-19, que paralisou fábricas.
E com isso, naquele período, afetou a produção de semicondutores usados pelas montadoras nos veículos zero-quilômetro.
“A falta de componentes eletrônicos afeta os carros novos, a princípio, porque eles vão equipar os carros nas montadoras. Faltando carros novos, mexeu com o preço do usado que cresceu porque quando o consumidor vai à rua para comprar um carro novo e não encontra, encontra o usado”, diz.
Mais de 90% querem trocar ou comprar veículo este ano
Uma pesquisa divulgada pela Webmotors, empresa de compra e venda de carros, revelou que 91% das pessoas que acessam a plataforma da empresa têm intenção de comprar ou trocar de carro em 2023 e, destes, 66% pretendem fazer a mudança ainda no primeiro semestre deste ano.
Do total de participantes, 35% têm propensão de compra por um veículo zero-quilômetro, enquanto 65% por usados. Do entrevistados, 78% têm carro, dos quais 22% adquiriram seu veículo há seis anos ou mais, enquanto 21% fizeram a compra há apenas um ano.
O estudo mostra que 70% dos possuem carro entre um e dois anos de uso planejam trocar de veículo nos primeiros seis meses de 2023. As principais motivações são: costume de trocar o veículo (29%); atualização de modelo, upgrade, carro extra, insatisfação com o atual ou sonho (11%); e ter um carro mais potente (11%).
Já 72% dos entrevistados que têm carro há mais de seis anos desejam substituir seu automóvel ainda no primeiro semestre de 2023. Entre as razões da troca estão o carro atual estar velho (29%), a necessidade de ter um veículo mais potente (12%) e a família ter aumentado e precisar de mais espaço (11%).
Os modelos SUV com motor flex são os favoritos entre os que querem trocar o atual veículo. Essa preferência aparece principalmente entre respondentes com idade entre 36 e 45 anos, que lideram o ranking referente à faixa etária dos entrevistados, com 33% do total.
Outra curiosidade interessante é o fato de que os SUVs foram os preferidos pelo que residem na região Sudeste do País.
os números
66% devem fazer a troca até julho
35% querem um carro zero-quilômetro
saiba mais
Funcionários das montadoras em férias
O mercado
Nas últimas semanas, diversas montadoras, incluindo Chevrolet, Hyundai, Jeep, Mercedes-Benz e Volkswagen, anunciaram férias coletivas de seus funcionários e pausaram a produção de carros no País. A justificativa é a falta de semicondutores.
os semicondutores para automóveis são materiais que conduzem correntes elétricas em um nível intermediário aos isolantes – que não conduzem bem a energia elétrica – e os condutores – que têm facilidade em conduzir energia.
mas especialistas no mercado apontam que a verdadeira razão da parada das montadoras seria a alta de estoques. E mesmo com as férias coletivas não haverá falta de veículos zero no mercado.
Preço dos usados
O valor dos veículos usados se manterá estabilizado, segundo os especialistas e proprietários de lojas de usados, mas havendo aumento da procura.
Por conta da alta procura, atualmente, carros na faixa entre R$ 40 mil e R$ 70 mil são os que mais faltam no mercado, pois os modelos zero-quilômetro mais em conta estão na faixa dos R$ 80 mil.
Os veículos considerados premium (aqueles que têm maior valor agregado) com valores acima de R$ 250 mil, em questão do preço acaba variado mais entre tabela Fipe e mercado, pois acaba diferenciando carro a carro.
Fonte: Proprietários de lojas de carros usados e pesquisa A Tribuna.
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