Caixa volta a cobrar a prestação do financiamento habitacional
Escute essa reportagem
A Caixa Econômica Federal volta a cobrar, a partir deste mês, a prestação da casa própria de cerca de 48 mil mutuários que solicitaram uma pausa no pagamento do financiamento habitacional durante a pandemia.
O prazo para a pausa é de 120 dias, e alguns mutuários já começaram a ser notificados pelo banco, por meio de boletos e mensagens de celular. É o caso de quem fez o pedido em março e já é chamado a voltar a pagar este mês.
Em um universo de 5,46 milhões de contratos de crédito imobiliário ativos no País junto à Caixa, mais de 2,4 milhões de famílias já recorreram à pausa — possibilidade autorizada para aliviar as contas das famílias que tiveram a renda prejudicada em função da crise.
A assessoria da Caixa informou que os mutuários que tiverem prestação a vencer este mês, já sob cobrança, devem efetuar normalmente os pagamentos. E não confirmou se haverá prorrogação da suspensão por mais tempo.
Quem não fez a solicitação pode aderir por meio de aplicativo de celular ou canais de atendimento do banco. Mas o economista Eduardo Araújo chamou a atenção para o fato de que os juros incidentes sobre o saldo devedor dos contratos não param de ser cobrados:
“A melhor alternativa para quem busca economia com financiamentos imobiliários é buscar oportunidades de portabilidade”.
Embora os efeitos da pandemia ainda pesem no bolso de muitos, o advogado especialista em Direito Imobiliário Gilmar Custódio alertou que, se não houver renovação da suspensão, os mutuários deverão voltar a pagar as prestações normalmente, sob risco de perda do imóvel. “A crise não exclui a responsabilidade contratual.”
O economista Ricardo Paixão destacou que a pausa só é interessante para quem perdeu o emprego, ou teve redução salarial, uma vez que o valor não pago no período de pausa será diluído no prazo final do financiamento.
Presidente do banco fala em dar mais 2 meses de pausa
O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, disse que deve dar aos mutuários mais dois meses de pausa no pagamento do financiamento imobiliário. A declaração foi feita ontem, em entrevista ao portal Gaúcha Atualidade.
Ele destacou que irá discutir o assunto com o presidente Jair Bolsonaro, embora a etapa não seja necessária.
Oficialmente, a Caixa informou que o prazo vigente é de 120 dias, e que será necessário voltar a pagar caso não haja a prorrogação até o vencimento deste prazo.
Segundo Guimarães, o banco nunca lucrou tanto — alusão ao fato de que, no primeiro semestre, as contratações de crédito habitacional tiveram crescimento de 21,73% em relação ao mesmo período de 2019. Diante dos resultados, seria possível estender a pausa das prestações habitacionais e ajudar a população que teve a renda afetada pela pandemia.
“Esse é o equilíbrio entre ser um banco social e um banco que ganha dinheiro para poder fazer uma pausa de seis meses.”
SAIBA MAIS
Pausa nas prestações
- Quem tem contrato de crédito imobiliário ativo na Caixa Econômica Federal pode solicitar a suspensão temporária da cobrança por 120 dias.
Quem pode solicitar
- pessoas físicas com contrato em dia ou com até 180 dias de atraso, bem como clientes que utilizaram o FGTS para abater parte da prestação, podem solicitar o serviço.
- pessoa jurídica com contratos em dia ou com atraso de até 60 dias.
Como solicitar
Pessoa física
- Para solicitar a pausa, basta acessar o aplicativo Habitação Caixa ou registrar o pedido pelo telefone 0800 726 0505, ou de forma automatizada pelo 0800 726 8068, opção 2.4.2 de segunda a sexta e aos sábados de 10h às 16h (exceto feriados).
- Caso o Mutuário faça a opção pela pausa e resolva solicitar o cancelamento, poderá efetuar através dos telefones de telesserviço disponibilizados.
Pessoa Jurídica
- A pausa para contratos de aquisição e construção de imóveis comerciais (individual) poderá ser solicitada pelo número 0800 726 8068, opção 2.4 ou requerida ao gerente de relacionamento.
- Para contratos de financiamento à produção de empreendimentos, a solicitação é realizada por meio do gerente de relacionamento. O contato deve ser realizado preferencialmente por meio eletrônico.
Juros
- Durante o período de pausa o contrato não está isento da incidência de juros, seguros e taxas. Os valores dos encargos pausados são acrescidos ao saldo devedor do contrato. A taxa de juros e o prazo contratados originalmente não sofrem alteração.
Fonte: Caixa Econômica Federal.
Comentários