Café já custa mais caro do que filé mignon em supermercados do ES
Um quilo do pó para preparar a bebida sai a mais de R$ 66, enquanto o de mignon bovino pode ser encontrado a R$ 59,99
Escute essa reportagem
O café anda tão valorizado que seu preço já supera o de um dos cortes mais nobres da carne bovina. Um quilo do pó para preparar a bebida está mais caro do que o de filé mignon em supermercados do Espírito Santo.
Uma embalagem com 500 gramas de pó de café 3 Corações Pouch Tradicional era vendida ontem a R$ 33,39 em algumas redes supermercadistas. Ou seja, o quilo do produto custa ao consumidor R$ 66,78. Já o corte bovino podia ser encontrado a R$ 59,99 em outro supermercado.
A questão climática é a principal dificuldade no Brasil e no mundo quando se fala no aumento de preços, segundo o presidente do Sindicato dos Corretores de Café do Estado (SCCES), Marcus Magalhães.
“Nos últimos 14 meses, o preço subiu em função de problemas produtivos na Indonésia e Vietnã, iniciados em 2023. Em 2024, tivemos problemas climáticos também no Brasil, que fizeram com que a safra fosse frustrada em função do excesso de calor”, explica.
Essa conjugação de problemas em origens produtoras, junto da alta demanda no mundo, fez com que os preços se elevassem, tanto para conilon, quanto para arábica. A safra menor do conilon e, com isso, a escalada de preços do produto foi o que puxou o valor do café arábica para cima em todas as regiões, devido à escassez, conta Magalhães.
“Neste ano, a gente vai ter o problema do conilon mais ou menos equacionado, mas do arábica testando limites inimagináveis. A safra brasileira do arábica é muito ruim. Os nossos pares lá fora que produzem o grão também não terão safras boas. Então realmente a situação é complexa”, diz.
Magalhães explica, porém, que mesmo com a alta dos preços, começar a plantar café agora para usufruir dos lucros pode não ser uma boa estratégia, já que a safra não é imediata.
“O café que você planta hoje, precisa de dois anos (para surgir). A gente não sabe como vai estar o mercado até lá, se o regime de chuvas e o clima estarão melhores. Mas tudo indica que a gente vai ter daqui a dois anos safras com níveis maiores, principalmente de conilon, que é o grande vetor de plantios no Brasil hoje.”
Neste mês, uma comitiva de representantes do mercado capixaba, incluindo o vice-governador Ricardo Ferraço, foi ao Vietnã para buscar competitividade à produção local.
Preço da carne tem queda
O preço da carne caiu 0,77% nos supermercados em março, segundo a prévia da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Essa é a primeira queda do produto no índice desde agosto de 2024.
A queda no preço do arroz, carne bovina e minério de ferro levou o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) ficar negativo em 0,73%, em março, frente a um aumento de 1,17% em fevereiro.
O resultado do IPA levou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como a inflação do aluguel, a um recuo expressivo: taxa ficou negativa em 0,34%, após alta de 1,06% no mês passado. Em 12 meses, o IGP-M acumula alta de 8,58%, mostra os dados divulgados ontem pelo FGV Ibre.
SAIBA MAIS
Maior produtor
> O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil e o primeiro produtor de café conilon.
> Tradicionalmente conhecido pela alta qualidade do arábica, o Estado tem se destacado também na produção de conilon, conquistando mercados ao redor do mundo.
> A cafeicultura é a principal atividade agrícola no Estado, com quase 70% das propriedades rurais dedicadas ao cultivo.
> A produção expressiva, que supera 10 milhões de sacas anualmente, é exportada para mais de 100 países.
Adaptação
> Um estudo internacional liderado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) sugeriu que o café conilon pode ser “climaticamente inteligente”, ou seja, capaz de se adaptar às mudanças climáticas.
> De acordo com o estudo, o conilon é flexível, tem grande diversidade e, portanto, pode ser selecionado de acordo com as condições.
Fonte: Governo do Estado
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários