Brasil tem o menor índice de miséria da História
Avanço generalizado na renda média fez com que, em 2023, extrema pobreza caísse para 8,3% da população, nível mais baixo medido
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O avanço nos rendimentos médios dos brasileiros em 2023, que foi mais forte entre os mais pobres, levou a miséria no Brasil ao menor nível da História, apontam cálculos do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV Social).
Ano passado, 8,3% da população, ou 16,9 milhões de pessoas, estavam abaixo da linha de extrema pobreza. Em 2022, 9,6% da população estava na condição de extrema pobreza, o equivalente a 19,5 milhões de brasileiros, segundo cálculos feitos a partir de dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (Pnad-C), do IBGE.
Para Marcelo Neri, diretor do FGV Social, embora a série histórica da pesquisa comece em 2012, não há dados menores para a extrema pobreza antes. Os primeiros números datam de 1976 e é improvável que, antes disso, a miséria fosse menor no País: “Se retroagir essa série, desde 1976, é a menor taxa de pobreza da História.”
De 2022 para 2023, 2,6 milhões deixaram a condição de miséria — os cálculos consideram extremamente pobres aqueles que ganham abaixo de R$ 303 por mês por pessoa da família, incluindo todas as fontes de renda.
Segundo Neri, o resultado chama a atenção, num contexto em que os rendimentos médios cresceram ao ritmo de dois dígitos em praticamente todas as faixas de renda.
“O que impressiona mais é o crescimento. Um crescimento para todos. O bolo cresce, mas com mais fermento entre os mais pobres, para os quais têm o efeito do mercado de trabalho e um destaque para o efeito do Bolsa Família.
Isso significa, para o economista, que a expansão do Bolsa Família, tido como principal motor do crescimento entre os mais pobres, parece não ter atrapalhado o mercado de trabalho, já que houve avanço de salários e empregos em 2023.
Bolsa Família é pago em 1 a cada 5 lares e bate recorde
No primeiro ano da volta do Bolsa Família, recriado em março do ano passado, turbinado com um benefício mínimo de R$ 600 ao mês, o principal programa de transferência de renda do País atingiu um peso nunca visto no orçamento das famílias.
Em 2023, um quinto (19%) de todos os domicílios do País receberam o Bolsa Família, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (19).
É a maior proporção desde o início da série histórica da Pnad-C, em 2012. A abrangência só não supera a do Auxílio Emergencial, no auge da pandemia: em 2020, 23,7% dos domicílios recebiam o benefício.
No governo Jair Bolsonaro, o programa social foi rebatizado como Auxílio Brasil, e chegou a ter o benefício mínimo elevado a R$ 600 por mês, em meados de 2022, em plena corrida eleitoral.
Quando recriado, em 2023, o Bolsa Família adotou o valor mínimo de R$ 600 por mês. E foram criados dois benefícios complementares, para crianças de até 6 anos e jovens e gestantes. E foi reajustado o valor da linha de pobreza, para R$ 218, o que permitiu que mais famílias fossem incorporadas ao programa.
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