Bom humor tem poder no mercado de trabalho
Profissionais que demonstram estar de bem com a vida saem na frente em entrevista de emprego e têm mais chance de ascensão
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“Você gosta de ficar perto de alguém de mau humor?” A resposta para essa pergunta geralmente é: não. E esse é um dos motivos para o bom humor ajudar profissionais a conseguirem emprego, quando o alto astral é somado a outras habilidades comportamentais e técnicas.
“Em uma entrevista de emprego é avaliado se o candidato é compatível para relacionamento”, ressaltou Raphael Ruffo, consultor de RH, formado em Programação Neurolinguística e sócio da Alfa Duo Consultoria em Saúde e Bem-Estar Corporativo.
É natural do ser humano, segundo Ruffo, não querer estar perto de alguém indisposto a se relacionar. Em contrapartida, o alto astral é contagiante. “Se o entrevistador não estiver bem, ele pode avaliar se o astral do candidato é capaz de cativá-lo, mesmo nesta situação”.
A psicóloga organizacional Beatriz Magadan avaliou que o bom humor, por si só, não é o elemento-chave para conquista de um emprego, necessariamente. Mas refletiu que, em um processo seletivo, avalia-se a condição do candidato de trazer esse lado positivo para dentro da organização.
“Posicionar-se na entrevista de forma bem-humorada, aproveitando a situação para poder contar sua trajetória, eventualmente até rindo de si mesmo, favorece”.
Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-ES), Fabiola Costa, o comportamento cabe em qualquer área. “Bom humor é uma expressão que sugere acolhimento, receptividade ao outro, leveza e suavidade na nossa expressão. Isso cabe em qualquer lugar”.
Contudo, ressaltou que para algumas áreas é uma condição essencial, como gestão de pessoas, marketing, comercial, que são áreas mais relacionais.
“O bom humor está relacionado a olhar o lado positivo das coisas. Claro que nem tudo se pode suavizar. Algumas situações precisam de mais reserva, seriedade”, frisou.
No dicionário, bom humor significa “boa disposição”, conforme a Master Coach de Carreira e Liderança e pós-graduanda em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness, Angela Mulet.
Um ambiente de trabalho positivo tem consequências que extrapolam as paredes da empresa.
“Ele melhora o desempenho e consequentemente a produtividade como um todo da companhia”, ressaltou a especialista.
Ajuda para tirar o foco da dor
A fisioterapeuta Chrislayne Afonso da Silva, 30, trabalha com pilates e é conhecida pelo seu astral. Além da competência, seu humor contribui não só para conquistar oportunidades, como para mantê-las.
Seus pacientes, em sua maioria, sentem dor, desconforto. “Creio que ser bem humorada me ajuda a cativar quem está ao redor, deixa o ambiente mais leve e facilita, diminuindo a resistência do paciente ao tratamento”, contou, orientando o paciente Josué Andrade de Almeida.
Também paciente, João Pedro Valentim, 18, explicou que ela é muito divertida, usa música e nunca deixa o ambiente ficar para baixo. “Acaba deixando a gente mais motivado para fazer os exercícios e até para ir lá à clínica. E acaba tirando o foco da dor”.
A paciente Simone Stauffer Schawenck, 46, não conseguia fazer academia e tinha começado pilates em outros lugares e parado. “Ela conseguiu fazer com que eu me apaixonasse pelo pilates”.
Tristeza é uma emoção, e mau humor é um comportamento
Qual é a diferença entre tristeza e mau humor? “A tristeza é uma emoção, já o mau humor é um comportamento”.
A explicação é da vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-ES), Fabiola Costa. Ela explicou que o ser humano pode até sentir tristeza e isso o levar a estar mal humorado.
“O bom humor na verdade é um comportamento. Está sendo visto como uma habilidade, uma competência. A forma como eu me comporto, me comunico, me relaciono com o outro”.
A Master Coach de Carreira e Liderança e pós-graduanda em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness, Angela Mulet explicou que o mau humor é a externalização de uma insatisfação.
Já em relação a tristeza, ela destacou que é algo que faz parte da vida de todo mundo, principalmente em situações de perda. “A gente passa por essas situações e sai mais fortalecido”.
Entenda
Entrevista
Em uma entrevista de emprego, além das habilidades técnicas, as comportamentais também são avaliadas.
Quando o candidato concorre a uma vaga de emprego, o recrutador avalia também se ele vai ser um profissional de fácil convivência, que vai contribuir para melhorar o clima organizacional.
O bom humor está muito relacionado ao estado de felicidade e bem estar. Quando o profissional não está bem, dificilmente vai ter o estado emocional para o bom humor.
Contudo, também está relacionado à forma de ver a vida. Há profissionais que ficam remoendo situações, em vez de encará-las como oportunidade de aprendizado.
Após a contratação
Dentro da empresa, o bom humor pode contribuir para elevar a produtividade da equipe. Em estado positivo, os profissionais aprendem mais, são mais criativos e inovadores.
Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia apontou que o trabalhador feliz é, em média, 31% mais produtivo; três vezes mais criativo e vende 37% a mais.
Ascensão na carreira
Além disso, associado a outras habilidades, o bom humor pode contribuir para ascensão na carreira, facilitando a conexão entre pessoas. Ele abre portas para o estabelecimento de contato, por exemplo.
Mas o alto astral em excesso também pode ser prejudicial no ambiente corporativo
Fonte: Especialistas citados na reportagem.
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