Aposentado perde R$ 29.900 com o golpe do “chupa-cabra”
Criminosos instalam em caixas eletrônicos um aparelho para copiar dados da tarja magnética dos cartões
Escute essa reportagem
Apesar de fraudes envolvendo o celular terem se tornado maioria, ataques que aproveitam caixas eletrônicos não desapareceram. No Espírito Santo, 29 pessoas foram vítimas do golpe do “chupa-cabra” em 1 ano. O maior prejuízo foi de um aposentado de 82 anos, que perdeu R$ 29.900 em um terminal de autoatendimento.
O golpe envolve um aparelho para copiar dados da tarja magnética dos cartões, e às vezes, até uma câmera minúscula é usada para observar e aprender a senha do cliente.
O equipamento para roubar os dados do cartão apelidado de “chupa-cabra” chama a atenção pela espessura minúscula: 0,68 mm, só um pouco mais grosso que o cartão em si, que costuma ter 0,52 mm.
Já a câmera, quando usada, é instalada em um painel falso na frente do caixa, escondida no que parece ser um espelho para o consumidor observar se há alguém atrás dele. Minúscula, ela consegue observar o teclado numérico e guardar o PIN de quatro dígitos do cliente.
O aposentado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que foi vítima do golpe em razão da idade, preferiu que o filho falasse com a reportagem. Pedro Barcelos, de 40 anos, conta que tudo aconteceu na agência do banco do bairro em que o pai reside, Jardim Camburi, em Vitória.
“Sempre que o visitamos, ele costuma sacar dinheiro para dar aos netos. Tenho dois filhos e esse é um hábito dele, acredito que esse episódio tenha sido um azar. O crime aconteceu em março do ano passado e o banco mesmo se responsabilizou”.
O filho lamenta que, em uma idade de descanso, o pai tenha que enfrentar as consequências de um golpe. “É triste que não tenha paz nem na velhice e ter de viver em alerta”.
Segundo o titular do 6º Distrito de Polícia de Vila Velha, delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, a tarja magnética dos cartões é um ponto fraco, já que os dados armazenados não contam com nenhum tipo de criptografia.
“Esse golpe é antigo e complexo. Os criminosos que encabeçam a organização não são do Estado, eles vêm de fora, na maioria das vezes da Paraíba”.
Segundo o delegado, os golpes acontecem tanto em entes cuja competência é da Polícia Civil quanto em órgãos federais, o que requer a atuação da Polícia Federal. “Eles são organizados e buscam formas de atrapalhar o trabalho da polícia, por isso é difícil chegar ao núcleo dos esquemas”.
Rodrigues orientas para que as vítimas, ao perceberem que o cartão ficou retido na máquina, peçam ajuda no banco ou à polícia.
“Não se deve passar senha e outros dados pessoais. É preciso desconfiar de quem não tem competência para auxiliar os vitimados, é necessário desconfiar”, sugere.
Bancos são responsáveis por casos nas agências
Os bancos e seus clientes são alvo constante da ação de criminosos. São muitos os golpes cometidos em caixas eletrônicos e, diante do prejuízo, fica a pergunta: quem paga a conta?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui uma súmula que costuma reger as decisões acerca do assunto. Diz o documento que “as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.
Responder objetivamente significa que não é preciso comprovar a culpa da instituição. Assim, em regra, se a situação ocorrer, ela é responsável e deve ressarcir o cliente lesado.
Rafael Calmon, juiz civilista, diz que se não comprovada a hipótese de culpa exclusiva da vítima, de terceiro, ou a excelência do sistema, a instituição financeira deve ser responsabilizada pela ação de fraudadores.
SAIBA MAIS
> Famoso nos EUA
Primeiros relatos
- Também conhecido como skimming de caixa eletrônico, é uma forma de fraude financeira em que dispositivos chamados de “chupa-cabra” são usados para roubar informações de cartão de crédito e débito em terminais de saque.
- Os chupa-cabras são projetados para parecer parte do caixa eletrônico e são conectados aos leitores de cartão para capturar dados do cartão de pagamento.
- Os chupa-cabras podem também ter câmeras ocultas instaladas para registrar códigos PIN do cliente.
- Os golpistas usam o skimming de caixa eletrônico para obter informações pessoais ilegalmente para lucrarem com elas.
- O uso de caixas eletrônicos comprometidos por dispositivos de clonagem representa um sério risco para sua segurança financeira e pode permitir que os golpistas façam pagamentos online fraudulentos ou até falsifiquem o cartão.
- Por isso, é importante prestar atenção ao seu entorno e verificar se os caixas eletrônicos que você está usando são seguros.
> Métodos de golpe
Criminosos são organizados
- Existem vários tipos de dispositivos de clonagem de cartão em uso, e cada um deles é projetado para diferentes tipos de golpes em caixas eletrônicos.
- Porém, todos são projetados para serem praticamente invisíveis a olhos destreinados e desavisados.
- Os principais são:
- Leitores de cartão de crédito falsos colocados sobre a ranhura para leitura do cartão para registrar dados da tarja magnética.
- Sobreposições para o teclado do caixa eletrônico para capturar botões pressionados e códigos PIN.
- Câmeras ocultas em miniatura para registrar a atividade do usuário e os dados do cartão.
- Chupa-cabras colocados dentro do leitor de cartão para roubar dados do chip do cartão.
Como identificar e o que fazer
- Os sinais indicadores de chupa-cabras são: leitor de cartão volumoso demais, resposta estranha do teclado de PIN ao toque, anexos incomuns em outras partes da máquina.
- Se houver atividades incomuns, como débitos diretos desconhecidos ou retirada fraudulenta de um caixa eletrônico, entre em contato com seu banco imediatamente para que eles possam bloquear o cartão clonado e impedir que o fraudador pegue seu dinheiro.
- Procurar agentes das polícias Civil ou Federal e realizar boletim de ocorrência.
Fonte: Pesquisa AT e especialistas citados.
Comentários