Álvaro Duboc: "ES vai receber investimento de 50 bilhões"
Segundo o secretário de Estado de Economia e Planejamento, as empresas têm vindo para o Estado por encontrar aqui um bom ambiente de negócios
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Secretário de Estado de Economia e Planejamento desde janeiro deste ano, Álvaro Duboc afirmou em entrevista ao jornal A Tribuna que o Espírito Santo receberá mais de R$ 50 bilhões em investimentos públicos e privados até 2026, segundo dado que foi publicado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
O governo do Estado tem como maiores desafios nos próximos anos buscar soluções juntamente ao governo federal para os gargalos logísticos nos modais rodoviário e ferroviário, segundo o secretário.
A Tribuna - Qual o atual cenário econômico do Estado?
ÁLVARO DUBOC - O Espírito Santo tem alguns diferenciais competitivos. Então isso acaba pautando as ações de governo e do setor produtivo. A localização é estratégica e privilegiada, com uma atividade portuária estruturada e avançada competitivamente, e tem possibilidade de avançar mais nessa vocação para o comércio exterior.
Temos o Porto da Imetame, o Porto Central e o Porto de Petrocity, no Sul do Estado. Hoje, o Estado tem uma capacidade logística muito importante. Muitas empresas estão vindo para o Espírito Santo para fazer a distribuição de seus produtos, sobretudo na região de Viana, com a proximidade das BRs 101 e 262.
O que o governo tem feito para atrair essas empresas?
O Espírito Santo tem outros fatores que atraem as empresas. Estabilidade institucional, com a credibilidade do poder executivo, do judiciário, do Ministério Público, da Assembleia, do Tribunal de Contas, com a sociedade e com o setor produtivo. Isso traz segurança jurídica para investidores.
O Estado, desde 2012, tem nota máxima na gestão fiscal em avaliação do Ministério da Economia. Nesse quesito tem a locação de recursos públicos e racionalização do uso dos recursos públicos.
Quais os grandes investimentos para a cadeia logística?
Investimos em quase 1.000 quilômetros de recuperação, duplicação e melhorias das rodovias estaduais. Cerca de 600 quilômetros já entregues e outros 400 em execução. Investimentos para melhorar a mobilidade na Grande Vitória, com a entrega da entrada Sul de Vitória, no Portal do Príncipe, entregamos parte da Rodovia das Paneleiras e até abril vamos entregar o viaduto na região, que vai melhorar todo o escoamento no início da BR-101.
Outro investimento é a rodovia ES-388, entre Vila Velha e a região de Amarelos, em Guarapari, a rodovia para a Região Serrana, para desafogar o trânsito da BR-262 e impulsionar o turismo naquela região.
Na agricultura, qual o cenário atual e para os próximos anos?
Em quase 80% dos municípios a principal atividade é a agrícola, sobretudo a familiar. Investimentos em rodovias ajudam no escoamento da produção, reduzindo tempo de deslocamento e movimentando a economia. O Espírito Santo foi talvez o único do País que durante a pandemia não reduziu seu poder de investimento público.

Qual a importância dos incentivos fiscais?
Empresas têm vindo para o Estado por conta do bom ambiente de negócios e incentivos fiscais, como o Programa de Incentivo ao Investimento no Estado (Invest-ES) e o Programa de Desenvolvimento e Proteção à Economia do Estado (Compete-ES). Tem o Fundo Soberano, que é mais uma ferramenta de atração de novos negócios. Para se ter uma ideia, entre janeiro e fevereiro cerca de 117 empresas estão se instalando no Estado por conta desses incentivos, com a criação de quase 800 empregos diretos.
Um boletim lançado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) mostra que até 2026, o Estado vai receber mais de R$ 50 bilhões em investimentos públicos e privados. Grande parte desses investimentos são em plataformas industriais, fruto desse bom ambiente de negócios e da estabilidade fiscal, que são diferenciais do Espírito Santo.
Quais os principais desafios para os próximos anos?
Conseguir sair do isolamento logístico. Essa foi uma agenda do governador Casagrande com o governo federal que saiu em 2022 e com o governo Lula. A duplicação da BR-262, melhorias e duplicação de trechos da BR-259, entre João Neiva e Aimorés, a relicitação da concessão da BR-101, a Ferrovia Centro-Atlântica, que liga o Centro-Oeste, passando por Minas Gerais aos portos capixabas. Temos um gargalo num trecho dessa ferrovia. Com isso se perde velocidade e competitividade e muitas vezes o produtor rural de Goiás e do Distrito Federal prefere escoar sua produção pelo Nordeste do que trazer para o Espírito Santo.
Outra ferrovia é a EF-118 que vai ligar a Ferrovia Vitória-Minas de Cariacica até Anchieta, no porto da Samarco. Essa ferrovia, o projeto e a obra, já está pactuado com a Vale, no processo de renovação da concessão da Vitória-Minas. Vai melhorar a capacidade logística do porto em Aracruz, quanto do Porto Central. Em 1.000 quilômetros ao redor do Espírito Santo temos cerca de 70% do mercado consumidor brasileiro.
QUEM É
Álvaro Duboc
Tem 58 anos, é bacharel em Ciências Jurídicas, pós-graduado em Direito do Estado e master em Gestão Empresarial. Atuou por 32 anos na Polícia Federal. Foi coordenador-geral de operações da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos do Ministério de Justiça.
Foi secretário de Estado de Ações Estratégicas (2011 a 2014) e secretário de Estado de Governo (2022), tendo assumido a secretaria de Estado de Economia e Planejamento pela segunda vez.
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