Alívio e cautela: como as autoridades do ES reagiram ao "tarifaço de Trump"
Itens importantes da indústria capixaba estão entre os 694 produtos isentos, mas outros, como café e frutas, ficaram de fora
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A divulgação da lista de exceções à tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, trouxe alívio para o Brasil e, especialmente, para a economia do Espírito Santo.
Trump assinou e divulgou o decreto que formaliza o tarifaço. O documento explica que o governo americano vai impor tarifas de 40%, e que elas vão se somar à de 10%, em vigor desde abril.
No entanto, essa taxa total, de 50%, não vai mais entrar em vigor na sexta-feira (1), como estava previsto. O decreto prorroga o prazo para a próxima quarta-feira, dia 6.
Ao todo, 694 produtos ficaram de fora da taxação, incluindo alguns com forte peso na pauta exportadora capixaba, o que reduz a apreensão inicial. Ainda assim, no entendimento do governo, empresários e especialistas, o momento exige prudência e cautela, já que nem todos os produtos sensíveis ao Estado foram contemplados.
O quartzito, principal rocha ornamental exportada pelo Espírito Santo, entrou na lista de exceção, o que representa uma vitória parcial. Porém, outras rochas e o café ainda estão fora.
Pelas redes sociais, o governador Renato Casagrande disse que o governo está acompanhando com muita atenção todo o desdobramento das medidas tomadas pelo governo americano.
“A gente teve a inclusão de alguns produtos e a não inclusão de outros nas exceções, naquilo que não vai incidir tarifa. Por exemplo, o café não entrou, e o café é muito importante para nós. Frutas também são produtos que não entraram nessa lista de exceções”, disse o governador, que complementou:
“Houve a inclusão de um item importante, que era a celulose. Houve a inclusão do quartzito, que é também um tipo de pedra ornamental que nós exportamos para os Estados Unidos. Isso foi bom para a economia capixaba”.
O diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira, ressalta que a abertura dessa lista cria um precedente para que as negociações sigam envolvendo o governo brasileiro e os estados, junto com empresários. “Essa via da diplomacia tem que prosperar.”
“Ficou acima das minhas expectativas”, diz Ricardo

Sob a liderança do vice-governador Ricardo Ferraço, na quarta-feira (30) aconteceu mais uma reunião do Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação. Dessa vez, com o setor industrial.
No encontro, foi apresentado um diagnóstico que reforça a preocupação do setor. Mas o que ganhou grande destaque foi a divulgação da lista das exceções.
Ricardo Ferraço, coordenador do comitê, reagiu à medida, dizendo que as exceções, estavam “acima das suas expectativas.”
“Finalmente saiu a chamada ordem executiva do governo norte-americano, e veio com uma lista de exceções. Algumas coisas são positivas para nossa economia, como celulose e o quartzito, que não terá tarifaço. A boa notícia — se é que é possível ter uma boa notícia — é que veio uma lista grande de exceções e, ao longo dos próximos dias, as negociações vão continuar”.
Para ele, os clientes dos produtos brasileiros e capixabas estão se movimentando para mostrar ao governo americano que isso não causa apenas problema e impacto na economia do Estado, mas também para os Estados Unidos.
“Entrou, por exemplo, na lista de exceção, suco de laranja e polpa de laranja. Então, a minha expectativa é que também entre nessa lista o café, o que vai trazer um grande alívio para a economia capixaba. Mas temos preocupações com gengibre, pescado, pimenta-do-reino. Enfim, vamos continuar atentos, trabalhando e conversando com o setor empreendedor”.
Ele ressaltou que a orientação do governador Renato Casagrande é ouvir os setores, diagnosticar os impactos e buscar soluções.
“Começamos a semana de um jeito e estamos encerrando de outro, por conta das mudanças. Amanhã podem surgir novas alterações. Estamos atentos e vamos usar todos os meios que o governo tem para atenuar esse processo de transição para as empresas realmente afetadas. Mas a contrapartida para o apoio será a manutenção dos empregos e do nível de atividade econômica no Estado”.
Enquanto isso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) está organizando uma missão empresarial aos EUA para aproximar empresas brasileiras e americanas que mantêm relações comerciais.
O objetivo é promover a sensibilização mútua sobre os impactos negativos do tarifaço e ampliar canais de interlocução, sem interferir diretamente nas negociações governamentais.
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