Agência melhora nota brasileira
Uma das principais classificadoras de risco do mundo, a S&P Ratings citou reforma tributária, entre outros pontos, para a mudança
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A agência de classificação de risco S&P Global Ratings aumentou, ontem, a nota de crédito soberano do Brasil após a aprovação da reforma tributária. Agora, o País passa a ter a classificação BB, antes era BB-.
A nota ainda está no chamado grau especulativo, mas o País está mais perto do grau de investimento. Esse patamar mostra que um País tem baixo risco de calote para quem investe em títulos da dívida. A última vez em que o Brasil teve a nota BB pela S&P foi em 2018, quando a agência baixou a classificação no governo Michel Temer.
A perspectiva para o atual rating é “estável”. O Tesouro emitiu nota na qual afirmou que o País “está no caminho certo”. O ministro Fernando Haddad festejou, mas disse que o Brasil já deveria estar em grau de investimento. Ao elevar o rating, a agência apresentou pontos a favor da mudança e fez alertas.
“Uma reforma tributária recentemente aprovada no Brasil amplia o histórico de implementação de políticas pragmáticas do País nos últimos sete anos”, disse a S&P.
A promulgação das mudanças está prevista para hoje. A reforma já havia sido mencionada pela S&P como condição para o aumento do rating. Em junho, a agência melhorou a perspectiva de longo prazo do Brasil de “estável” para “positiva”, mas manteve a nota de longo e curto prazo em "BB-".
A atuação do Banco Central também foi citada. “A forte posição externa do Brasil, a taxa de câmbio flexível e o regime de política monetária baseado em estrutura de metas de inflação conduzida por um Banco Central autônomo apoia a nota”, disse a instituição.
A S&P ainda citou melhora nas projeções de crescimento econômico. Disse ainda que o Brasil deve manter uma forte posição externa, com a forte produção de commodities. Mas a agência afirmou que a situação fiscal do País continua a restringir a qualidade de crédito.
O texto-base do projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que cria as bases do Orçamento de 2024, foi aprovado pelo Congresso com déficit zero. A meta é uma promessa de Haddad. Aliados do presidente Lula, no entanto, já apontam que a projeção terá de ser alterada, para evitar bloqueio de recursos para obras e investimentos.
ENTENDA
Mais investimentos e empregos
O que é nota de crédito ou rating?
As agências de classificação de risco avaliam a capacidade de uma instituição ou país pagarem suas dívidas e, conforme essa capacidade, atribuem-lhes nota que pode ir de AAA (o famoso triple A), para os melhores pagadores, a D, dada a quem já está em inadimplência.
As três principais agências que fazem isso são Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s (S&P). À medida que um país sobe na escala, ele mostra aos investidores que é capaz de honrar compromissos, por estar estar com contas públicas em ordem.
O que é grau de investimento?
É uma espécie de selo de bom pagador. Ou seja, atesta a capacidade do país ou empresa de honrar seus compromissos. Com ele, o país atrai aportes, pois é entendido como um porto seguro para o investidor.
Na prática, ele funciona como um termômetro e pode influenciar na decisão de investidores estrangeiros alocarem capital no Brasil.
O que significa para o Brasil?
A S&P está informando que o desempenho macroeconômico e fiscal brasileiro está melhorando. O País está a 2 degraus do grau de investimento.
No curto prazo, tende a contribuir para a trajetória de queda do dólar. No médio e longo prazos, à medida que a nota sobe, a tendência é de atrair mais investimentos, o que melhora a economia e cria empregos.
“Fruto da harmonia entre os Poderes”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil precisa crescer acima da média mundial e avaliou que isso será inevitável se os Poderes trabalharem “bem”.
“O Brasil tem que crescer acima da média mundial, no mínimo a gente tem de crescer igual à média. Mas, se trabalharmos bem, não tem como não crescer acima da média. São duas coisas que temos que nos fixar. Mas isso tudo depende do trabalho conjunto entre Executivo, Legislativo e Judiciário”, disse.
Ele voltou a elogiar os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, e observou que a agenda depende do Parlamento e do Judiciário
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