Aço chinês cria conflito entre indústrias. ES pode ser afetado?
“Invasão” de material estrangeiro põe em atrito siderúrgicas, que pedem sobretaxa, e os setores beneficiados pelos preços baixos
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A possibilidade de mudança na taxação da importação do aço chinês vem colocando a indústria brasileira em conflito. Se por um lado siderúrgicas querem aumentar as alíquotas de importação de 11% para 25%, por outro segmentos da indústria que usam a matéria-prima metálica são contrários à medida.
As siderúrgicas protocolaram o pedido para o aumento na Câmara de Comércio Exterior (Camex), do governo federal. Mas uma coalizão composta por 16 entidades de outros setores da indústria trabalha para tentar barrar o pedido. O Comitê Executivo de Gestão da Camex (Gecex), que reúne 10 ministérios, é quem decidirá.
O especialista em engenharia econômica Lélio Monteiro explicou que, caso ocorra o aumento da taxação, haverá uma melhora da situação das siderúrgicas que atuam no País, já que a mudança torna o aço chinês menos competitivo.
Mas o aumento do preço do aço de fora ocasiona também o aumento do preço do material nacional, já que reduz a competitividade, importante para o mercado. Isso levaria a um aumento nos preços de produtos como veículos e eletrodomésticos, entre outros, sendo um desgaste para o governo.
Para analistas políticos, a questão é uma barreira para a criação da sobretaxa. O economista Heldo Siqueira Junior explicou que o ramo de siderurgia é muito importante para a indústria nacional.
“Proteger esse setor é importante para a manutenção de investimentos e empregos. Por outro lado, as indústrias de bens duráveis precisam de insumos baratos para manter a competitividade”, avaliou o economista.
Exemplo dos efeitos da “invasão” de aço importado é o que ocorre na siderúrgica Gerdau. A empresa vem efetuando demissões no País — já foram 700, segundo informações do jornal O Globo.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, frisou que a taxa de penetração do aço importado no mercado brasileiro é de 18%, o que, na visão dele, derruba a tese da invasão chinesa.
O maior custo dos produtos é o aço, conforme lembra o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marcelo Leite.
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) foi procurada, mas não se manifestou.
Especialista cita efeito negativo em sobretaxa
Todo aumento de imposto é contracionista, segundo o especialista em engenharia econômica Lélio Monteiro. Ele explicou que na prática isso significa que quando se onera um produto barato que vem de fora, ele também fica mais caro internamente.
Se o Brasil aumentar a taxação do aço chinês, por exemplo, as siderúrgicas têm menos incentivo para serem mais competitivas já que vão conseguir lucrar mais com menos esforço. “Competitividade é importante, é um tentando ser melhor que o outro”.
Na prática, ao mesmo tempo que os empregos nessas empresas são protegidos, os empregos nas empresas que utilizam o aço acabam ficando mais vulneráveis, já que o custo de produção aumenta. No somatório, influencia negativamente a geração de emprego.
“O que precisa analisar é se há concorrência desleal por parte da China, principalmente no que tange a comercialização de produtos a preços abaixo do custo de produção”, diz o especialista.
Especialistas veem ameaça a investimento no Espírito Santo
A “invasão” do aço chinês no Brasil poderá prejudicar investimentos da indústria siderúrgica nacional, inclusive no Estado.
O economista Heldo Siqueira Júnior explica que o ramo da siderúrgica é muito importante para a indústria nacional, e que uma possível sobretaxa a esse aço estrangeiro seria importante para a manutenção de investimentos e empregos.
Um dos exemplos de investimentos previstos nesse segmento está no Espírito Santo: A ArcelorMittal planeja instalar um laminador de tiras a frio em Tubarão, mas o CEO da empresa, Jorge Oliveira, já admitiu recentemente, durante evento no Estado, que o cenário pode adiar ou até tornar o investimento inviável.
Com a possibilidade do aumento na taxação do aço da China realizado pelos Estados Unidos, a demanda pelo produto chinês será reduzida no mundo, o que deve reduzir os preços, segundo especialistas.
O membro do Conselho do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC) Fausto Frizzera destacou que uma siderúrgica da China produz quase o que todas as siderúrgicas brasileiras produzem juntas.
O professor de economia da UVV, Fabrício Azevedo, explicou que se o Brasil não trabalhar com políticas protecionistas, a indústria que utiliza esse aço pode ser favorecida, mas quem produz o aço, será prejudicado.
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Siderúrgicas
As siderúrgicas protocolaram o pedido para o aumento da alíquotas de importação do aço de 11% para 25%, na Câmara de Comércio Exterior. O Comitê Executivo de Gestão da Câmara, que reúne dez ministérios do Governo Federal, que deverá avaliar a medida.
Uma das maiores siderúrgicas do país, a Gerdau demitiu 700 funcionários.
Coalizão
Uma coalizão composta por 16 entidades de segmentos da indústria está trabalhando para tentar barrar o pedido do aumento da alíquota de importação do aço. Uma das alegações é de que o aço vai ficar mais caro internamente, aumentando o custo de produção das empresas que dependem do metal.
Origem
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer fazer o aumento da taxação, alegando o fortalecimento das siderúrgicas nacionais. Contudo, especialistas lembram do interesse em frear a ascensão da China.
Fonte: Especialistas citados na reportagem e pesquisa AT
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