60 mil tentam negociar dívidas, limpar o nome e não conseguem
A inadimplência trava a economia e atrapalha as vendas do comércio e da indústria. É de 1,27 milhão o número de inadimplentes no Estado, mas nem todos estão com nome sujo porque querem. Pelo menos 60 mil tentam renegociar suas dívidas com os credores, mas não conseguem.
O número informado é da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES). Os motivos para isso são variados. Há desde o devedor que não consegue oferecer garantias de que vai pagar a dívida até a percepção do credor de que há algum modo de recuperar todo o dinheiro que lhe é devido.
O número total de inadimplentes foi fornecido pela Serasa, empresa que atua com serviços de proteção ao crédito.
Para José Carlos Bergamin, diretor da Fecomércio-ES, os consumidores passaram por um período de desestruturação, muitos perderam o emprego, em razão de negócios e serviços terem ficado inativos, e entraram em inadimplência incomum.
“É muito ruim quando não há negociação”, disse Bergamin, ao considerar que comércio e governo, por meio do Refis — refinanciamento de dívidas com o poder público —, têm sido mais flexíveis. Mas o mesmo, segundo ele, não ocorre no setor bancário e nas instituições financeiras.
“São grandes grupos econômicos que fazem procedimentos nacionais. Não conseguem avaliar caso a caso. É importante conversar com o devedor e saber como ele pode pagar. Nesses casos, o credor é invisível para o devedor. Os níveis de decisão para encarregados e gerentes é mínimo”.
A contadora Mônica Porto explicou que os maiores endividamentos no Brasil envolvem cartão de crédito. Justamente porque a cobrança de juros também é maior: “A pessoa paga o mínimo e quando vai ver já deve o dobro”.
O advogado Rodolfo Santos Silvestre, especialista em relações de consumo, explicou que a dificuldade de negociar é maior quando o credor avalia que o consumidor tem condições de pagar a divida:
“O consumidor que tem emprego ou algum bem como carro ou imóvel, por exemplo. Outro perfil que tem dificuldade é quem não consegue oferecer garantia”.
Ele disse que entra na lista os consumidores que se antecipam ao vencimento da dívida, já percebendo que não vão conseguir pagar: “Se a dívida não venceu, dificilmente consegue-se renegociar.”
Saiba mais
Inadimplentes No Brasil
- São cerca de 62,5 milhões de inadimplentes.
- O valor médio de cada dívida é de R$ 41.162,43.
- Cada consumidor deve em média: R$ 3.937,98.
No Espírito Santo
- Inadimplentes: 1,27 milhão.
- Valor médio das dívidas por pessoa: R$ 4.014,48.
- Valor médio de cada dívida: R$ 1.047,90.
Negociação
A negociação requer diálogo e um acordo entre ambas as partes. Contudo, em alguns casos o consumidor tem dificuldade de negociar.
Dificuldade
A dificuldade em renegociar acontece principalmente quando o consumidor demonstra ter alguma condição de pagar a dívida, como aponta o advogado Rodolfo Silvestre. Seja por ter emprego fácil de comprovar renda, como o caso de servidores públicos ou por ter algum bem material, como carro ou imóvel. Já que isso mostra para o credor que ele pode conseguir, de algum modo, receber o valor integral.
Também tem dificuldade de negociar aquele que não consegue oferecer uma garantia de que vai conseguir cumprir com o novo acordo.
E, por fim, aquele consumidor que demonstra grande preocupação com a dívida, já se antecipando ao problema. Antes mesmo de ela vencer, ele já quer renegociar.
O que fazer se não conseguir renegociar?
O melhor caminho é organizar no computador ou no papel as dívidas. De forma que consiga visualizar o prazo de cada um e os juros. Na hora de pagar, o melhor é priorizar as dívidas que têm maior taxa de juros. Outra opção também é tentar trocar dívidas maiores por menores.
Fonte: Serasa e advogado Rodolfo Silvestre.
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