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Cidades

“Déficit na educação vai impactar uma geração por 20 anos”, diz especialista


Imagem ilustrativa da imagem “Déficit na educação vai impactar uma geração por 20 anos”, diz especialista
Especialista em Educação, Ismael Rocha disse que professores não foram capacitados para atuar de forma online |  Foto: Divulgação

A pandemia da Covid-19 não vai deixar sequelas apenas na saúde, mas também na educação, com um déficit que vai impactar uma geração por 20 anos.

Quem faz a afirmação e fala do cenário desafiador é o doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), especializado em avaliações escolares, Ismael Rocha.


A Tribuna – O ensino remoto traz prejuízos?

Ismael Rocha – Sem dúvida. Recentemente saiu uma pesquisa que mostra que 80% das escolas públicas no Brasil não têm uma internet possível de ser utilizada, não têm acesso à tecnologia, não só Wi-Fi de banda larga, mas também não têm equipamentos para acessar os conteúdos.

Nós temos um problema de infraestrutura, que é uma barreira enorme. Se não olharmos para isso com muita atenção, concentrarmos no padrão de conhecimento que esses meninos têm, a gente estará tentando cobrir uma situação com um tecido muito fino, vamos chegar do outro lado com uma realidade muito triste.

Existem outros aspectos que impactam no ensino?

Sim, mas antes de falar do aluno, vamos analisar o lado do professor. Infelizmente, eles não foram capacitados para trabalhar o ensino online. Eles aprenderam a trabalhar no presencial.

Eles são historicamente atores de teatro, estão acostumados a desenvolver a sua performance tendo um palco e uma plateia. De uma hora para outra, precisaram ser atores de televisão, muda-se a linguagem, o tempo, a narrativa, ou seja, os professores não foram preparados para isso. Eles foram para o ensino online, foram forçados para isso, sem ter uma preparação, uma capacitação.

O professor não teve tempo de se capacitar?

Não foi dada a ele o direito de ser capacitado, de conhecer as ferramentas para que pudesse usar uma linguagem que fosse realmente adequada.

Isso é um dificultador no ensino-aprendizagem?

Na educação nós temos uma coisa chamada de aprendizagem significativa. Os meninos e meninas aprendem coisas que fazem sentido para eles, ou seja, alguma coisa que conseguem aplicar no dia a dia e, aí sim, conseguem absorver e trabalhar com essa informação, mas isso não tem acontecido.

Os alunos da rede pública são os mais prejudicados?

Sem dúvida. A falta de capacitação dos professores ocorre porque as secretarias de Educação e o Ministério da Educação não tomaram providências para capacitá-los, isso é função do órgão público.

A escola particular investiu nos seus profissionais porque quer melhorar a performance dos seus alunos para o Enem.

O presidente Jair Bolsonaro vetou o projeto de lei que previa ajuda financeira de R$ 3,5 bilhões da União para estados, Distrito Federal e municípios garantirem acesso à internet para alunos e professores das redes públicas de ensino em decorrência da pandemia. O Congresso derrubou o veto só que primeiro vêm as licitações e até que esses equipamentos cheguem na ponta, já estaremos em 2022.

Então, temos: professores despreparados, falta de equipamentos e alunos desmotivados. É uma equação absolutamente visível.

Isso vai impactar no Enem?

Não tenho dúvida. Os alunos terão uma dificuldade enorme em processar o que será cobrado.

É um déficit incalculável?

Esse déficit que temos representa preço muito alto. Existem indicadores que apontam que esse déficit vai impactar uma geração por 20 anos.

O problema que estamos falando é que essa pirâmide social que temos no Brasil vai ficar ainda mais crítica porque estamos até agora falando de uma realidade da escola pública, não estamos falando de uma realidade da escola particular, de escolas de ponta como a gente tem no Espírito Santo e em todo o Brasil.

Esses meninos (rede privada), estão aprendendo, vão conseguir ter uma boa pontuação no Enem e, consequentemente, eles vão deixar para traz aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades.

E o que acontece com os alunos da rede pública?

Alguns entram em universidades públicas porque têm as cotas, mas nem todos conseguem acompanhar porque existe esse déficit de aprendizagem. E o que acontece? Eles, lamentavelmente, desistem de concluir o ensino superior.

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