"O vírus destruiu nossos sonhos”, lamenta noiva de dono de hamburgueria vítima do Covid
Logo depois do sepultamento do empresário Fábio Moraes Brito, 37 anos, marcado por homenagens – carreata e acenos de moradores que se despediam em suas casas, em Cariacica-Sede, onde ele tinha a sua hamburgueria –, sua noiva Bethania Amaral Emmerick conversou com a reportagem de A Tribuna. O enterro foi na tarde desta segunda-feira (15).
Sem esconder a tristeza e revolta, Bethania, que também é empresária, falou dos sonhos que não poderão mais ser realizados. Veja a entrevista:
A Tribuna – Como o novo coronavírus surgiu na vida do seu noivo?
Bethania Amaral Emmerick – Nós dois ficamos doentes. Só que, no meu caso, foi como uma gripe. Para ele, foi a morte. Fizemos exames de sangue em um laboratório, que deram negativo, pois estava no começo dos sintomas. Mesmo assim, fizemos isolamento juntos.
Tive dor de cabeça leve, febre baixa, um pouco de diarreia, de falta de ar e tosse seca. Já Fábio teve febre alta, dor nas costas muito forte, perdeu olfato e paladar. Ele teve falta de ar, como se tivesse asma. Era angustiante vê-lo daquele jeito e sem poder fazer nada, pois procuramos atendimento, mas ele era liberado para casa.
Ele era do grupo de risco?
Estava acima do peso e era hipertenso. Ele queria ser internado, pois tinha medo de morrer e não conseguir realizarmos os nossos sonhos.
Muitos sonhos?
A gente tinha tantos planos, só que o coronavírus destruiu os nossos sonhos. Estávamos reformando o apartamento, com viagem marcada de lua de mel para Gramado (RS). Iríamos nos casar no final do ano, casamento no Civil mesmo, com um churrasquinho. Essa viagem seria no ano que vem, em julho. No dia 18 de julho, ele fazia aniversário.
O que fica de lembrança?
Lembrança de quem veio ao mundo para viver intensamente. Ele era carismático, caridoso, amava ajudar o próximo, era risonho, um empreendedor nato. Há cinco anos, abrimos a hamburgueria.
Fábio era uma pessoa do bem, que só fez coisas boas. Ele cumpriu uma linda missão. Não sei como será a minha vida.
Sinto muita dor, mas essa dor é de todos, pois essa doença não escolhe quem será a próxima vítima. Claro que, no caso dele, teve muita negligência. Talvez, se ele tivesse sido internado antes, recebido o tratamento adequado, ele teria vencido essa guerra.
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