“Eu sobrevivi a duas pandemias”, conta idoso de 102 anos que superou a Covid
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Com um pouco mais de um século vivido, o aposentado José Augusto dos Anjos Filho, conhecido na cidade onde mora – Baixo Guandu, no Noroeste do Estado – como “Zezé do Engenho” ou “Seu Zé”, tem muita história para contar, entre elas, a de que conseguiu sobreviver a duas pandemias.
Seu Zé nasceu no pico da gripe espanhola no Brasil, em 1918, e não se contaminou. Agora, aos 102 anos, comemora a vitória contra a Covid-19.
Além disso, nos últimos dois anos, o alfaiate aposentado enfrentou três pneumonias e lutou pela vida, no ano passado, quando passou oito dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital na Serra.
“Mereço um prêmio. Sobrevivi a duas pandemias. Passei por dois séculos, guerras mundiais, gripe espanhola, três pneumonias e ainda consegui vencer o coronavírus”, brincou o idoso durante entrevista, na tarde de sexta-feira (5).
A filha do aposentado, a dentista Maria Áurea dos Anjos Sad, contou que, dois dias depois de completar 102 anos de vida, comemorado em 16 de maio, o pai começou a apresentar um quadro forte de falta de ar, sendo levado.
Seu Zé foi levado, então, na segunda-feira (18), para um hospital particular, em Aimorés, cidade mineira que fica a cinco quilômetros de Baixo Guandu.
No hospital, médicos e familiares não imaginavam que o aposentado poderia ter sido infectado pela Covid-19, pois ele já tinha apresentado quadros constantes de pneumonia. Mas os exames mostraram a gravidade do caso e ele precisou ser internado.
“Um raio X identificou que o pulmão dele não estava bem. Ele estava isolado, mas tinha convivência com outras pessoas que trabalham na casa dele. Foi feito o teste de Covid na terça-feira (19) e, uma semana depois, saiu o resultado: positivo”, contou Maria Áurea.
A notícia foi recebida com muita tensão pelos familiares do Seu Zé. “Foi um susto para todo mundo. Ele já tem 102 anos”, relatou a advogada e também filha do idoso, Maria Helena dos Anjos.
O aposentado precisou ficar isolado em um quarto do hospital para onde foi levado, permanecendo no local até o dia 28, uma quinta-feira, quando recebeu alta e seguiu para casa. A mulher, filhas e outras pessoas que tiveram contato com ele fizeram o teste para Covid-19 e o resultado foi negativo.
“Vou rezar e dançar muito forró”
Feliz por ter vencido mais uma batalha ao longo dos seus 102 anos, o alfaiate aposentado José Augusto dos Anjos Filho só tem a agradecer. Ele, que foi diagnosticado com o novo coronavírus e está curado da doença, conversou com a reportagem de A Tribuna na tarde de sexta e afirmou que sentiu muita falta da família.
A Tribuna – Como o senhor está se sentindo?
José Augusto dos anjos – Estou ótimo. Pronto para voltar para minha casa e minha esposa.
Sentiu muita falta de sua mulher?
Muito. Somos casados há 75 anos. Nunca fiquei tanto tempo longe dela. Quando estive internado, eu fiquei muito preocupado com ela, com meus bisnetos e netos.
Como será o futuro daqui para frente?
Eu só quero ficar perto da família. Quando eu chegar em casa, vou rezar junto com minha esposa e agradecer. Depois, quando tudo passar, vou reunir todo mundo e dançar muito forró.
Quer deixar uma mensagem para quem está lutando contra a Covid-19?
Tenha muita fé, não desista. Peça a Deus que Ele te concederá.
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