Trem das onze
Coluna foi publicada no domingo (10)
Leitores do Jornal A Tribuna
Shanghai, China. No aeroporto de Pudong um cidadão comum, Lu Cong Mei, embarca em um trem de última geração, conhecido como Maglev, rumo ao centro da cidade. Em dois minutos ele já está a 300 km/h, confortavelmente flutuando sobre os trilhos. Mais alguns instantes e ei-lo a 430 km/h, aproximando-se do centro de Shanghai. Não há barulho ou poluição – este incrível trem, alimentado por energia elétrica, flutua sobre o chão graças a um sistema magnético.
Sua velocidade máxima, atingida durante os testes, foi de 500 km/h. A reação de Lu, ao desembarcar no centro de Shanghai: “maravilhoso, parecia que eu estava voando”.
Tokyo, Japão. Na linha experimental de Yamanashi o primeiro Maglev japonês é testado. Em poucos minutos alcança a incrível velocidade de 581 km/h. O governo japonês, entusiasmado com os resultados, aprovou a construção de uma linha conectando Tokyo a Nagoya.
Mas fiquemos com os trens comuns. Voltemos ao dia 1º de abril de 1964, quando foi inaugurado o primeiro trem de alta velocidade japonês, o Tokaido Shinkansen. Naquela época atingia de 210 km/h. O sucesso foi imediato, tendo sido alcançada a marca de 100 milhões de passageiros transportados em apenas 3 anos. Em 1976 o popular “trem-bala” japonês transportava seu bilionésimo passageiro.
No ano de 2003 a JR Central, empresa que administra este sistema, informou que o atraso médio das chegadas dos trens em relação à tabela de horários era de 6 segundos. 6 segundos! Este incrível sistema ferroviário já transportou, desde sua criação, mais de 6 bilhões de passageiros.
Seul, Coréia do Sul. No dia 31 de março de 2004 inaugura-se a Gyeongbu Line, ligando Seul a Busan através do KTX (Korean Train Express), que alcança a velocidade de 350 km/h. Este serviço está em plena expansão. No ano de 2006 transportou 36,49 milhões de passageiros.
Paris, França. Há uns 30 anos iniciava-se a construção das linhas especiais para o TGV, o trem de alta velocidade francês. Em operação normal atinge 320 km/h, mas já alcançou 574,8 km/h. Atualmente as linhas de TGV cruzam todo o país.
Alemanha, 1991. Na estação de Kassel-Wilhelmshöhe inaugurava-se o sistema de trens InterCityExpress. Hoje estes trens cruzam toda o país a 300 km/h, reduzindo os níveis de ruído e poluição causados pelo uso de caminhões, carros e aviões.
Brasil, século XXI. Dos 29.798 km de ferrovias que temos, 10 mil foram construídos pelo Imperador D. Pedro II, e não atendem as necessidades do momento atual. 7.000 km de trilhos estão inativos. Temos 30 a 40% da malha ferroviária em estado deficiente, segundo levantamento da ANTT. A velocidade média dos nossos trens é de 20 km/h. Assim, passam pelas ferrovias apenas 20% de nossas cargas. Como é possível tamanho descalabro? Quem ganha com isso?
Alheio a este debate lá está o Jeca Tatu na estação, cantarolando a música imortal de Adoniran Barbosa: “se eu perder este trem, que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã”.
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