Saúde da mulher: prioridade além dos cuidados ginecológicos
Leitores do Jornal A Tribuna
A importância dos cuidados com a saúde da mulher é sempre um tema bastante oportuno, enfatizado em campanhas e esforços no sentido de promover oportunidades e difundir a necessidade de se estender cada vez mais o acesso a serviços de qualidade com o objetivo de prevenir doenças e combatê-las em tempo hábil.
Quando se fala em saúde da mulher, tradicionalmente a prioridade tem sido o cuidado no campo da saúde ginecológica, com foco na reprodução (do pré-natal ao parto), métodos contraceptivos, além da prevenção ao câncer de mama e outras neoplasias comuns no público feminino.
Felizmente, tais esforços têm apresentado, ao longo dos anos, muitos avanços no sentido tanto da conscientização quanto da promoção da saúde para as mulheres. Esses esforços também têm ajudado a identificar os gargalos que ainda permeiam a realidade de muitas que enfrentam dificuldades em receber a atenção devida.
A saúde feminina, contudo, vai além das questões ginecológicas, embora muitos aspectos serem interligados. E manter hábitos saudáveis é a melhor forma de prevenir doenças, como diabetes, hipertensão, obesidade e diversos tipos de câncer.
De modo geral, a recomendação é fazer uma atividade física de, pelo menos, 30 minutos por dia, manter o peso ideal e alimentar-se adequadamente. Também vale conversar com o médico, que irá avaliar as particularidades de cada organismo e, se for o caso, estabelecer outras práticas.
Paralelamente, a saúde mental também deve ser colocada como prioridade. Segundo o mapeamento chamado “Ser Mulher: a saúde da mente delas”, realizado em 2021 pela NOZ Pesquisa e Inteligência, em parceria com o Instituto Bem do Estar, cerca de 84% das mulheres estão excessivamente preocupadas, 65% estão sem ânimo para atividades e o sentimento de culpa excessiva é constante para 45%. Além disso, 80% das entrevistadas contaram que estão mais ansiosas.
Infelizmente, ainda vivenciamos uma cultura que estimula a supressão de alguns sintomas e ignora os sinais (alguns até muito claros) de desgaste mental e emocional. É fundamental, nesses casos, identificar a necessidade de buscar ajuda, independente da opinião de quem quer que seja. É preciso entender as causas desses transtornos, tão comuns do nosso tempo, e tratá-los devidamente. Muitos processos da saúde mental e emocional não tratados, suprimidos ou mal curados podem desencadear muitas outras complicações, inclusive no corpo, o que ainda dificulta o tratamento dos problemas já existentes.
Uma assistência ampliada que envolve procedimentos preventivos e tratamentos assertivos se faz cada vez mais necessária para que as mulheres sejam beneficiadas com os cuidados que abrangem todos os aspectos de sua saúde.
Que, nesse contexto, sejam contempladas por um serviço humanizado que permita planejar sua família, prevenir doenças, serem cuidadas, cuidarem de si mesmas e daqueles que mais amam.
Thaissa Tinoco é médica ginecologista e mastologista.
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