Rede de apoio é essencial para que mães consigam amamentar
A sociedade passa a entender que, assim como a família, também faz parte da rede de apoio para as mães
Leitores do Jornal A Tribuna
O leite materno é perfeito e adequado para a nutrição e necessidades imunológicas da criança, ajudando ainda a prevenir infecções. A amamentação promove o vínculo entre mãe e filho e proporciona segurança alimentar.
Apesar dos desafios da pandemia desde as regras de distanciamento, a dificuldade de manter equipes para apoio ao aleitamento treinadas, menos oportunidades de aconselhamento quanto a amamentação, uma pesquisa coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que as taxas de aleitamento materno vêm crescendo no País, e a amamentação está mais presente na vida de bebês de até dois anos.
Sabemos que há muito o que melhorar. A campanha Agosto Dourado tem proporcionado conhecimentos e incentivo quanto a amamentação, ajudando a mudar o pensamento de que amamentar diz respeito apenas à mãe. A sociedade passa a entender que, assim como a família, também faz parte da rede de apoio, que envolve muitos protagonistas, incluindo, além do serviço de saúde, o local de trabalho e a comunidade.
Muitas mães ainda encontram dificuldades para amamentar em locais públicos, inibidas pelo desconforto que possam gerar. Esclarecer a sociedade sobre a necessidade de acolher as lactantes é fundamental, é necessário entender o valor da amamentação e os desafios enfrentados pelas mulheres.
Sabemos que os benefícios para a saúde da mãe e do bebê são inúmeros. Para a criança, ser alimentada exclusivamente com o leite materno durante os seis primeiros meses reduz a mortalidade – em menores de cinco anos; diminui a incidência e a gravidade de infecções como diarreia, infecções respiratórias, otite; reduz a chance de ter quadros de alergia, como rinite alergia e asma; e é capaz de reduzir doenças da vida adulta como sobrepeso, obesidade e diabetes.
Para as lactantes, atenua a chance de câncer de mama, de diabetes, de depressão pós-parto, aumenta o período que vai ficar sem menstruar – a amenorreia lactacional, e o mais importante, promove o vínculo afetivo da mãe com o filho.
Após 6 meses de vida do bebê, a mãe pode começar a introduzir outros alimentos, mas o leite materno continua como o melhor. A amamentação é de livre demanda, sem fixar horários, e sim quando o bebê quiser. O pediatra tem papel fundamental no sucesso da jornada, atento quanto a sua recomendação sobre as escolhas da alimentação infantil.
Toda a cadeia de sustentação deve ser fortalecida desde o preparo para a amamentação no pré-parto, aos cuidados maternos no parto, estabelecimento da amamentação pós-natal, com apoio do serviço de saúde, a manutenção da amamentação no primeiro ano e se possível por mais tempo. E o envolvimento do governo é fundamental para em conjunto criarmos um ambiente favorável ao cumprimento da meta global de amamentação.
É preciso estar ao lado das mães, acolhendo e ajudando em todos os momentos. A informação é a ferramenta para que a sociedade compreenda a importância desse ato de amor, que protege a saúde de mães e filhos. Assumindo o papel de aceitar e acolher com empatia, podemos fazer muito pelo bem-estar das crianças do futuro.
Karla Toríbio Pimenta é pediatra e diretora de Recursos Próprios da Unimed Vitória
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