Obesidade: tratamento requer envolvimento do poder público
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (03)
A obesidade é uma condição de saúde complexa e multifacetada, que vai muito além da simples determinação individual. Enfrentar essa epidemia global exige ações coordenadas de diversos níveis governamentais, especialmente para abordar as disparidades sociais e econômicas que alimentam o problema.
Um estudo publicado na revista Scientific Reports mostrou que, até 2030, 68% dos brasileiros estarão enfrentando problemas de sobrepeso. O dado alarmante destaca a necessidade urgente de intervenções políticas e sociais.
Some-se a isso o fato de que o impacto da obesidade não é distribuído de forma equitativa. Mulheres, pessoas negras e aquelas com baixa renda e escolaridade são desproporcionalmente afetadas. Para combater essa realidade, é essencial que os gestores de saúde pública adotem medidas abrangentes e eficazes.
Medidas como a taxação de alimentos não saudáveis e políticas que garantam tempo para atividades físicas são cruciais. Essas ações incentivam escolhas mais saudáveis e criam ambientes que promovam estilos de vida ativos e equilibrados. Estratégias como essas podem modificar comportamentos a longo prazo, integrando alimentação saudável e atividade física no cotidiano.
Os recursos gerados por essas taxas podem ser reinvestidos em programas de saúde pública, educação nutricional e infraestrutura para atividades físicas. Promover um ambiente mais saudável também envolve regulamentar a publicidade de alimentos para crianças e oferecer alimentos nutritivos nas escolas e locais de trabalho.
A criação de espaços públicos seguros e acessíveis para atividades físicas é essencial. Parques, ciclovias e centros esportivos gratuitos ou de baixo custo incentivam um estilo de vida mais ativo. A educação física deve ser valorizada nas escolas, garantindo que as crianças desenvolvam o hábito de praticar exercícios regularmente.
Essas medidas não devem ser isoladas. Uma abordagem colaborativa e multidisciplinar é necessária para tratar a obesidade de forma eficaz. Isso inclui esforços entre setores governamentais, organizações não-governamentais, comunidades e o setor privado. Campanhas de conscientização pública são fundamentais para educar a população sobre os riscos da obesidade e as maneiras de preveni-la.
O poder público deve criar políticas que tratem e previnam a obesidade. Incentivos fiscais para empresas que promovem a saúde dos funcionários, subsídios para alimentos saudáveis e regulamentação do marketing de junk food são algumas políticas possíveis. Garantir acesso a alimentos nutritivos e ambientes seguros para exercícios é crucial.
Enfrentar a obesidade requer uma abordagem proativa e abrangente por parte do poder público. Somente com políticas bem planejadas e implementadas, e colaboração entre diferentes setores da sociedade, será possível reverter essa tendência. Garantir um futuro mais saudável para todos os brasileiros é uma meta ambiciosa, mas alcançável com envolvimento e comprometimento de todos.
