Pilates, além do benefício físico, traz estímulos ao cérebro |  Foto: © Divulgação/Canva

A prática do Pilates está sendo cada vez mais reconhecida não só por seus benefícios físicos, mas também por suas vantagens para o cérebro, como a melhora da memória. Essa conexão pode ser explicada principalmente por causa das técnicas de respiração utilizadas no Pilates.

A respiração consciente e controlada, um princípio fundamental do método, ajuda a aumentar o fluxo de oxigênio para o cérebro, o que pode melhorar a função cognitiva e a capacidade de memória.

Joseph Pilates, o criador do método, enfatizava que a respiração adequada é essencial para a eficácia dos exercícios. A técnica de respiração do Pilates, frequentemente chamada de “respiração lateral torácica”, envolve inspirar profundamente pelo nariz, permitindo que as costelas se expandam para os lados, e expirar completamente pela boca. Este tipo de respiração não apenas melhora a eficiência pulmonar, mas também estimula a circulação sanguínea, potencializando a nutrição das células cerebrais e suportando a saúde cognitiva.

Estudos recentes têm apoiado a ideia de que exercícios que envolvem controle respiratório, como o Pilates, podem ter um efeito positivo na memória. Por exemplo, um estudo de 2016 publicado na “Journal of Exercise Rehabilitation” encontrou melhorias significativas na memória de curto prazo em idosos que praticaram Pilates por um período de 12 semanas. Acredita-se que os benefícios sejam resultantes tanto da melhoria na capacidade respiratória quanto no aumento do fluxo sanguíneo cerebral.

Com a prática regular, os exercícios de Pilates podem ajudar a manter a função motora e a coordenação à medida que envelhecemos. A manutenção da coordenação motora fina e da habilidade de realizar movimentos complexos pode ajudar a prevenir quedas e lesões, especialmente em idosos, contribuindo assim para um envelhecimento mais saudável e ativo.

Além disso, a respiração profunda e controlada é uma forma eficaz de ativar o sistema parassimpático, promovendo um estado de relaxamento e permitindo que o cérebro descanse e se regenere, o que é crucial para a consolidação da memória e o aprendizado.

A relação entre a redução do estresse e a memória é substancial. Quando o corpo está em um estado de estresse crônico, o cérebro pode sofrer danos devido à liberação constante de hormônios do estresse, como o cortisol. Esses hormônios podem afetar áreas do cérebro, como o hipocampo, que é crucial para a formação de novas memórias. A prática de Pilates, com seu foco na respiração e na redução do estresse, pode ajudar a mitigar esses efeitos negativos.

Integrar a respiração consciente do Pilates na rotina diária pode ser uma estratégia valiosa para melhorar a saúde mental e a memória. Demonstra que o Pilates é mais que uma atividade física, é uma abordagem holística que beneficia o corpo e a mente, sugerindo um campo fértil para futuras pesquisas sobre os efeitos interconectados do exercício físico e da saúde cognitiva.

Dessa forma é imprescindível para um cuidado adequado com a saúde mental a atuação da equipe multidisciplinar, juntando o que há de mais recente em neurociências e psiquiatria e a prática do pilates, promovendo o envelhecimento saudável do corpo integralmente.

Letícia Mameri é médica do trabalho e psiquiatra |  Foto: Acervo pessoal