O pensar coletivo no restauro de patrimônios históricos
Empresas de todo o Brasil coparticiparem de projetos de preservação de patrimônios materiais e imateriais
Leitores do Jornal A Tribuna
Poucos sabem, mas o Brasil foi pioneiro na preservação do patrimônio histórico. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) foi a primeira instituição criada com essa finalidade em todo o continente americano. Sua criação antecede até mesmo a do Instituto Nacional de Antropologia e História do México, país onde historicamente sempre houve forte relação entre patrimônio e identidade nacional.
Graças a esse ineditismo e ao trabalho desenvolvido pelo IPHAN, já há 85 anos, tem sido possível a empresas de todo o Brasil coparticiparem de projetos de preservação de patrimônios materiais e imateriais.
Atuo numa empresa com longa história de projetos com o IPHAN. Um dos mais memoráveis resultou numa publicação há 20 anos: “Avaliação das Condições de Conservação do Patrimônio Histórico do Convento de Nossa Senhora da Penha”.
O estudo foi feito por biólogos, geólogos, engenheiros químicos e fotógrafos, que permaneceram, por um ano, no Convento, para avaliar as condições de preservação. A pesquisa culminou, em 2006, na publicação de um livro chamado “Convento da Penha – Fé e Religiosidade do Povo Capixaba”, de Francisco Aurelio Ribeiro, como uma verdadeira radiografia das condições deste que é principal monumento turístico e religioso do Estado.
Foi também nessa época que, em parceira com outra empresa, fizemos ampla recuperação da mata em torno do Convento. O trabalho técnico e acompanhado por especialistas priorizou mudas e espécies comuns no ecossistema atlântico do Estado e, que, provavelmente já existiam no entorno do monumento. A atuação incluiu também enriquecimento da área de plantio com mais de 45 mil mudas de espécies da Mata Atlântica. Estudos feitos alguns anos depois mostraram que o plantio foi bem-sucedido, resultando em expressiva recuperação da flora.
E assim tem sido ao longo dos anos. Sempre por meio de parcerias, temos contribuído em obras de restauro por todo o Espírito Santo, vide o Theatro Carlos Gomes, a Fafi, a Fábrica de Casacas, o Galpão das Paneleiras, o Palacete Bigui, em Muqui, o convento de São Francisco, no Centro de Vitória, entre outros imóveis. E assim será com o Forte São Francisco Xavier, no 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha.
Nunca atuamos sozinhos. Fazemos parte de um amplo tecido social e, historicamente, entendemos a importância do pensar coletivo, da união de saberes e conhecimentos.
Com essa obra de restauro que, acima de tudo respeita sua arquitetura, memória e identidade, o Forte ganhará espaços funcionais e modernizados, se abrirá para exposições de arte e cultura, atrairá público que poderá conhecer suas belezas e ajudar a construir um futuro que reconheça sua história, seu passado, seu patrimônio.
JOÃO BOSCO REIS DA SILVA é gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal Tubarão
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