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TRIBUNA LIVRE

O lugar mais triste do mundo

| 17/07/2020, 08:54 h | Atualizado em 17/07/2020, 08:57
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna


Eram 8h20 de um sábado gelado na Polônia quando o trem partiu da estação central de Cracóvia com destino a um dos endereços mais tristes da história da humanidade: o campo de concentração de Auschwitz.

A ansiedade seca a boca, dilata a pupila, palpita o peito, sua as mãos e aperta o coração. Imaginar que por aquela mesma linha férrea, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), cerca de 1,5 milhão de seres humanos passaram por aquela mesma linha férrea e nunca mais voltaram. Conseguiram sair de Auschwitz apenas pela chaminé das câmaras de gás.

O que será que passou pela cabeça daquelas pessoas além do desespero? Eram amontoadas em trens que, antes da guerra, eram usados para transportar animais. O regime nazista perseguiu, roubou, sequestrou, prendeu, torturou, escravizou e matou mais de seis milhões de pessoas, 1,5 milhão só em Auschwitz. Eram judeus, comunistas, presos políticos, desertores, ciganos, negros, homossexuais, pessoas com deficiência. Na visão do chanceler alemão Adolf Hitler estes sujeitos não se encaixavam nos padrões que a supremacia branca ou a superioridade ariana exigiam – e precisavam ser exterminados. Mesmo que a propaganda nazista mostrasse o contrário.

Aliás, mentir era uma das estratégias de poder do nazifascismo. Na entrada do campo de concentração, a frase em alemão: “Arbeit macht frei” traduzindo para o português, “o trabalho liberta”. A história mostrou que Auschwitz nada teve a ver com liberdade. Pelo contrário!

Toda memória do campo está conservada no Memorial de Auschwitz fundado em 1947 por iniciativa de ex-prisioneiros dois anos após a Segunda Guerra. Eles sabiam que a única forma de curar as feridas do Holocausto era não as esquecer.

Os galpões com tijolinho a vista cercado por cercas e torres de controle são dezenas e estão intactos. Dentro deles, as memórias do maior genocídio da história. Inúmeros documentos e imagens da época, os alojamentos precários, latrinas, 40 mil malas que nunca voltaram para casa, próteses de pessoas com deficiência e dezenas de milhares de óculos de grau. Dois itens chamam a atenção: mais de uma tonelada de cabelo que fora cortada dos prisioneiros e centenas de latas do pesticida Zyclon B, o veneno usado nas câmaras de gás.

E dentro da câmara de gás senti o maior vazio do mundo enquanto tocava as paredes que ainda têm finas fissuras provocadas pelas unhas de seres humanos desesperados que morriam enquanto “se banhavam” na água misturada ao veneno. O convite para o “banho” era mais uma mentira. A derradeira! Depois do “banho”, os corpos eram incinerados em fornos, que também estão conservados. Do lado de fora, a imponente e perversa chaminé, a única fuga para mais de um milhão de pessoas.

Se os prisioneiros eram tatuados com uma numeração de identificação assim que chegavam ao campo, eu fui embora de Auschwitz marcado pra sempre. Marcado pela real possibilidade que o ódio tem de ser PERVERSO e colocar em risco o futuro da humanidade.

Filipe Chicarino da Silva é jornalista e mestre em Sociologia Política

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