Novas chuvas, velhos problemas
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (25)
Leitores do Jornal A Tribuna
O verão chegou, a mais alegre estação do ano para alguns, mas também a mais problemática para outras pessoas. Suas altas temperaturas e previsíveis fortes chuvas, que têm por característica nuvens carregadas que despejam grande volume de água em áreas concentradas, causam, infelizmente, muitos estragos, prejuízos, deixando desabrigados e vítimas em nossas cidades.
Os intensos temporais nesta época são inevitáveis, mas o que poderia amenizar todo este transtorno, sem dúvida, seria um choque em nosso planejamento urbano, com a adoção de políticas para fortalecer e aplicar as legislações ambientais e o Plano Diretor das cidades, que são instrumentos de defesa e direcionamento da ocupação do solo.
A população brasileira teve crescimento muito acelerado no século XX. Na década de 1950, éramos 55 milhões de habitantes e com grande parte vivendo em áreas rurais, hoje somos 203 milhões, segundo o IBGE, e para piorar 84,4% desta população está vivendo nas cidades, concentrando o problema em um espaço cada vez mais escasso.
O desmatamento nos leitos dos rios somado à ocupação desordenada de encostas, além claro da proximidade das moradias aos mananciais hídricos, são fatores de prejuízos e tragédias durante as chuvas torrenciais, mas a impermeabilização do solo com os cimentados em volta das casas e asfaltos nas vias complicam ainda mais esta equação.
Os locais de risco são, em geral, ocupados por populações carentes que buscam espaço nas cidades ao longo dos anos. E, só depois que já estão consolidados, o poder público se insere no território, levando alguma infraestrutura. Porém, normalmente, o planejamento chega tarde, e resta à Defesa Civil entrar em ação, fazendo o trabalho de amenizar o impacto e se preparar para os dias críticos quando as chuvas chegarem.
O Espírito Santo possui 50% de sua população vivendo na Grande Vitória, e, há poucas semanas, o grande calor na Região Sudeste do País levou nossas autoridades a ficarem alertas com a baixa linha d'água nos rios e a possibilidade de racionamento ou falta de água nas casas.
Isso nos leva a uma necessária reflexão: aproveitar esta época chuvosa para uma política urgente de criação de grandes áreas para represamento das águas dos nossos mananciais hídricos. Seria ideal aproveitar parte das águas do verão para serem usadas nas temporadas mais secas e, também, serviria para diminuir o volume dos rios que cortam a área urbana de nossas cidades durante as chuvas, melhorando significativamente a gestão das águas pluviais.
Um mapa do caminho para mitigar estas ações extremas da natureza seria Estado e municípios partirem efetivamente de ações de planejamento, com mapeamento de áreas vulneráveis, maior rigidez e fiscalização nas áreas ambientais e de risco, incentivo fiscal a empresas para armazenamento de águas de chuva, maior uso de pisos drenantes nas vias e proteção das áreas verdes, ajudando no amortecimento das correntes de água.
As chuvas, para alguns países, são uma dádiva para suas plantações, fazendo a diferença entre a vida e morte de gerações. Mas, para nosso País, em alguns casos, todos os anos as novas chuvas nos trazem velhos problemas.
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna