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TRIBUNA LIVRE

Nosso futuro

Coluna foi publicada no domingo (27)

Pedro Valls Feu Rosa | 28/08/2023, 11:10 h | Atualizado em 28/08/2023, 11:11
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem Nosso futuro
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo |  Foto: Arquivo/AT

Rosineide é uma criança brasileira, moradora de um dos milhões de barracos que existem no nosso País. Dia desses, entrevistada ao acaso por um jornalista que fazia uma matéria sobre a pobreza, ela conseguiu resumir em uma frase o que tem sido a sua vida: “os ratos daqui parecem tatus e correm pelas paredes. De noite, comem tudo o que estiver em cima da mesa”. É isso aí. Rosineide disputa alimentos com os ratos. Com frequência ela própria vira a comida e acaba sendo mordida por um roedor esfomeado.

Rosineide não está sozinha. Segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas 45% dos indigentes brasileiros tem menos de 15 anos de idade. Isto significa que temos sobre o solo deste Brasil tão rico quase 23 milhões de jovens miseráveis na mesma situação de Rosineide. 

Rosineide não tem apenas fome. Tem sede – e sede que dificilmente será saciada, dado que, segundo a ONU, um terço de nossas crianças não tem acesso a água tratada. Se todas essas crianças pudessem simplesmente beber água potável teríamos milhões de casos de mortalidade infantil e desnutrição a menos nos envergonhando. 

Rosineide, seguramente, gostaria de poder estudar de forma decente. Porém, vítima de tantos infortúnios, ela acabará engordando aquela estatística segundo a qual, em cada grupo de 100 crianças, 41 não concluirão sequer o ensino fundamental. Talvez seja por causa disso que 68% dos brasileiros entre 15 e 64 anos não conseguem ler nada além de um anúncio de cinco palavras, conforme constatou o respeitado IBOPE. 

E é assim que Rosineide passa cada vez mais tempo pelas ruas. Com ela uma massa de 50 mil crianças que perambulam diariamente pelas grandes e ricas cidades brasileiras pedindo esmolas. O mais chocante sobre este verdadeiro ‘Exército de Miseráveis Mirins’ é que quase a metade dele tem menos de seis anos de idade. 

Com toda a certeza Rosineide não gostaria de passar a vida pedindo esmolas. Preferiria trabalhar. Mas trabalhar aonde, dada sua baixa qualificação? E assim lá está ela catando lixo em algum dos grandes lixões brasileiros – aliás, 22% dos mais de 25 mil catadores de lixo têm menos de 14 anos.

Mas, pensando bem, trabalhar para que? Afinal, segundo o IBGE, 48,6% das crianças entre 5 e 14 anos que trabalham no Brasil simplesmente não ganham nenhuma remuneração. A propósito merece ser relembrada uma pesquisa divulgada em 2003 pela Organização Internacional do Trabalho, segundo a qual o Brasil tinha 5,5 milhões de crianças trabalhando, a metade delas sem receber. A jornada de trabalho desses escravos, digo, crianças, não é pequena – no mínimo 40 horas semanais. Claro, há também aquelas crianças, digo, escravos, que recebem remuneração – precisos 41,5% deles, que ganham no máximo meio salário mínimo. 

Dizem que as crianças são o amanhã e que o Brasil é o país do futuro. Pode ser. Mas temo que estejamos ignorando um tão sábio conselho de Winston Churchill, segundo quem “cidadãos saudáveis são o maior bem que qualquer país pode ter.

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