Mobilidade urbana e alternativas para redesenhar nossas cidades
Leitores do Jornal A Tribuna
O dinamismo do crescimento de nossas cidades, com inchaço populacional e de veículos automotores, tem causado ao longo dos anos diversos transtornos, desde os engarrafamentos no deslocamento da população para o trabalho e as atividades do cotidiano, como também a própria qualidade de vida nos centros urbanos que é prejudicada pela poluição e outros fatores, como as ilhas de calor, que deixam algumas edificações insalubres.
Em todo o mundo, arquitetos urbanistas e técnicos pensam e ensaiam propostas de melhorias para as cidades, buscando minimizar os impactos da expansão urbana, tentando corrigir com projetos e planejamentos.
Refletindo sobre esses problemas, e com olhar atento a dois importantes pontos que envolvem Vitória e Vila Velha, especificamente a Terceira Ponte e o Canal da Costa, dois desafios, fiz alguns estudos.
Vivenciando os engarrafamentos diários da Terceira Ponte, em 2016 lancei uma ideia de instalação de uma ciclovia nas laterais da via, sendo suas defensas das extremidades voltadas para a baía de Vitória, usadas como barreira de prevenção ao suicídio.
A proposta foi impactante na sociedade, e se disseminou rápido pela internet. Na época, a ideia foi chamada de “maluca” e sonhadora, mas teve apoio da população.
Felizmente, este conceito foi usado pelo governo do Estado para nortear um projeto de melhoria na ponte, dentro do Plano Estratégico de Mobilidade Urbana.
E como cabeça de arquiteto não para de pensar, a nova ideia polêmica seria a construção de um parque linear nas margens do Canal da Costa/Garanhuns, hoje com 10 km de extensão em sentido paralelo ao litoral, e percorre 17 bairros em Vila Velha, da baía de Vitória ao rio Jucu.
Partindo da definição do que seria um parque linear, que nada mais é do que uma área verde implantada nas margens do manancial hídrico para proteção de seu ecossistema, área de vazão em caso de chuvas torrenciais, e servindo de lazer para a população.
Quais seriam as vantagens desta ousada intervenção? Além do fantástico ganho ecológico com a revitalização do canal, teríamos um corredor de circulação, onde a população poderia se deslocar a pé, bicicleta ou veículos elétricos, longe dos congestionamentos.
Naturalmente teríamos atrativos no trajeto verde: o Morro do Convento, Morro do Moreno, três shoppings, terminais de ônibus, dentre outros atrativos. Fechando com chave de ouro, chega-se às margens do rio Jucu, com seu potencial de turismo.
Alternativas para o desenvolvimento sustentável de nossas cidades existem. Técnicos e população precisam ser ouvidos e atendidos pelo poder público.
Nossas cidades precisam ser redesenhadas, tomando como ponto de partida o pedestre e suas demandas, buscando facilitar e minimizar o impacto de seu deslocamento com modais de transporte eficientes, confortáveis e harmônicos como o meio ambiente.
Heliomar Venâncio é mestre em arquitetura e conselheiro do CAU-ES.
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