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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Mais um ano sem acordar João

| 31/05/2021, 08:54 h | Atualizado em 31/05/2021, 08:56

As festividades continuam suspensas devido aos protocolos sanitários para impedir aglomerações e conter o avanço das novas cepas do coronavírus, principalmente a cepa indiana.

Continua muito difícil para os que vivem e respiram o São João, mas a pandemia é maior que toda essa tradição. A cidade paraibana de Campina Grande, dona de uma das principais festas do País, terá mais um ano com toda a sua conhecida programação presencial suspensa.

Mais uma vez as apresentações vão ser transmitidas de maneira virtual por causa da pandemia da Covid-19. O São João de 2021 de Campina Grande homenageará o cantor Genival Lacerda, falecido em janeiro deste ano, em decorrência da Covid-19.

Pelo segundo ano consecutivo, não haverá balões no ar, nem xote e baião no salão. Enquanto a pandemia de Covid-19 avança, aqueles que se dedicam às quadrilhas juninas buscam alternativas para que o fogo não cesse e, quem sabe em 2022, volte a ocupar um lugar central nos festejos tradicionais do Nordeste.

É que, outrora, em um passado até recente, essa fogueira quase se apagou, mas não demorou, muito para recuperar a posição de destaque. Quem lembra deste fato é o pesquisador em cultura popular tradicional Henrique Pereira Rocha.

“Quando iniciei minha pesquisa sobre quadrilhas juninas em 1990, encontrei em jornais de Fortaleza manchetes como: 'Povo vem deixando de acordar João...' e 'Festas Juninas apagam-se', com datas entre 1968 e 1971”, afirma.

Entre as explicações expostas nas matérias dos jornais da época, estava a ausência de motivação espontânea das comunidades na realização da festa. Porém, logo a partir de 1976, segundo Henrique, os periódicos já apresentavam outra realidade em títulos como: "São João: bairros animados" e "Muita alegria na noite de São João" refletiam uma retomada das festividades e da prática de se dançar quadrilha.

Tirando essa situação do final da década de 1960, nos últimos 30 não houve interrupção da festa, nem quando estivemos em momentos mais críticos de seca nos meados da década de 1990.

“Os anos de 2020 e 2021 entrarão para a história do movimento junino como anos de interrupção dos festejos”, assinala o pesquisador.

Uma importante cadeia econômica produtiva deixa de funcionar, onde costureiras, sapateiros, maquiadores, figurinistas, chapeleiros e aderecistas, entre outros, estão sofrendo com essa obrigatória paralisação dos seus ofícios, com irreparáveis perdas de ganhos e a manutenção econômica de si e das suas famílias.

“O sentido da festa, e de se festejar São João nos próximos anos será mais forte, e guardará a memória dos entes queridos que se foram durante essa pandemia. Afinal, a pandemia nos empurra para o uso, a descoberta, o aproveitamento de diversos artefatos ‘novos’, e é padrão das quadrilhas juninas buscar o novo, experimentá-lo e se for válido incorporá-lo à tradição do fazer junino. Os espetáculos juninos, em sua forma e conteúdo, não serão exatamente os mesmos depois dessa experiência pandêmica”, acreditam todos os seus organizadores.

MANOEL GOES é escritor e gestor cultural.
 

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