Lipedema, a doença que sabota autoestima
Coluna foi publicada nesta sexta-feira (05)
Leitores do Jornal A Tribuna
Existem enfermidades que, embora não apresentem risco de letalidade, acarretam inúmeros prejuízos à saúde física e emocional de todos que as enfrentam. Uma delas é o lipedema, caracterizado pelo acúmulo desproporcional de gordura doente em algumas partes do corpo, como pernas, quadris e braços. Por ser de origem hormonal, atinge, na maioria das vezes, as mulheres.
Essa doença é progressiva e, se não tratada, pode evoluir para estágios mais graves e comprometer até mesmo a mobilidade da pessoa devido ao excesso de gordura no membro afetado.
Diante do diagnóstico, pacientes se deparam com um turbilhão de sentimentos: medo, incertezas, frustração e ansiedade. Mas, o que talvez seja mais latente é a autoestima abalada.
A insatisfação ao olhar no espelho e se enxergar em um corpo indesejado, o medo das insinuações desprovidas de empatia que apontam para a culpa; as críticas sobre a “falta de resultados”, por maiores que sejam os esforços. Afinal, o lipedema é frequentemente confundido com obesidade, mas, na verdade, essas duas condições são diferentes.
No caso do lipedema nas pernas, coxas e quadris, por exemplo, a mulher costuma ter um corpo com peso normal da cintura para cima e com excesso de gordura na parte inferior. Duas realidades em um único corpo, muitas relatam. Apenas a prática de exercícios e dieta não são suficientes para combater o lipedema, causando ainda mais frustração às pacientes.
Apesar de não ter cura, essa doença tem tratamento, que precisa ser contínuo e multidisciplinar, ou seja, com a atuação conjunta de especialistas, como endocrinologista, fisioterapeuta, nutricionista, angiologista e, em caso de necessidade de cirurgia, um cirurgião plástico.
O tratamento clínico, também chamado de conservador, é um aliado fundamental. Além de evitar a progressão da doença, ajuda a combater os sintomas da enfermidade, como dores nos membros atingidos, inchaços, hematomas e exaustão. E deve ser contínuo.
Paralelamente a esse conjunto de cuidados, é indispensável saber lidar com a própria imagem: saber se enxergar além de um acúmulo de gordura que não te define e tampouco te valida.
É claro que os resultados estéticos são importantes; a redução da gordura contribui para ajustar as formas do corpo, e a perda de peso é necessária para evitar que a doença se agrave. Tudo isso é o objetivo do tratamento, mas é preciso saber reconhecer a beleza dessa mulher que persiste e consegue reconhecer que seu valor vai além da aparência física que ainda não alcançou contornos desejados.
Valorizar-se é reconhecer que sua grandeza está na beleza da sua determinação, das decisões difíceis e necessárias tomadas diariamente para prosseguir na jornada, na consciência de que nenhum aspecto físico consegue diminuir o valor da mulher linda que você é; e que não será ofuscada por uma condição de saúde que não é opção sua. A vida é feita de escolhas, e a primeira precisa ser sempre olhar para além das imperfeições e limitações físicas, e não desistir de se tornar o melhor que puder e desejar ser hoje.
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Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna