Lições sobre riqueza e prosperidade
Leitores do Jornal A Tribuna
Diz-se que, há muito, viveu um homem, que, não obstante sua origem humilde, se tornara extraordinariamente próspero e abastado. Seus ensinamentos, narrados no best-seller “Arcade, o homem mais rico da Babilônia”, inspiraram princípios práticos de economia que enriqueceram praticamente todos aqueles que os aplicaram.
Acredita-se que o rei Sargão quisera fazer de seu império o mais opulento de todo o mundo antigo. Um problema, porém, perturbava-lhe o espírito, a saber, como edificar um reino esplêndido e exuberante se a maioria da população vive na penúria?
Contrariado com o fato de que apenas algumas pessoas concentrassem a maior parte da riqueza do país, convidou ele Arcade, famoso por sua imensurável fortuna e suntuosidade, para que ensinasse aos cidadãos como enriquecerem e prosperarem nos negócios.
Reunidos num salão foram todos a ouvir o magnata, que lhes surpreendeu ao dizer que o princípio da riqueza consiste em não se gastar mais que 90% do que se ganha, ou seja, guardar não menos que 10% de tudo que se aufere, a fim de se constituir um estoque de capital.
Sua concepção de dinheiro diferia, pois, daquela que o concebe apenas como meio de troca ou fonte de prazer. Longe disso, para ele, “o dinheiro é como um escravo que trabalha para que você não trabalhe mais para ninguém”.
Após constituir uma pequena provisão, cumpre que não a se dissipe com futilidades. É certo que as despesas crescem em proporção aos nossos rendimentos. A princípio, contudo, cumpre que não se confundam desejos com necessidades. Ao contrário, o célebre Arcade recomenda que se multipliquem os rendimentos, investindo-os de sorte que o dinheiro se transforme em mais dinheiro, evitando-se que se dissipe em futilidades e esbanjamento.
Segue-se disso que a riqueza reside, outrossim, na precaução contra perdas, isto é, o dinheiro conquistado deve ser aplicado com prudência. Não se deve investir em negócios aparentemente miraculosos. Vale mais ganhar pouco com segurança e contiguidade do que empregar dinheiro em transações de alto risco e volatilidade. A esse respeito, segundo Arcade, o maior investimento é o bem-estar e segurança da família. Nesse sentido, a conquista da casa própria constitui fundamento duradouro à felicidade do lar.
Ademais, urge que se assegure uma renda para as necessidades da velhice, acautelando-se com um provento condizente para os dias em que a idade já lhes tiver exaurido a força e o vigor da juventude, precavendo-se de que sua família não caia na indigência quando o provedor não for mais apto para ganhar dinheiro ou quando tiver de passar para o outro mundo.
Por fim, convém-se que se aumente constantemente sua capacidade de enriquecimento, buscando sempre qualificar-se adquirindo novos conhecimentos. Decerto, aqueles que buscam aprender mais sobre sua profissão serão ricamente compensados.
Essas são as lições transmitidas pelo homem mais rico da Babilônia a cerca de 4.000 anos atrás, embora sejam contemporâneas e aplicáveis nos dias de hoje.
FLÁVIO SANTOS OLIVEIRA é professor e doutor em História pela Ufes
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