Importância e desafios dos hospitais filantrópicos
Leitores do Jornal A Tribuna
O Sistema Único de Saúde (SUS) está presente na vida da população de formas diversas. Nas unidades básicas de saúde, à internação hospitalar, passando pela realização de exames, entre outros serviços. O financiamento desse sistema é feito com impostos do cidadão e partilhado pelos governos federal, estadual e municipal. Cabe à União definir as diretrizes das políticas nacionais, com a implementação feita pelos gestores estaduais e municipais.
Mas onde se encaixam os hospitais filantrópicos nessa rede de assistência? São instituições privadas, porém sem fins lucrativos, que possuem contrato com o sistema público para atendimento a pacientes do SUS.
Pelo menos 60% dos atendimentos oferecidos pelos filantrópicos são destinados, obrigatoriamente, ao SUS. Os demais podem ser direcionados a planos de saúde e pacientes particulares.
Equilibrar a balança de atendimento público-privado é o exercício diário dos hospitais filantrópicos, fundamentais para o funcionamento do sistema público.
Manter serviços, qualidade no atendimento e equilíbrio das contas com a eterna defasagem da tabela SUS são os grandes desafios.
As organizações filantrópicas são mantidas com doações, além de parcerias, convênios e políticas públicas pactuadas com governos municipais, estaduais e federal. É muito desafiador manter a dosagem entre receita, despesa e investimento.
O Hospital Santa Rita é um exemplo de unidade filantrópica que contribui com excelência na prestação de serviços ao cidadão, tanto na rede SUS quanto na de convênios e particular.
Foi construído em 1970 pela Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), que o mantém e o tem sob sua gestão. A Afecc é administrada por uma diretoria voluntária, que conta com colaboração de um conselho de administração, também não remunerado, que a auxilia nos direcionamentos estratégicos e administrativos tanto da associação quanto do hospital.
Para funções administrativas hospitalares são contratados profissionais especializados, com autonomia de ação, mas supervisionados pela diretoria da Afecc. O entrosamento e o comprometimento dos gestores possibilitam as tomadas de decisões que mantêm a instituição em crescimento.
Em 2020, por exemplo, 78,81% dos atendimentos do Santa Rita foram destinados ao SUS (422.158 assistências prestadas). Nosso contrato com a saúde pública é para atendimento oncológico. As demais especialidades médicas, incluindo também a oncologia, são prestadas a pacientes da rede particular e de convênios.
A estrutura hospitalar e tecnológica conta com profissionais altamente qualificados e equipamentos e sistemas de última geração. É o hospital referência em oncologia no Espírito Santo, bem como de excelência nas demais especialidades médicas.
Não é fácil e nem simples, mas ter voluntários, profissionais qualificados e parceiros comprometidos com a causa da filantropia fortalece a confiança para o crescimento de parcerias e doações.
Marilucia Dalla é presidente da Afecc-Hospital Santa Rita.
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