História do surgimento do Natal
Leitores do Jornal A Tribuna
Nos primeiros três séculos da era cristã, a comunidade dos discípulos de Cristo não festejava a data do nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo. Era tempo das perseguições, das catacumbas, dos mártires: a rudeza dos tempos não era propícia para tal celebração. A vitória de Constantino, na ponte Mílvio, reverteu a situação: o edito de Milão (Itália), promulgado no ano 313 da nossa era, marcou o fim das perseguições ao cristianismo.
Assim, começou a ser celebrado, pela comunidade dos discípulos de Cristo, aquele acontecimento, que devia dividir a história humana em duas partes: antes e depois de Cristo.
No império romano, era celebrado com grande solenidade o dia natalício do imperador. Aos poucos, prevaleceu de modo natural a necessidade de festejar também o nascimento do Messias. Foi preciso, portanto, fixar uma data. Na impossibilidade de encontrá-la nas Sagradas Escrituras, procurou-se uma carregada de valor simbólico. Para comemorar o nascimento do “Verbo que se fez carne” (Jo 1,14), nenhuma data parecia melhor do que 25 de dezembro.
Não porque fosse a mais provável: na verdade era sumamente improvável que o imperador, César Augusto, convocasse o recenseamento no inverno, pois, comportava longas e incômodas viagens para os seus súditos cumprirem a ordem de “registrar-se cada um na sua própria cidade” (Lc 2,3).
A data de 25 de dezembro era indicada por bem outro motivo. Antes da era cristã, havia no hemisfério norte uma grande festa pelo solstício do inverno: em todo o império romano, celebrava-se a festa do “deus Mithra”. Este era a encarnação do sol, o “sol oriens”, ou o “sol nascente”.
Em Mithra, adorava-se a astro-rei que, vencido e sepultado em cada anoitecer, ele era bastante forte e soberano para renascer em cada manhã, vivo, radioso e fecundante gerador de vida.
Com absoluta naturalidade, os cristãos transferiram para Jesus Cristo os atributos do verdadeiro “Sol oriens” e puseram-se a festejar a 25 de dezembro o seu sempre ântico e novo nascimento: o “Sol oriens”, Cristo, “luz, que brilha nas trevas” (Jo 1,5); “Sol nascente”, que “do alto nos veio visitar” (Lc 1,78); Aquele que é “a luz do mundo” ( Jo 8,12); “a ressurreição e a vida” (Jo 11,25), “o Caminho, a Verdade e a vida” (Jo 14,6).
Papa Francisco convida, neste tempo de Advento, a “armarem um presépio nas nossas famílias, nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos comerciais, prisionais, nas praças públicas, pois a gruta de Belém é a escola das mais altas virtudes humanas e cristãs.
Jesus, na manjedoura de Belém, lança, enfim, um apelo a encontrá-lo e servi-lo nos irmãos e irmãs mais carentes, necessitados e descartados. O Natal é a festa deles!”. Como Maria guardava todos estes eventos em seu coração (Lc 2,19.51), assim, nós também perante o presépio somos chamados a meditar e orar, pois o Natal é o alvorecer de um mundo novo de justiça, liberdade, amor e paz.
PADRE ERNESTO ASCIONE é missionário comboniano na Paróquia São José Operário, Serra.
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