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TRIBUNA LIVRE

Hidroxicloroquina contra a Covid-19 é uma decisão científica

| 14/04/2020, 06:55 h | Atualizado em 14/04/2020, 07:00
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna


“A pressa é inimiga da perfeição”, ensina o dito popular. Principalmente quando a vida corre risco. É compreensível que a sociedade cobre uma descoberta rápida de tratamento eficaz para a Covid-19.

Dentre as várias propostas, a cloroquina despertou a maior esperança por já ser usada em outras doenças, ser relativamente segura e ter baixo custo. Por que então seu uso não é liberado de forma ampla, incluindo casos leves?

Infelizmente, o problema ganhou ares de Fla X Flu, havendo gente contra e a favor. Não é assim que a ciência caminha.

Tanto a descoberta de novos medicamentos como a introdução de novo uso para medicamento já conhecido seguem regras já estabelecidas e testadas cientificamente.

Todo remédio também atua como veneno, se o uso for indevido. Remédios produzem benefícios e malefícios. Como resolver o dilema?

Há mais de 50 anos padronizou-se um método para se testar a segurança e a eficácia de medicamentos, o ‘ensaio clínico randomizado e duplo-cego’.

Resumidamente, consiste em experimento no qual os pacientes que vão receber o medicamento ou o placebo (mesmo comprimido, mas sem o remédio) são escolhidos por sorteio.

O duplo-cego decorre do fato de que nem os médicos nem os pacientes sabem se estão no grupo que recebe o medicamento ou o placebo. Os dois grupos são acompanhados da mesma forma, com registros dos efeitos benéficos e maléficos.

Ao final do experimento, os códigos são abertos e técnicas estatísticas são usadas para se verificar se o benefício foi maior do que o malefício. Outros protocolos mais simples e rápidos também podem ser feitos em caráter preliminar, mas seus resultados são mais frágeis, ou seja, não fornecem a segurança necessária para a tomada de decisão sobre o uso amplo de uma droga.

Apesar de vários estudos estarem em andamento, nenhum deles foi concluído até aqui. Tomar decisões com base em relatos individuais, mesmo de médicos, ou em estudos malconduzidos, podem aumentar desnecessariamente os riscos a que pacientes já estejam submetidos.

É certo, porém, que o uso desnecessário da cloroquina é maléfico porque produz efeitos colaterais que, mesmo sendo raros, são graves, como arritmias cardíacas que podem ser fatais.

Em presença de viroses, a febre e a inflamação do coração (miocardite), comuns na Covid, aumentam a instabilidade elétrica do músculo cardíaco, facilitando o aparecimento destas arritmias.

Aqui entra a responsabilidade das autoridades sanitárias e dos médicos.

O princípio maior da medicina foi cunhado por Hipócrates há mais de 25 séculos: primum non nocere (primeiro não prejudicar). Por isso, para se recomendar o uso de um medicamento há necessidade de se estar seguro de que ele não causará mais malefício do que a própria doença. A resposta será dada pela ciência, e não pela política.

José Geraldo Mill é médico e professor da Ufes, doutor em Farmacologia e coordenador de pesquisa do Hucam/Ufes.
 

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