Hidrogênio verde da Austrália
Coluna foi publicada nesta segunda-feira (27)
Leitores do Jornal A Tribuna
O Brasil deveria estar incentivando a produção de álcool, biodiesel e carvão vegetal com metas ambiciosas para substituir a gasolina, o diesel e o carvão mineral, e também produzir hidrogênio verde porque não teremos baterias para tantos carros elétricos, especialmente para veículos que precisam de grande autonomia.
A produção de hidrogênio, atualmente, utiliza gás natural, petróleo, carvão e eletrólise da água. Em 2008, representavam 48%, 30%, 18% e 4% da produção mundial de hidrogênio, respectivamente.
O termo hidrogênio verde é aplicado quando a eletricidade empregada na eletrólise da água para gerar hidrogênio é originária de fontes de energia renováveis como a eólica, a fotovoltaica e a hidrelétrica e, ainda, transportado sem depender de combustíveis fósseis ou prejudicar o meio ambiente.
Na Austrália, uma parceria inédita entre três grupos aborígenes tradicionais e um grande investidor em energia limpa está implementando um projeto de hidrogênio verde, com investimento de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 14,7 bilhões na cotação atual), na cidade de Kununurra.
A nova empresa, chamada Aboriginal Clean Energy, terá o maior projeto verde da Austrália. Essa região fornece luz solar, água limpa e energia renovável, os principais componentes necessários para gerar hidrogênio verde, que é extraído da água por eletrólise.
Para isso, serão instalados mais de um milhão de painéis solares que vão gerar 900 MW e que produzirá 50 mil toneladas de hidrogênio verde por ano. Estima-se que a necessidade anual de hidrogênio será de 200 milhões de toneladas em 2030.
Todo esse hidrogênio será usado para produzir amônia, utilizando-se, ainda, a energia hidrelétrica de uma represa no rio Ord. Estima-se uma produção de 250 mil toneladas de amônia verde, a ser utilizado como fertilizante agrícola sustentável, um grande esforço australiano para descarbonizar a produção agrícola. A produção mundial de amônia está em torno de 180 milhões de toneladas por ano.
A amônia será comercializada na própria Austrália e também para a exportação. O plano inclui a construção de um gasoduto de 120 km para transportar a amônia verde para o porto de Wyndham. A construção do complexo deve terminar no final de 2025, com o início da produção de hidrogênio no final de 2028.
Curiosamente, aportou no Brasil, a empresa Fortescue, uma das maiores mineradoras do mundo com sede na Austrália, que anunciou no início de novembro um investimento de US$ 5 bilhões (R$ 24,5 bilhões) em um projeto de produção de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará.
O projeto tem potencial para produzir 837 toneladas de hidrogênio verde por dia, utilizando 2.100 MW de energia renovável.
O projeto deverá criar cerca de 5 mil empregos durante sua fase de construção. O Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) já aprovou o Estudo de Impacto Ambiental apresentado pela Fortescue para a implantação da usina de hidrogênio verde e autorizou a emissão da licença prévia pela Superintendência Estadual de Meio Ambiente em outubro.
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