E agora, geração Z?
Leitores do Jornal A Tribuna
Decorridos mais de 18 meses desde o maior desafio de saúde da humanidade dos últimos 100 anos, a sociedade está retomando a uma certa rotina, e as pessoas, enfim, estão retornando ao convívio social. Um dos locais onde esse convívio e interação acontecem de forma mais intensa é, sem dúvida, o ambiente de trabalho.
O distanciamento social por razões sanitárias prejudicou, especialmente, aqueles que estão iniciando suas carreiras profissionais, um impacto muito intenso sobre trainees, estagiários e iniciantes.
Setenta por cento da chamada Geração Z, de jovens de até 24 anos, apesar de preferir realizar o trabalho remoto, entende que o home office pode impactar negativamente suas carreiras. Esse é o resultado de pesquisa do Linkedin com profissionais brasileiros sobre o futuro do trabalho.
Os participantes da pesquisa estão certos nessa percepção. O trabalho remoto é uma quebra de paradigmas nas relações de trabalho tradicionais, porém, os iniciantes precisam de orientação, de supervisão e, especialmente de interação, pois é durante esse processo que são observados, e, assim, são criadas as oportunidades para uma carreira.
Além disso, a ausência do contato presencial com profissionais experientes e líderes da empresa pode atrapalhar o aprendizado neste início de carreira.
Vale lembrar ainda que, na lida com as pessoas diariamente, o jovem tem a oportunidade de desenvolver as chamadas soft skill, que são habilidades comportamentais como comunicação, inteligência emocional, aprendizado contínuo, resolução de problemas e adaptabilidade. No levantamento da rede de relacionamento profissional, o prejuízo de desenvolvimento das soft skills no home office foi apontado por 72% dos entrevistados.
No ambiente virtual, por mais recursos que estejam hoje disponíveis, as análises ficam num perfil muito frio, pois o colaborador é avaliado tão somente por indicadores, sem a observação, sem a interação com as lideranças que podem impulsionar e gerar reais possibilidades.
Agora que o mundo todo segue no processo de retorno aos ambientes empresariais, uma nova janela de oportunidade se abre para a Geração Z. Um conselho ao jovem é que, sob nenhuma hipótese, insista na manutenção exclusiva do ambiente home office. Sem essa volta aos escritórios e empresas, podemos ter toda uma geração frustrada, por perdas irreparáveis em sua jornada profissional e pessoal.
Voltando ao passado, a História nos ensina que foi quando a humanidade começou a se “aglomerar” criando os grandes centros urbanos, que as carreiras se desenvolveram a partir das interações. Todo esse convívio foi o terreno fértil para o desenvolvimento de múltiplas especialidades, cadeias hierárquicas, mais negócios. Essa combinação produziu a nossa atual economia.
Nossos jovens precisam desse ambiente para prosperar em suas vidas profissionais, pois foram as gigantes redes colaborativas, construídas de forma consciente ou inconsciente nos grandes centros que se tornaram o motor do mundo empresarial.
GLAUCIO SIQUEIRA é professor, consultor de empresas, coordenador da Câmara Técnica de Empreendedorismo do CRA-ES e empresário.
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