Doenças graves descobertas em uma visita de rotina ao dentista
Leitores do Jornal A Tribuna
Quando se fala em saúde bucal, é incontestável a importância do profissional de Odontologia, seja para tratar doenças da boca e dos dentes, corrigir desajustes, devolver sorrisos e orientar boas práticas de higienização e prevenção de enfermidades.
O papel do dentista, contudo, ainda vai além de todas essas atribuições e desponta como aliado importante na detecção precoce de doenças que ultrapassam os problemas dentários.
Durante um check-up odontológico, o dentista analisa o estado geral dos dentes, mas também da língua, da gengiva e tudo que envolve a cavidade oral. Além das patologias ocasionadas, muitas vezes pela má higienização, um exame detalhado na cadeira do dentista pode ser o primeiro sinal de alerta para a identificação de doenças mais graves, como as autoimunes, câncer de boca, HPV, sífilis e outras.
Entretanto, ao mesmo tempo que se enfatiza a importância das visitas regulares ao dentista, nos deparamos com uma realidade preocupante.
Em março deste ano, após um ano de pandemia de covid-19, membros da Federação Dentária Mundial (FDI) classificaram como “desastre odontológico” as consequências nocivas na saúde bucal da população mundial devido às restrições impostas pela crise sanitária, que resultaram no fechamento de consultórios dentários.
Só para se ter ideia, com a pandemia, o número de consultas odontológicas no Brasil apresentou uma queda de 80% na rede pública, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Após a reabertura, ainda que gradativa e seguindo todas as normas de segurança, muitos pacientes evitaram as consultas regulares ao dentista. Alguns por medo do coronavírus, outros por conta de problemas financeiros, responsáveis, inclusive, pela suspensão e adiamento de vários tratamentos importantes.
No dia 25 de outubro foi comemorado o Dia Nacional do Dentista. A data, sem dúvidas, celebra os avanços da Odontologia, mas também reforça a necessidade de se combater o retrocesso resultante da dificuldade de acesso aos serviços odontológicos e também do desconhecimento que leva tantos a ignorar os cuidados com a saúde bucal, que inclui, impreterivelmente, consultas regulares ao dentista.
A criação e flexibilização de políticas públicas que facilitam e ampliam o acesso aos serviços de saúde são fundamentais para reverter esse cenário desastroso.
Um outro debate que vem ganhando força é acerca da odontologia hospitalar e a importância da atuação do dentista dentro dos hospitais, inclusive nas UTIs. O conjunto de atividades desempenhadas por este profissional contribui para a melhora da saúde geral e da qualidade de vida dos pacientes hospitalizados.
Felizmente, essa discussão vem se ampliando. Em meio à busca pelos avanços e combate aos retrocessos, o objetivo maior é promover a saúde de forma integrada e eficaz à população. Sem brechas, rupturas ou fragmentos. E isso só se alcança quando cada área de atuação recebe a prioridade que merece.
BEATRIZ COUTENS é odontologista oncológica.
SUGERIMOS PARA VOCÊ:
Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna